Perigo Ardente - Série Lobos De Lakeville Livro 4

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Hunter começou a se preocupar com o tempo em que Amélia estava levando o ignorando trancada naquele quarto, ele gostaria de dizer que não havia se divertido a provocando mas não poderia mentir para si mesmo daquela maneira. Mas ele com certeza não gostou da forma como ela reagiu correndo para longe e fechando a porta como se pudesse ser atacada a qualquer momento.

Ele não queria que ela pensasse nele daquela forma, já havia sido estranho explicar para Jason do porque a tia Amélia não estava jantando com eles. Quando o pequeno menino finalmente pegou no sono Hunter decidiu tomar coragem para procurar sua companheira, ele juntou um pouco de comida para ela em uma bacia. Ele não tinha uma bandeija em sua casa mas fez o melhor possível arrumando alguns pães e um copo de suco em uma de suas formas de bolo. Ao menos agora ele tinha uma desculpa muito melhor do que dizer "eu senti falta do seu cheiro" para dar a ela.

Hunter bateu levemente na porta chamando por Amélia mas não foi respondido, ele sabia que ela não estava dormindo. A respiração dela e seu coração haviam acelerado assim que ele bateu na madeira da porta.

- Eu trouxe comida, não está muito quente mas eu posso aquecer se você quiser. - ele sussurou contra a porta sem querer falar alto de mais no corredor e acordar seu pequeno e muito curioso sobrinho. - Eu também trouxe o suco de laranja que você gosta.

Ele esperou no corredor se sentindo desconfortável até que ela finalmente abriu a porta, o quarto estava escuro mas não era nada que um lobo não pudesse enfrentar. Hunter colocou a forma sobre sua a cômoda ao lado de sua cama e esperou que Amélia se aproximasse da comida, devagar como todo animal assutado mas ela nunca se aproximou.

- Está sem fome?- ele perguntou preocupado. - Quer que eu saía para comer?

Ela não respondeu e Hunter começou a notar que havia algo de estranho com Amélia, ele se sentou ao seu lado na cama. Agradecendo silenciosamente que ela não havia corrido para longe ele tentou ver seu rosto pela fraca luz da lua que entrava pela janela, suas delicadas bochechas estavam molhadas e seus olhos inchados.

- Eu não queria te fazer chorar.- ele tentou se desculpar mas parou assim que ela segurou sua mão.

- Eu estou ficando louca.- Amélia declarou de repente o deixando confuso.

- Louca? Não, não, não Amélia.- ele respondeu pensativo. -Você está perfeita querida.

- Hunter tem vozes na minha cabeça.- ela sussurou contra seu peito se aconchegando nele.

- E que cabeça não é repleta de vozes?- ele brincou.

- Hunter claramente tem alguma coisa errada comigo, as vozes me mandam fazer coisas...coisas tão...

- Coisas comigo?- ela acentiu em resposta.

- Acho que estou possuída.- Amélia respondeu extremamente assustada e ele quase riu mas se conteve.

- Não está possuída.- ele rebateu.

- Eu sinto Hunter, alguma entidade está se apossando de mim. Eu não sou assim eu nunca fui.- ela tentou explicar seus olhos ainda cheios de lágrimas.

- Há uma explicação completamente razoável para isso.- Hunter respondeu beijando levemente sua testa.

- Então vamos lá tente.- ela o desafiou.

- Tudo bem pensa que você está com muita fome...droga não esse não é um bom exemplo.- ele começou incerto sobre o que falar.

- Hunter.- ela o pressionou.

- Eu nunca tive que explicar antes para uma loba como é ser uma loba.- ele se explicou envergonhado.

- Tudo bem, olha esquece você ok. Não pensa em você, pense em um tigre. Um animal, animais possuem ínstintos.- ele tentou outra vez. -Um tigre persegue sua presa, ele sobe em árvores, consegue pressentir o perigo. Todo animal tem extintos certo?

- Bem, humanos também tem extintos. Chamam de impulsos, eles dizem que agem por impulso as vezes. Perdem a noção, mas isso nada mais é do que se deixar levar por seus extintos. Como quando uma mulher termina um relacionamento e saí com as amigas para beber e no meio da noite ela para de ouvir todos a sua volta e insiste em ligar para o seu ex.- Hunter continuou sua explicação tentando achar palavras que fizessem sentido para ambos.

- Estranhamente específico.- Amélia apontou.

- Sofie me fez assistir muitos filmes de comédia romântica.- ele se justificou. - Sabe a mulher vai acordar no dia seguinte se esquecendo do porque aquilo era tão importante o porque diabos ela se deixou levar, vai se sentir louca.

- Eu não sei se isso se encaixa muito no que eu to passando.- Amélia respondeu ainda chorosa em seus braços e ele a trouxe ainda mais para perto distribuindo beijos por todo o seu rosto.

- Amélia você não está louca, nem possuída muito menos foi tomada por algum demônio maluco.-ele garantiu. - É você, é só você. Você não tem dupla personalidade Amélia, sua loba não é uma entidade que se apossou em seu corpo. Você só ganhou a habilidade de mudar, você não tem mais de uma pessoa ai dentro.

- Hunter não parece ser só uma.- ela comentou olhando profundamente em seus olhos.

- Mas é, quando você se transformou tudo aflorou. Seus ínstintos são muito mais do que só falar algo idiota de vez em quando sem pensar. Você ganhou ínstintos reais, selvagens. As vezes até mesmo primitivos, cru. Quando você sente você sente mais, você quer mais, deseja com mais força do que uma mulher normal faria. Mas é só você Amélia, é só os sentimentos e os instintos que você quer silenciar lutando dentro de você, crescendo e resistindo. Porque você é uma loba agora é tudo é mais intenso e mais forte, é urgente e agoniante. Mas ainda é só você, cada um desses sentimentos é você. Sua loba é uma extensão sua Amélia não uma inimiga.

- Ela me faz querer coisas que eu não posso ter.- Amélia rebateu com uma voz cansada porém mais calma.

- Você quer coisas que pode ter, e o seu lado animal apenas se nega a pensar o contrário. Não tem nenhum monstro dentro de você Amélia os sentidos é que estão mais aflorados do que nunca.- Hunter afirmou.

- Acho que isso é mais culpa sua que minha.- ela respondeu com um riso fraco entre as lágrimas e ele sorriu para ela se sentindo encantado pela simples presença de sua companheira.

- Eu deveria me desculpar?- ele a provocou acariciando seu rosto.

- Não.- ela respondeu devolvendo o carinho em seu rosto com sua mão livre.- Então eu estou lutando contra mim mesma e não contra outra pessoa?

- Exatamente.- ele confirmou.

- É tão cansativo.- Amélia fechou os olhos mesmo ainda estando agarrada em seu corpo.

- Eu sinto muito por isso lobinha.- ele respondeu o mais sincero que pode.