Turbilhão de Memórias - Parte Um

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O eco de uma cantoria era ouvido no meio da noite escura e fria, era como um coro feminino cantando em harmonia, mas, aquilo não era bem algo bom, pois Poseidon ouvia gritos e galopes de cavalos, a coruja de olhos estrelados voou em sua direção e atrás dela se via uma silhueta com pontos brancos por todo o corpo, como se fossem estrelas, o grito soou mais alto seguido do sangue que jorrou pintando a escuridão de vermelho, o som de metal que penetrou o corpo da Medusa com o tridente. Uma risada grave foi ouvida e dois grandes olhos dourados surgiram ali acompanhados de um sorriso cheio de caninos.

— Hmm... — As garras da criatura ofídica penetraram seu peito, o jogando longe formando uma trilha de sangue.

Alucinações... Lembranças que viam a sua cabeça misturadas com as alucinações da sua mente que o faziam pensar na noite que matou Lua.

A mesma estava ali agora cuidando dele junto a Sol, tentando curar os novos ferimentos que surgiam e isso parecia que não iria parar. O cervo observava a tudo deitado em um canto.

O Tirano dos Oceanos sentia um calor, como se estivesse perto do fogo a ponto de suar e com a respiração ofegante, estava semiacordado onde só se via a silhueta de Lua esquentando um objeto perto da lareira enquanto a coruja de olhos estrelados o encarava de perto, uma faca. Perguntava-se o que ela estaria fazendo, ela o mataria de uma vez ou o torturaria? Quais seriam seus métodos pra acabar com o Deus dos Mares?

Nenhum... Pois Lua se ajoelhou perto dele encostando a lâmina quente em um recente ferimento do peito do loiro.

— Hmm... — Poseidon emitiu um leve gemido, a alta tolerância a dor não a impediu de amarrar seus pulsos e pernas nos pés da mesa de centro, ele encarou brevemente o rosto dela, uma visão comum que foi tomada por uma visão rápida e ensanguentada, com o rosto cheio de cortes e os olhos sem vida.

— No que está pensando agora... — A voz soou calma e demoníaca de sua boca enquanto mantinha um sorriso no rosto, mas era mais uma alucinação e o que Lua tinha dito era: — "Não desmaia agora".

Apesar de o método parecer desumano, serviu para cauterizar o ferimento além do que a ex Divindade Celestial da Noite tinha uma ideia. A queimadura serviu para confirmar sua hipótese com a criatura na mente de Poseidon se afastando com as garras queimadas, o urro de dor soou na cabana.

— Ele ainda está sob o efeito de Morfeu. — A de cabelos brancos falou ao gêmeo. — Noite, mande uma mensagem ao Hades. — Pediu a coruja enquanto amarrava um pedaço de papel em sua pata. Em seguida, a ave levantou as asas voando janela afora.

— Isto é completamente inútil. — Sol bufou. — Não importa quantas vezes o curemos, o problema está na cabeça dele.

— Neste momento, o maior inimigo que o Poseidon enfrenta é ele mesmo. — Lua suspirou. — Lembranças de sua mente... Medusa, Deméter... Agora Anfitrite. — Apoiou a cabeça na mão. — Por mais que ele tente manter essa máscara de frieza, foi uma recente mudança na vida dele. E o Morfeu tá se aproveitando dessa desestabilidade.

— Sei aonde quer chegar com essa conversa toda. — A Divindade Celestial do Dia cruzou os braços. — Eu concordo em partes com essa sua ideia, sim, o jeito é entrar na cabeça do Poseidon, mas quem vai fazer isso sou eu. — Repousou uma das mãos sobre o ombro da gêmea.

Os olhos dourados do Serafim reviraram, a visão embaçou até trazer um cenário tom cinza.

 Está perfeito...

Ouviu a voz, junto ao som forte de algo semelhante a chuva caindo.

Se afastou de Lua, a mesma continuava de costas.

Entre o Mar e a NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora