Laços

63 4 0
                                    


Hades bloqueou com o bidente o golpe do tridente de Poseidon que veio em sua direção, as faíscas surgiram e dissiparam rapidamente, o Deus do Submundo em um rápido movimento repeliu a arma do irmão mais novo, em uma investida para ataca-lo, porém, o loiro se se esquivou jogando o corpo para o lado, aproveitando a brecha para acertar o tridente em suas costas, o de cabelos brancos foi mais rápido e girou o corpo ficando frente a frente com o Tirano dos Oceanos, bloqueando o ataque.

Os pés do mais velho se arrastaram levando o corpo levemente para trás, no qual o mais novo usava disso e tomou impulso, puxando o tridente para baixo trazendo consigo sua arma, novamente a guarda de Hades estava aberta e as costas vulneráveis, ou assim ele queria que pensasse, o mesmo se jogou para frente em uma cambalhota sem se render a dor quando a lâmina tripla raspou em seu braço, usando da própria estratégia de Poseidon para atacar por baixo o derrubando com uma banda aproveitando para se levantar, agarrou o cabo do bidente e pisou sobre o peito exposto do irmão mais novo, fazendo uma leve pressão com o pé enquanto apontava o sua lança perto de seu rosto.

— Fim de jogo, irmão. — O Deus do Submundo sorriu.

— Tsc. — Poseidon virou a cara, contrariado pela derrota.

— Ora vamos, não faça essa cara. — O mais velho estendeu a mão em direção ao loiro. — Você se saiu bem. — O ajudava a se levantar. — Vamos fazer uma pausa e tomar um vinho?

— Tanto faz...

Os servos do Submundo estiveram à disposição das duas Divindades com duas bacias cheias de água e toalhas, lavando mãos e rostos eliminando os traços de sujeira e suor, isso de fato dava certo alívio a Poseidon que detestava ser visto depois de uma batalha, embora nunca fosse ferido por um oponente, o contato do sangue dos outros em sua pele era algo que só de pensar, dava ânsia ao Tirano dos Oceanos.

Sentados na varanda tendo como vista um cenário tenebroso do inferno, embora o castelo do Submundo fosse elegante assim como Hades, infelizmente o inferno deveria ser assustador, e de fato Poseidon estava acostumado a ver essas coisas.

— Essa safra é muito boa. – O Deus de cabelos brancos sentiu o aroma das uvas de Dionísio exalar do vinho, saboreando o gosto doce da bebida. — Quanto mais velho um vinho, melhor. Que falta faz a Perséfone...

Aquela era a época do ano em que a Deusa da Primavera ficava metade do ano com sua mãe Deméter.

— Lá vem você com mais uma de suas choradeiras. — Poseidon deu de ombros, bebericando um gole de vinho.

— Você não sabe a sorte por ter alguém pra ficar ao lado todos os anos. — O Deus do Submundo brincou, percebendo o dar de ombros de Poseidon. — Tudo bem que você não é de falar muito, mas está mais quieto que o normal, o que está acontecendo?

— Nada!

— Poseidon!

— Não tem nada acontecendo, está bem? — O loiro insistiu. — Está tudo normal e perfeito como sempre foi e deve ser. — O olhar do mais velho estava me incomodando, a sobrancelha levantada e o bater de dedos sobre o vidro da mesa. — Francamente, o que você quer ouvir? Que a Anfitrite e eu brigamos porque ela insinuou que eu gosto da Lua? — Suspirou, falaria qualquer coisa para se livrar daquele olhar questionador do irmão. — Só porque eu estava relendo uma coleção favorita de livros dela, eu nem percebi. Só estava a fim de me perder na leitura, só isso...

— Pra perder tempo me explicando esse tipo de coisa é porque tem um fundo de verdade nisso. — O mais velho achou graça.

— Até você? — O Deus dos Mares apertava a haste da taça. — Vocês tiraram o dia pra testar a minha paciência...

Entre o Mar e a NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora