Perigo Ardente - Série Lobos De Lakeville Livro 4

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Amélia se sentia tensa com a ideia de uma reunião com o supremo alfa que pelo que Hunter falou era alguém mais poderoso que seu alfa, ficou claro para ela que seus conhecimentos sobre lobos era completamente leigos. Havia tanta coisa que ela não sabia sobre o funcionamento de um bando, a hierarquia entre os lobos. E pior ainda tantas coisas que ela não sabia sobre ela mesma. Amélia se sentia despreparada e completamente impotente diante de toda aquela situação.

Cansada e aflita Amélia simplesmente parou de acompanhar as outras mulheres na corrida matinal pela mata e se sentou irritada no chão úmido, chutando algumas pedrinhas para longe ela ficou sentada ali até que alguém notasse sua falta.

- Algum problema?- Anne se aproximou dela se sentando ao seu lado.

- O que houve?- Sofie se juntou a elas.

- Eu preciso de uma aula de verdade!- Amélia declarou frustrada. -Andar pelo campo não está me ajudando.

- Eu sinto muito Amélia, isso é o que fazemos com os filhotes nós deixamos que eles se conectem sozinhos e ao seu tempo com seus lobos.- Sofie explicou com um olhar gentil.

- Eu não sou uma criança.- Amélia rebateu não se sentindo exatamente uma adulta naquele momento.

- Nenhuma de nós é, Amélia eu entendo como se sente de verdade. Quando comecei a mudar eu fiquei assustada, a primeira vez que me transformei foi em um completo impulso eu sequer sabia o que estava fazendo eu só queria ir até o Adam.- Anne comentou em um tom compreensivo. - As próximas vezes foi mais difícil eu tinha consciência do que estava fazendo e o medo de não conseguir voltar cresceu em meu peito.

- Talvez seja disso que você precisa Amélia.- Sofie declarou de repente como se tivesse pensado em algo genial.

- Do que?- Amélia questionou desconfiada.

Anne sorriu para Sofie com um olhar de cumplicidade como se já tivesse entendido todo o seu plano.

- Quando eu fiquei com medo das transformações e de não conseguir voltar Adam me acalmou, ele ficou ao meu lado e foi o único que pode me fazer me sentir segura.- Anne explicou.- Você precisa do Hunter.

- Do Hunter?- Amélia repetiu ainda confusa.

- Eu também acho que esteja na hora de você se transformar Amélia, eu não quero te precionar a nada. Mas acredito que a única forma que você tenha de finalmente se entender é ouvindo sua loba e não apenas a trancando em uma jaula dentro de você.- Sofie completou com um sorriso tímido.

- O Hunter pode estar com você durante todo o processo e te ajudar.- Anne sugeriu animada.

- Eu duvido que ele se negaria se você pedisse.- Sofie concordou.

- Você não precisa ter medo de não voltar, não vai ficar presa naquele corpo nunca mais.- Anne garantiu. - Seu companheiro vai estar ao seu lado o tempo todo.

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Amélia passou a manhã inteira considerando as palavras de Sofie e Anne, ela  ainda não se sentia segura em enfrentar seus medos. Havia um motivo pelo qual Amélia evitava deixar sua loba sobe a superfície, ela nunca havia aprendido a controlar. Ela também nunca teve alguém que a ensinasse.

Ela se lembrava da mordida, da dor agonizante e de como as próximas semanas haviam sido cheias de dor e febre. Ela se lembrava das outras pessoas agonizando em camas próximas a sua, de como todos pareciam cobertos por um líquido preto que expeliam pela boca. Theo estava tão feliz, a garota que ele havia escolhido tinha sido uma das únicas a sobreviver. Ele disse que ela estava pronta para a próxima fase, ele prometeu que iria a despertar. E então ele começou a bater, pequenos testes  para testar a forma como seu corpo se curaria.

Tudo isso sendo vigiado de perto por uma espécie de curandeiro cientísta que todos pareciam respeitar, Theo dizia todos os dias sobre como eles queriam a acordar. Com as agressões e os rituais onde eles a amarravam a luz da lua, sempre sussurando sobre como ela era linda e como ela era sua companheira. Até que ela começasse a se resentir daquela palavra, até que ela finalmente acordasse. O que até havia deixado Theo orgulhoso enquanto assistia seu corpo mudar, mas ele nunca achou que ela fosse o atacar de volta.

Amélia como humana era fraca e amedrontada, submissa as suas torturas mas a loba dela era feroz. Violenta e selvagem nem mesmo Theo pode a segurar quando o animal se rebelou contra as correntes. Sua loba havia conseguido ferir Theo de uma forma voraz, cegando um de seus olhos e correndo para longe o mais rápido que pode. Nenhum dos sentinelas pode a segurar, todos eram lobos doentes e descontrolados mas só ela era uma recém criada nova.

Ela nunca soube por quantos dias ela correu, ou quantos lobos havia despistado durante o caminho. Ela se lembrava do ataque de alguns mas nenhum nunca conseguia a tocar, Amélia era rápida e eles a queriam viva. Amélia se lembrava de tentar sentir suas mãos e pés de volta, ela queria retornar ao seu corpo e parar de correr. Mas nem mesmo a exaustão fazia sua loba parar, a fera acreditava que Amélia não podia se cuidar sozinha e que Amélia mataria a ambas se assumisse o controle.

Amélia estava de novo presa, desse vez dentro de si. Quando o controle de seu corpo retornou ela acordou em um córrego, nua machucada e com frio. Sem ninguém por perto e aterrorizada, ela jurou que nunca mais se sentiria assim de novo. Prometeu a si mesma que nunca mais deixaria alguém se apossar de sua alma.

- Amélia?- Hunter surgiu de repente em sua frente acariciando seu rosto. - Por que está chorando?

Ela gostaria de lhe dizer que não havia percebido as lágrimas escorrendo por seus olhos, mas tudo que ela pode fazer foi se aconchegar contra ele. Ela se agarrou em Hunter, seu companheiro. Seu companheiro de verdade que jamais a machucaria como Theo fez um dia. Amélia talvez nunca confiasse em si mesma, mas ela confiava cegamente em Hunter. Talvez aquele fosse o amor que Nora tentou alertar que ela sentiria.