capítulo 32

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Cecília.

A palavra filho rodava a minha mente me torturando, não era possível.

Talvez ele estivesse falando isso por maldade, me fazendo me culpar por ter fugido.

Tudo bem que eu e James não usamos preservativo, mais eu tomo anticoncepcional a anos, não sei se é possível.

Não que não seja, mas a única coisa que sei é que tudo isso é uma grande merda.

Sai dos pensamentos e começo a observar o que os caras faziam.

Um dos três caras vem até mim tiramos a correntes da parede, mas não do meu braço, nem perna.

Aquilo estava apertado, e machucava, fazendo eu mal conseguir mexer as mãos.

Inclusive o tiro que levei na perna, foi só de raspão, mas estava sangrando bastante, o chão que perna estava encostada, estava com uma poça de sangue.

Ele prede as correntes em um poste me fazendo ficar com a cara encostada no poste e as costas livres, enquanto um termina de prender a corrente.

O outro pegou uma tesoura e corta a parte de trás da camisa que eu usava, me deixando apenas de calcinha.

Sinto a vergonha e o desespero tomar conta, não sabia o que Kevin mandou eles fazerem, mas coisa boa com certeza não era.

Um deles puxa meu cabelo para trás, me fazendo olhar em seu rosto.

- Prometo que vai doer bastante.- ele fala e solta minha cabeça com força, fazendo a mesma bater no poste.

Minha cabeça toda começa a doer, e a girar.

Escuto o estralo, e aí eu descubro o que era.

Um chicote...

E sem demora a primeira chicoteada atinge minhas costas, me fazendo gritar de dor, e às lágrimas já começarem a descer em disparada.

Outra chicoteada, depois outra, e depois mais outra.

Até que não aguento mais e apago, perdendo as contas de quantas chicoteadas, eu havia levado.

Acordo sentindo como se todo meu corpo estivesse quebrado, não consigo me mexer, do mesmo jeito que me deixaram eu fiquei.

Continuava naquele lugar horroroso, deitada no chão frio, sem roupa, com apenas um lençol jogado encima de mim.

Tento me mexer, mas a dor em minha costa não deixa, então fico quieta.

Escuto a porta abrir, mas não me viro para olhar que era.

- Olha o que vocês fizeram seus animais.- escuto uma voz esbravejar.

Eu conhecia aquela voz de algum lugar.

Arthur, era Arthur...

- Só cumprimos ordens senhor.

- Vocês quase a mataram seus idiotas, pegá-la, vamos levá-la para cima, e cuidar disso.

- Mas...

- Mas nada, façam o que eu mandei, ou vai ser a cabeça de vocês que vai rolar.

Apago novamente.

Acordo me sentindo em um lugar macio, uma claridade atrapalha na hora que vou abrir os olhos.

Quando finalmente consigo, vejo que estou no quarto em que estava antes.

Me sento na cama passando as mãos no cabelo os colocando para trás.

Vestia uma calça de moletom grande e uma camiseta masculina.

Vejo a porta sendo aberta e observo, quando Arthur entra com uma bandeja e a fecha em seguida.

- Como você se sente?- pergunta vindo até mim e colocando a bandeja na minha frente, com um prato de sopa.- Ana disse que você perdeu muito sangue, e que uma sopa podia ajudar.

- O que você faz aqui?- pergunto, ele não venha dar um de bom moço, por que nos sabemos o que ele tentou fazer.

- Te ajudar, meu pai passou dos limites.

- Pai?

- Sim, infelizmente.

- Você sabe o que você fez, ou melhor, tentou fazer, então por que está aqui tentando me ajudar?

- Desculpa, desculpa de verdade, eu não queria ter feito o que fiz.

- Mas fez.- falo cruzando os braços.- E seus desculpas não vai mudar o que aconteceu.

- Eu sei, só quero te ajudar a sair daqui, as coisa não eram para ser desse jeito.- ele fala olhando nos meus olhos, de certa forma, parecia estar sendo sincero.

Mas não confiaria demais, de boa intenção o inferno está cheio.

- Então vocês já vem planejando isso a um tempo?

- Sim, na verdade, eu não tenho muita coisa a ver com isso, mais meu pai sim, ele que planejou isso, aproximadamente três anos, dês que meu avô faleceu.

- O que ele quer com tudo isso?

- Logo você vai saber, acho melhor você comer, ou então terei que chamar a Ana.

- Quem é Ana?- pergunto pegando a colher.

- Uma médica, amiga minha, ela veio cuidar dos cortes na suas costas, e ver se estava tudo bem com a sua perna, você perdeu bastante sangue, por sorte ela trouxe três bolsas de sangue que foram compatíveis com o seu.- ele aponta para meu braço, e só assim vejo o curativo.

- Certo, e o bebê?- isso era estranho.

Ele me olha com um olhar triste e preocupado.

- Ele... Bom ele não resistiu.- fala e engole seco.

Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha, a seco rapidamente.

Eu nem sequer pude descobrir direito e me acostumar com o fato de que podia ter um bebê dentro de mim.

Seria um fruto do meu amor com James.

- Ele era muito novinho, então você se esforçou correndo no meio da mata, e a acreção contribuíram com a perda dele.- ele fala por fim.

Estava magoada, e com uma vontade imensa de me afogar em lágrimas, mas talvez não fosse pra ser.

Talvez esse não seja o momento certo para temos um bebê.

Dou uma colherada na sopa, e o não tinha gosto de nada.

- Isso aqui não tem gosto, quero algo gorduroso.- Falo colocando a colher do lado da sopa.

- Como toda a sopa, que depois eu compro um lanche para você.

- Eu não sou uma criança.

- Coma, ou nada de lanche.- ele fala tentando dar um de autoritário.

Pego a colher e começo a comer novamente, até que termino de comer tudo.

Arthur ficou o tempo todo me olhando comer, seu olhar sobre mim me incomodava.

Não o queria perto de mim, ele pediu desculpas ok, mas isso não quer dizer que vamos ser amigos.

Coloco a bandeja na cama para que o mesmo possa pegar, e me deito.

- Muito bem, no jantar trago seu lanche.- ele fala se levantando e pegando a bandeja.

- Obrigada!

Ele acena com a cabeça e se vira para sair, mas antes me olha mais uma vez, antes de falar.

- Não se preocupe, James está vindo tirar você daqui.- ele fala e sai pelo porta, me deixando sozinha.

E agora eu tinha um pingo de esperança, James viria, e me tiraria desse lugar.

...

James Miller Onde histórias criam vida. Descubra agora