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Suzana era alta e esbelta com um porte elegante que chamava a atenção de todos. Sua pele era negra com um tom rico e profundo. Seus cabelos eram lindos, longos e extremamente negros, seus olhos eram negros, grandes e expressivos. Apesar de sua aparência atraente Suzana era uma pessoa humilde e tinha os pés no chão. Ela nunca deixou sua beleza afetar seu comportamento ou sua personalidade, e sempre se esforçou para ser uma pessoa simples e trabalhadora. Mesmo com as dificuldades sempre lutou para fazer o melhor que podia, independentemente das circunstâncias.

Suzana e Carmen nunca conseguiam juntar dinheiro, elas não tinham economias guardadas caso surgisse uma emergência e isto as preocupava muito.

Em um dia de sábado as duas lavavam roupas e conversavam:

­— Eu fico pensando tia se meus pais não tivessem morrido talvez as nossas vidas seriam diferentes talvez minha vida seria menos difícil e eu não teria me tornado um peso para senhora!

— Você não é um peso Suzy! Todos nós sempre fomos muito pobres só se o seu pai tivesse dado um jeito na vida... mas o coitado era tão azarado quando finalmente conseguiu comprar um carro ele morreu e levou sua mãe junto!

— Coitados tia! Que falta eu sinto deles!

— Eu também! Sua mãe era tão boa! Eu sempre tinha que defender ela das outras meninas na escola! Era tão bobinha... Se não fosse por mim...

Carmen observa Suzana lavando um de seus pares de tênis.

— Suzana como que você vai para o curso com estes tênis velhos lá deve ser cheio de meninas metidas!

— Algumas são, mas eu não posso fingir ser o que não sou e quando estes tênis são lavados eles ficam apresentáveis, não estão tão ruins assim!

— As vezes eu me sinto culpada tia, penso que atrapalhei a sua vida, a senhora nunca se casou e teve seus próprios filhos! — Continua Suzana.

— Não se preocupe com isto Suzana eu não me casei porque não achei ninguém e não por sua culpa!

Carmen era uma mulher mais racional e na verdade nunca se casou porque nunca encontrou um homem rico, esta era a verdade. Ela já teve namorados, mas nunca encontrou alguém que ela achasse ideal para ca$ar, segundo ela. Agora ela queria transferir esta "missão" para a sobrinha, entretanto do jeito que as coisas estavam nem ela conseguiria alguém rico para se casar.

— Eu não me importo com estas coisas Suzana tudo que eu queria era mudar de vida e sair deste bairro miserável de gente enxerida e fofoqueira!

A vida destas mulheres era sempre assim economizando ao máximo, nem para comprar ou comer algo diferente elas podiam gastar se não faltava no orçamento da casa.

Os pais de Suzana foram ótimas pessoas, mas infelizmente ela os perdeu quando tinha apenas nove anos de idade. A mãe da garota era doce e gentil, o pai era justo e batalhador, Suzana herdou estas características deles.

O dinheiro das duas nunca sobrava, mas de vez em quando Carmen guardava alguns trocados para jogar na loteria. Suzana já jogou algumas vezes incentivada pela tia, mas a garota não acreditava nestas apostas e achava que não passavam de fraudes.

— A senhora fica gastando dinheiro com isto tia! Eu nunca vi ninguém ganhando nestas loterias!

— Não é porque você não viu que ninguém ganha! As pessoas que ficaram milionárias com os prêmios de loterias não ficam dando sopa por aí, eles somem, mudam de país ninguém sabe quem são, por isto nunca vamos conhecer um!

Carmen tinha esperança em suas apostas, mas a cada sorteio onde os números dela não saiam ela se sentia desapontada e frustrada, afinal, ela gastava um dinheiro que não tinha e nada parecia dar certo. 

𝖠 𝖼𝗈𝗋 𝖽𝗈 𝖼𝖺𝗆𝗉𝗈 ~ 𝖤𝗅 𝖼𝗈𝗅𝗈𝗋 𝖽𝖾𝗅 𝖼𝖺𝗆𝗉𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora