A casa de Nora ficava muito longe da sua o que deu para Amélia uma longa caminhada de volta para casa, ela arrastava sua velha bicicleta ao lado de seu corpo enquanto caminhava distraída pelas ruas de Lakeville. O dia estava quente e Amélia não sentia vontade de pedalar ela queria esquecer o encontro horrível que teve com Hunter, esquecer cada aspecto daquela meia conversa e olhar cheio de expectativas e dúvidas que ele lançava em sua direção. Olhando além da calçada em que andava de repente um pensamento divertido passou por sua mente. Ela nunca tinha andado de carro, já havia partido de muitos lugares de ônibus mas nunca esteve em um transporte pequeno. Também tão pouco já havia estado em um trem ou metrô, nunca havia viajado de avião ou barco. Mas entre todas as coisas havia uma delas que Amélia realmente desejava fazer um dia, a ideia de velejar sempre esteve em seus sonhos. Navegar por águas cristalinas e tão azuis quanto as que via em pôsteres de viagens sempre chamou sua atenção.
Quando Amélia enfrentava os piores momentos de sua vida a reconfortava se imaginar como um pequeno barco rompendo ondas violentas na pior das tempestades, lembranças de sua antiga vida havia retornado de repente a sua mente. Seu pote de moedas no chão ao lado de seu velho colchão, seu apartamento pequeno e os planos que ela havia feito para o futuro. Uma vida inteira arruinada por um único momento, uma decisão errada, uma atitude impensada e então todos os seus planos e sonhos foram rasgados em sua frente por um lobo frio e cruel de olhos cinzas.
Amélia respirou fundo frustrada ela gostava mais de lobisomens quando eles eram personagens em filmes de terror de baixo orçamento, boatos e lendas. Ela nunca esperou que aquilo se tornasse real diante de seus olhos e ela com certeza rezava todas as noites para que isso nunca tivesse acontecido.
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Chegar em casa era um alívio, finalmente poder descansar seus pés e beber um bom copo da água enquanto se perguntava porque diabos ela não veio pedalando se teria chegado bem mais rápido assim, Amélia tinha esse pequeno costume de fazer escolhas cujo o resultado sempre a irritava no fim. Ela gostaria de dormir, talvez um cochilo depois de toda aquela caminhada fosse tudo que ela precisava. Mas se levantar era algo difícil quando suas duas pernas doíam, ela recostou sua cabeça na fria bancada da cozinha respirando fundo.
Um tremor de repente sacudiu todo seu corpo, fazendo-a cair de seu banco direto no chão. Ela encarou o piso de madeira assustada, seu coração batia acelerado enquanto ofegava. Uma onda de dor atingiu seu corpo, era além de uma lembrança agora, aquela dor era real e vívida. Ela tentou respirar fundo e encontrar um ponto de apoio mas tudo que ela conseguiu expirar foi o cheiro fétido do monstro que um dia quase lhe roubou a vida.
As lembranças das garras afiadas daquele lobo voltaram mais rápidas que uma bala, cada pedaço de seu corpo onde ele já havia tocado ardia como o próprio inferno enquanto Amélia chegava a assombrosa conclusão de o monstro estava lá. Ele tinha a encontrado, o ar se encheu com o cheiro de sangue e fumaça. Foi difícil para ela se manter sã enquanto cada pedaço de sua alma voltava a se quebrar dentro dela.
Não era só medo, não era só um pesadelo. Era real, era feroz e estava rondando a casa. Ela podia ouvir os passos como se ele pisasse em seu rosto, ela sabia que ele estava brincando com ela. A provocando a tentar fugir, ele gostava da caçada, ele sempre gostou de perseguir. Sempre dava a ela a chance de fugir apenas para a punir por isso logo depois, a punição era o que mais o dava prazer.
Nada no mundo deveria ter o irritado mais do que o dia em que ele não conseguiu a alcançar, o caçador do bando perdendo sua presa de estimação deveria ter o enlouquecido e pelos rosnados do lado de fora ele não parecia muito disposto a uma conversa. Ela sabia o que ele estava fazendo quando sentiu o fogo começar a consumir a casa ao redor dela, ele queria força-la a sair. Amélia preferia ser consumida pelas chamas do que o confrontar.
Mas o monstro do lado de fora continuava a chamá-la, ele queria sentir seu medo, assistir enquanto ela
tremia e implorava consumida pelo pânico. Então só então ele a atacaria.
A última vez que ela esteve em sua presença, ele a transformou em um
lobisomem. Foi quando ele a quis como sua "companheira". Foi quando ela teve mais do que uma humana assustada para fugir de seu bando, foi quando sua loba se mostrou mais rápida que seus sentinelas.O corpo de Amélia se encolheu no chão de madeira enquanto seus pulmões se engasgavam com a fumaça, ao longe ela pode ouvir um lobo uivar. Mas era diferente dessa vez, algo dentro dela sussurrou que havia outro lobo do lado de fora O monstro que a seguia tinha seu uivo carregado de crueldade e ira, este outro uivo continha raiva seguida de um medo e angústia avassaladora.
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Perigo Ardente - Série Lobos De Lakeville Livro 4
FantasyHunter estava bem levando sua vida pacata na pequena Lakeville onde nada de novo acontecia e todos os seus vizinhos de porta eram calmos e tranquilos, uma vida calma era o que o lobo mais reservado do bando dos Lakes desejava. Isso até uma música es...