- Como a Amélia está?- Sofie perguntou preocupada.
Hunter havia procurado refúgio na casa de sua prima assim que as coisas haviam se acalmado em casa e Amélia pegou no sono, bastou uma breve explicação para Sofie dos últimos acontecimentos para que a fêmea se preocupasse com sua companheira.
- Eu dei um calmante para ela e então ela dormiu.- Hunter disse se sentindo esgotado.
- Você a dopou?- Sofie questionou com um olhar ofendido.
- Ela me pediu algo para dormir, eu não pude negar.- ele se defendeu.
- Perdão, sabe como eu odeio esses comprimidos.- Sofie comentou constrangida.
- Eu sei, desculpe.- ele deu de ombros.
- Céus, isso tudo é tão difícil de engolir.- sua prima resmungou voltando ao assunto.
- Eu não consigo parar de me sentir culpado. Não só por Amélia mas também por Jason, se eu tivesse apenas o criado como meu filho ele nunca seria associado aquele verme.- Hunter expressou deixando sua dor exposta.
- Você o criou como filho Hunter, Jason sempre foi seu filho.- ela o consolou com um olhar gentil. - Você apenas quis que ele conhecesse o pai biológico, que tivesse um rosto para associar. Você escolheu não mentir.
- Mas eu poderia facilmente ter apagado esse vínculo, você sabe mais do que ninguém como tudo teria sido mais fácil para todos.- ele continuou sentindo o seu arrependimento crescer a cada palavra.
- Eu me lembro da forma como o concelho quase se negou a aceitar aquele bebê fofo no bando.- Sofie pronunciou chamando sua atenção. - Theo cometeu tantos erros, e engravidar uma humana talvez tenha sido para eles o pior de todos.
- Eu passei a noite ao lado de Amélia revirando tantas coisas em minha mente.- Hunter comentou. -Eu sempre me pegava tendo lembranças do dia que Jason nasceu, a situação toda foi tão ruim...agora com toda a informação que Amélia deu sobre esse Theo, o Theo que eu jamais imaginei que fosse meu irmão. Eu fico me perguntando se a algum outro lado dessa história, um lado mais sombrio.
- O que dizer?- Sofie questionou preocupada.
- Você se lembra sobre como o Theo estava estranho?- ele rebateu.
Ele observou sua prima engolir em seco enquanto afirmava em um gesto com a cabeça.
- Eu pensei em como aquilo talvez fosse os primeiros sintomas de como ele começou a ficar selvagem, sabe ele estava doente.- Hunter continuou.- Muito doente, o meu lobo sentiu. Sentiu o quão adoecido ele estava. Eu o segui Sophie, eu rastreei ele até aquela cabana no meio do nada. Tão distante de Lakeville...
- Essa história sempre me deixou tão confusa.- Sofie disse enquanto o servia uma xícara de chá de camomila.
Hunter agradecia a gentileza de sua prima mas duvidava verdadeiramente que qualquer chá no mundo pudesse o acalmar, por isso ele apenas engoliu em um gole rápido e deixou que o líquido queimasse sua garganta antes de continuar a falar :- Eu encontrei naquela cabana uma mulher em trabalho de parto, implorando para que eu a salvasse. E apesar de tudo lá cheirar ao Theo não havia sinal dele em nenhum lugar.
- Eu me lembro como o alfa ficou nervoso com a sua ligação, sobre como todos ficaram.- Sofie expressou começando a ficar ansiosa em seu assento.
- Aquela humana tinha a marca de Theo e um filho a caminho, eu não pude chamar uma ambulância.- Hunter não conseguiu impedir o passado de o atormentar. -Eu mesmo fiz o parto, caminhei pela estrada com aquele bebê em meus braços até encontrar um telefone público. Minha mãe sempre me dizia desde criança para sempre andar com moedas nos bolsos...
- Sempre me perguntei como o corpo daquela mulher desapareceu sem deixar rastros.- Sofie sussurrou amedrontada e até mesmo Hunter se sentia da mesma forma quando recordava aquela noite.
- Você e todos nós, eu sabia que ela havia morrido durante o parto. Sempre me perguntei se eu podia ter feito mais, eu sei que podia ter ajudado se tivesse um maldito celular.- ele enterrou seu rosto entre as mãos, o lobo em seu peito se sentindo envergonhado assim como o homem em sua pele.
- Não foi sua culpa Hunter.- ele sentiu as pequenas mãos de sua prima acariciar seu cabelo como ela costumava fazer com seu sobrinho.
- Todos os sentinelas foram enviados para aquele lugar. Nunca encontraram rastro do corpo ou até mesmo de Theo, todos ficaram tensos sem respostas até a notícia do corpo encontrado naquela represa saindo da cidade. Eu fui chamado para reconhecer o corpo, eram as roupas dele mas o cadáver estava tão deteriorado.- ele cuspiu cada palavra para fora talvez rápido de mais porque já não era mais capaz de as entender.
- Eu estava com você, não queria que fosse sozinho.- Sofie o lembrou.
- Acho que nos dois sempre fomos mais irmãos um pro outro do que eu e Theo jamais podemos ser.- ele rio amargo.
- Eu lamento que esteja revivendo tudo isso Hunter.- ela disse preocupada voltando a encher a sua xícara.
- Eu não consigo parar de lembrar de todo o horror que Amélia me confidenciou e associar a essa história.- Hunter permaneceu em seu estado de tormenta.
- Como...
- E se a mãe de Jason tiver sido uma vítima de Theo também? Ele sequestrou Amélia, ele queria forçar ela a ser sua companheira. Ela me contou que algumas humanas eram levadas até lá para procriação, e se aquela mulher foi abusada de alguma forma?- Hunter finalmente deixou a preocupação que tanto o atormentava a mostra.
- Céus, Hunter! Você não acha...não acha que...que horror.- sua prima o encarou assustada.
- Essa dúvida vem me perseguindo desde então, quem é o meu irmão? O irmão que eu pensei que estava morto, o que ele é?- Hunter questionou irritado. -E como eu posso implorar pelo perdão de Amélia?
- Você não tem que se culpar por algo que não fez Hunter.- Sofie garantiu.
- Como eu posso não me culpar? Quando a própria Amélia pede pelo meu perdão e me implora para não a odiar por coisas que Theo fez.- ele disse se sentindo rasgado por dentro.
- É tão triste que as pessoas mais inocentes dessa história são as únicas a pedirem desculpas.- sua prima expressou com um olhar triste enquanto segurava a sua mão. - Diga a Amélia que ela não tem que se desculpar por absolutamente nada, diga que ela é inocente e que não carrega culpa alguma pelas ações de Theo. E quando terminar Hunter diga o mesmo a si.
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Perigo Ardente - Série Lobos De Lakeville Livro 4
FantasyHunter estava bem levando sua vida pacata na pequena Lakeville onde nada de novo acontecia e todos os seus vizinhos de porta eram calmos e tranquilos, uma vida calma era o que o lobo mais reservado do bando dos Lakes desejava. Isso até uma música es...