Fazem longos minutos em que Ylva continua a chorar. Agda está sentada, visivelmente irritada por ter sido retirada de seu sono. Fenrir está sentado ao seu lado. Com os cotovelos por cima dos joelhos e cabeça baixa. Igualmente cansado. Ylva está em meus braços, balanço-a gentilmente de um lado para o outro tentando acalmá-la, mas sua angústia parece inabalável. A frustração começa a crescer dentro de mim . Estou ficando sem opções. Pensativa eu digo a todos do comodo:
— '' ela não está com fome, não está doente, não está suja... eu não sei mais o que poderia ser!''
Agda então levanta a cabeça e me observa em quanto diz:
— '' bem, talvez ela esteja sentindo falta da mãe dela. O que foi? Você achou mesmo que ela iria te aceitar assim de imediato?''
Após ouvi-la, sinto uma estranha dor em meu peito. Minha avó pode ter razão. Eu não sou a mãe dessa criança, mas... sua mãe está morta. Fenrir, se levanta de seu assento e esfrega os olhos com as duas mãos. Frustrado, diz:
— '' eu vou voltar para a cama.''
Com passos pesados, o lobisomem se levanta da cama e segue em direção ao nosso quarto. Sou deixada com a minha avó, em quanto Ylva continua a chorar. Não consigo evitar a não ser olhá-la com uma expressão preocupada. Eu me viro para a minha avó e pergunto:
— '' mas o que eu deveria fazer?''
Com um sorriso irônico, minha avó se levanta do assento e diz:
— '' faz o S de Se vira. Foi assim que eu aprendi a ser mãe.''
Ela se afasta, indo para o próprio quarto, rindo da própria piada, deixando-me sozinha mais uma vez. Olho para Ylva, ainda soluçando em meus braços, e sinto uma onda de desespero tomar conta de mim. Com um sussurro trêmulo, digo:
— Me desculpa, mas... eu não sei como cuidar de ti...
Mais alguns minutos se passam, e o cansaço começa a me dominar novamente. Ylva, nos meus braços, também dá sinais de estar finalmente cedendo ao sono, exausta de tanto chorar. Um alívio suave se espalha pelo meu peito, e sinto que talvez, finalmente, possamos descansar um pouco.
Com passos cuidadosos, volto para o quarto. Fenrir está deitado, sua cabeça afundada no travesseiro, o corpo coberto até a cintura. Com delicadeza, coloco Ylva ao seu lado e me deito logo em seguida, puxando as cobertas sobre nós duas. Solto um suspiro de alívio ao sentir a suavidade do travesseiro contra minha cabeça. Mas antes que eu possa me entregar ao sono, a voz grave de Fenrir quebra o silêncio
— Eu disse que não era uma boa ideia.
O tom dele é firme, mas sem raiva, apenas constatando o que já havia previsto sobre Ylva. Fecho os olhos por um instante e esfrego o rosto com ambas as mãos, sentindo o peso das palavras dele. Talvez ele tenha razão, mas não posso deixar de responder.
— Não era isso que eu queria... Eu só queria evitar que algo de ruim acontecesse com ela.
Fenrir continua em silêncio, mas sei que está escutando cada palavra. Tento encontrar a coragem para expressar o que realmente sinto.
— Sou jovem demais para ser mãe. Eu... gostaria de ser, mas... não agora.
Ele se vira na cama para me encarar, seus olhos sérios fixos nos meus.
— Precisas encontrar alguém para ficar com ela
As palavras de Fenrir ecoam em minha mente, e eu as mastigo lentamente, sentindo o gosto amargo da verdade que carregam. Sei que ele está certo. Não tenho condições de cuidar de uma criança. Ela, tão frágil e inocente, estaria mais segura com outra pessoa... ou melhor ainda, com a própria mãe. Mas essa possibilidade foi cruelmente arrancada dela. O pensamento da mãe da menina, de sua vida brutalmente tirada, me assombra.
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Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)
VlkodlaciBaseada no conto da Chapeuzinho vermelho... Astrid é uma jovem garota que viaja pelas frias terras nórdicas a caminho da casa de sua avó, Porém o caminho é traiçoeiro há perigos no fundo Da floresta e o lobo mau passeia aqui por perto...