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POV. S/N TORRES
Bufo frustrada, eu não consigo me concentrar na merda da lição! Pauso o video no computador, e analiso o caderno. A folha está em branco, merda!
- Boa noite, S/n. - Minha "irmã" entra no quarto.
- O que você quer, Dawn? - Pergunto me virando pra ela.
- Meu pai está te chamando pra jantar, disse pra você descer agora. - Suspiro pesadamente.
- Eu estou estudando agora... - Murmuro baixo. Ela dá de ombros e saí do quarto. Deixo o caderno ao lado do computador, e me levanto, coloquei meus chinelos nos pés e saí do quarto. Fui em direção a cozinha. - Boa noite senhor e senhora Stevens... - Me junto a mesa com eles.
- Já dissemos que pode nos chamar de mãe e pai, afinal, vamos adotar você, então precisamos que você se sinta confortável. - Isabella fala. Dou um sorriso fraco, decidindo ficar quieta.
- Você não teve nenhuma recaída nessa última semana, está indo muito bem! - Henry diz.
- Eu estou tentando ocupar bastante a cabeça, quando estou ocupada não tenho tempo para pensar. - Mexo o garfo no prato, não sentindo nenhum pouquinho de fome. Mesmo sem querer, levei uma pequena quantidade de comida até a boca, sentindo um pequeno enjôo automaticamente. Vamos S/n, você consegue.
Comi em silêncio, tentando não vomitar na mesa. Sentia o olhar de Dawn em mim, me fazendo estremecer. Será que ela sabe que o olhar dela me mata?
Terminei de comer e levei o prato até a pia. Andei para a sala e subi as escadas devagar, até que não estivesse mais na visão deles, e então corri para meu quarto, entrei no banheiro sentindo meu estômago se revirar. Logo aquele gosto horrível estava passando pela minha garganta. Me sentei no chão, me sentindo fraca novamente, me sentindo horrível, e terrivelmente culpada.
Eu vivia em um orfanato, mas não de pequena, cheguei lá quando tinha 13 anos, hoje tenho 17. Eu acabei indo parar lá quando meus pais faleceram, em um acidente, que foi por minha causa. Eu havia aprontado, como uma criança normal faz, e eles começaram a discutir por minha culpa, pois um queria me castigar, e outro não. Meu pai dirogia o carro, enquanto discutia com minha mãe, e eu estava atrás, ouvindo e me culpando. Ele bateu o carro contra um caminhão, eu sobrevivi por pura sorte, um pouquinho mais forte, e eu teria morrido também.
Depois disso, eu fui parar no orfanato, estava um pouquinho mais alegre por conhecer outras pessoas, mas nem tudo é como filme ou novelas. Todos ali me rejeitaram, todos me jogaram para o canto, tanto no orfanato, quanto na escola, ou em qualquer outro lugar que eu fosse. Foram o total de 7 tentativas de suicídio, pesado, né? Não, pesado é o peso que eu carrego nas costas até hoje, por me culpar pela morte dos meus pais. Eu sempre fui obrigada a frequentar a terapia, sempre fui sincera quanto ao que sinto, e nunca escondi nada da minha terapeuta. Desde a culpa, até a paixão pela Dawn.
Quando os Stevens foram no orfanato, eles me escolheram simplesmente por eu ser a única afastada de todos ali, eu estou a 1 mês com eles, tadinhos, tiveram que ver uma de minhas recaídas. Mal percebi quando comecei a chorar.
- S/n? - Ouço Dawn no corredor. Me levanto devagar, dando descarga no vaso, e pegando minha escova de dente no armário, e colocando pasta na mesma.
- Entra! - Grito do banheiro, começando a escovar os dentes. A porta se abriu, e logo Dawn estava encostada na porta do banheiro.
- Você está bem? - Assinto, olhando-a pelo espelho. - Eu sei que não nos damos muito bem, mas ver que você está afundando novamente, me deixa preocupada... - Foi ela quem me encontrou jogada no meio do quarto, com caixinhas vazias de remédios em volta de mim.
- Eu estou bem, Dawn, não se preocupe. - Ela sorriu minimamente e me abraçou por trás, me fazendo estranhar, é a primeira vez que ela me abraça, desde que cheguei aqui. - Eu acho que você quem não está bem. - Limpei a boca. - O que você queria?
- Nada, eu só senti que você precisava disso, então... Estou aqui. - Me virei, ela sorriu fraco, me abraçando novamente. - Você permite que eu te ajude?
- Por que iria me ajudar? - Ela me encara por alguns segundos e então me da um selinho rápido, me deixando completamente surpresa e em choque.
- Apenas aceite que eu te ajude a passar por tudo isso, prometo que não irá se arrepender!
