Revelações

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Nota: Textos em itálico são flashbacks

O cheiro das folhas misturado a abóboras ecoava no ar, as casas e estabelecimentos de Nix com decorações de caveiras, decalques de fantasmas, nas ruas morcegos pendurados e nas portas, abóboras com várias expressões e velas dentro. As crianças voltavam fantasiadas da escola ou até pra passear pela rua e os adultos se preparando para...

— Gostosuras ou Travessuras. — Quatro crianças fantasiadas sorriram estendendo os baldes em forma de abóbora sorridente. — Ahhhhhhhh... — As crianças gritaram de medo quando Lua surgiu de dentro de um caixão, cheia de olheiras e com espuma na boca, como se tivesse tido uma convulsão.

— Feliz Halloween. — Quando Lua pegou a tigela de doces, as crianças riram junto com elas, a coruja voou em direção às crianças que olhavam encantadas, faziam carinho. As mais variadas e fofas fantasias, desde um pirata bem arrumado a um simples fantasminha usando lençol com dois buracos para os olhos. Do lado de fora, havia uma festa onde as crianças e os adultos formavam uma roda e dançavam, ela aproveitou pra fechar a loja e curtir a festas, tirando as lentes e maquiagem. As crianças puxaram Lua segurando a mão dela, dançando com os pequenos, a coruja voava ao lado rodeando—as.

Aos poucos conseguia se reestabelecer, não ganhava muito, mas conseguia se manter e não era muito luxo, na verdade era muito simples. Por isso, um dos motivos é que usou um pouco mais do dinheiro que tinha e montou uma sala de aula, ensinando desenho as crianças da pequena cidade de Nix, embora no começo fosse um projeto voluntário, o gasto de material ficava maior conforme evolução, então uma ajuda de custo mais o trabalho das horas ensinadas por Lua. O preço variava conforme o estilo de arte fosse aprimorado pelo aluno, fosse de desenho no papel, pintura em quadros e até pintura digital.

Tanto Lua quanto Sol poderiam morar em um lugar mais confortável, mas por amor que tinha aos seus falecidos pais humanos, era a única lembrança que tinha com dois, e cuidava com muito carinho. Diferente da gêmea, o loiro não tinha "crime" algum e poderia voltar a hora que quisesse, porém, gostava mais daquele clima humano, aquela paz na pequena cidade, o sossego na cabana isolada o que lhe deu oportunidade de trabalhar com o que gostava. Gastronomia.

A rotina foi calma nesses últimos dias, trabalhava e casa, e quando havia festas, frequentava. E era onde estava no momento.

Buddha e Hércules também aproveitaram pra curtir também, odiavam as festas dos Deuses e os doces humanos atraiam a Divindade Budista, o que foi a chance perfeita pra participar de Doces e Travessuras, segurando um balde em forma de abóbora enquanto se esbaldava nos doces. Já Hércules, levantava as crianças penduradas em seus bíceps, se divertindo com a alegria delas.

— Não tem risco de alguns dos lá de cima terem seguido vocês?

— Nah! Eles sabem que eu desço em datas festivas. — Buddha comeu uma barra de chocolate. — E o Hércules sempre andou com humanos mesmo, ele era um... Lembra? A gente se disfarçando de crianças pra brincar de doces ou travessuras?

— Bons tempos. — Buddha Riu. — E você como sempre enchendo a cara de doces. — Melhor que tu que enche a cara de bebida. — Rebateu.

— Que patada. — Lua acabou batendo palmas apesar da patada de Buddha, não levava essas coisas muito a sério. — Uma coisa é boa, pelo menos a gente não perdeu a zoeira. — É cerveja amanteigada, ela é doce. — Ofereceu. — Tem uma barraquinha com receitas de Harry Potter aqui, aproveitei.

— Te conheço bem, pode ser doce. — Buddha riu. — Mas você é chegada em uma birita, você ficava furtando as uvas do Dionísio.

— Mas você deixa de ser sonso. Nós furtávamos. O senhor e eu, as vezes o Loki e o Adamas. — Ela deu uma risada. — É... Bons tempos...

Entre o Mar e a NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora