Capítulo 17

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Fox Forest, 25 de abril de 1885, 14:50 PM.

— aquela ali parece um gato. — Thomasina apontou para uma nuvem e eu franzi o cenho

— parece.. uma nuvem. — falei e ela bufou, virando o rosto para me encarar, com uma cara de poucos amigos — o que foi? — perguntei rindo de sua expressão e ela revirou os olhos

— você é muito sem graça. — abri a boca, ofendida. — precisa aprender a usar a imaginação. — me repreendeu e eu apenas levantei as mãos em rendição.

Estávamos a quase uma hora deitadas em uma toalha de mesa em uma parte aberta da floresta. Não havia nada ali além dos barulhos dos pássaros e nossas vozes. Era o lugar perfeito para relaxarmos, já que nossos dias têm sido cansativos.

Fen estava cada vez mais ausente, e por mais que Thomasina dissesse que isso era uma coisa boa, ainda sim eu ficava com um pé atrás. Ele vivia tendo encontros secretos com pessoas que  eu não fazia ideia de quem eram e voltava para casa cada dia mais tarde. Thomasina disse para não questionar tanto as coisas boas, mas simplesmente não conseguia descansar até saber o que ele estava tramando.

Demos um tempo na investigação, já que temos coisas mais importantes para nos preocupar, como limpar nossa imagem depois daquele maldito baile. Nossas aulas não estavam acontecendo por causa disso, e eu temia que a qualquer momento Beatrice ia aparecer em nossa porta com dois guardas ordenando a prisão de Thomasina por agressão física. Essa, que também tem andado quieta demais. Era como se fosse bom demais para ser verdade.

— ei. — a voz de Thomasina chamou minha atenção — no que está pensando? — perguntou ela, deitando de lado e apoiando a cabeça em sua mão.

— em tudo que vem acontecido nos últimos dias. Tudo está tão estranho.. — comentei e ela bufou. Franzi as sombrancelhas, confusa. — o que foi? — perguntei confusa

— eu te trouxe aqui para esquecer os problemas, mas você parece empenhada em  lembrar deles. — falou emburrada, voltando a se sentar. Eu ri, sentando-me ao seu lado e deitei a cabeça em seu ombro.

— desculpe, eu não consigo desligar minha mente. — falei arrependida e seu sorriso lindo voltou para seu rosto, me fazendo suspirar.

Sorriso esse que trouxe a tona a ideia que eu tive a alguns dias atrás.

— não se mexa! — eu disse alarmada e ela me encarou com os olhos arregalados

— tem algum bicho em mim? — perguntou nervosa, mas sem mexer um músculo. Ri da sua reação.

— não, mas eu preciso que você não se mexa. — falei enquanto procurava algo dentro da cesta que havíamos trazido. Não conseguia achar em lugar nenhum, mas eu lembro bem que eu tinha trazido. Ela franziu as sombrancelhas, analisando meus movimentos.

— o que está procurando? — perguntou ainda imóvel, duvidava se ela estava respirando. Eu ri, pedindo para ela relaxar um pouco e ela relaxou os ombros.

— achei! — exclamei animada e ela sobressaltou com o susto do meu grito. A encarei com uma expressão arrependida — desculpe. — pedi sorrindo amarelo e ela riu, encarando curiosa o objeto em minhas mãos

— o que é isso? — Thomasina perguntou curiosa

— um caderno. — eu disse o óbvio e ela revirou os olhos

— eu sei que é um caderno, quero saber o que você quer com isso. — eu sorri maldosa e ela franziu os olhos em minha direção.

— é o meu caderno de desenho.. — eu disse vagamente e ela ainda me encarava confusa — onde eu desenho as coisas lindas que vejo... — voltei a dizer, esperando que ela soubesse. Ela demorou mais do que o esperado, mas logo arregalou os olhos quando a compreensão lhe bateu.

the love never dies. - Thabigail Onde histórias criam vida. Descubra agora