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— Patrão! Me chamou?

— Sim... eu estava pensando no que você disse sobre a tal de Suzana...

— No que patrão? Que ela é bonita?

— Claro que não imbecil ... sobre ela sumir do mapa...

— Ahhh o senhor resolveu que vai sumir com a negrinha?

— Não.... mas e se a gente desse um susto nela?

Soledad estava chegando na hora ao escritório de Eurico e resolve escutar a conversa atrás da porta.

— Como assim patrão?

— Você arrumaria uns dois homens e eles fingiriam que estavam sequestrando ela, eles a botavam em um carro, passavam um medo nela, roubavam qualquer coisa que ela tivesse para disfarçar e depois eles a soltariam em uma estrada de terra qualquer... Mas que fique muito claro não é pra fazer nada com ela, eles levariam armas de brinquedo seria apenas para ela tomar um susto e resolver ir embora daqui definitivamente!

— Que ótima ideia patrão é até melhor do que o que eu sugeri assim ninguém se machuca e ninguém suja as mãos de sangue...

— É claro... quero ver se com isto está garota não resolve sumir daqui... capaz que nem no México a negrinha vai querer ficar jajaja com certeza finalmente ela aceitaria vender o sítio e nunca mais voltaria aqui.. jajaja

— Eurico! — Soledad diz entrando no recinto.

— Mamãe? — diz ele.

— Eurico o que você está pensando em fazer contra aquela garota?

— Eu? Que garota?

— A que comprou o sítio!

— Nada mamãe eu nem estava falando dela estava falando coisas de trabalho com o Jaime!

Jaime se retira do local.

— Eu sei muito bem o que eu ouvi não me faça de boba você e o Jaime pensaram em sumir com esta menina, mas você achou melhor não, mas agora resolveu que vai dar um susto nela!

— Agora a senhora fica ouvindo atrás da porta mamãe?

— Você está ficando louco Eurico? Se acontecer alguma coisa com esta menina ou com a tia dela com muita dor no coração, mas eu mesma vou te denunciar pra polícia!

— Era só o que faltava a senhora me denunciar por algo que acontecer com aquelas invasoras... Já viu que desde que estas duas chegaram a gente só briga mamãe? Tudo culpa daquelas negras malditas!

— Filho eu já disse para não falar assim das pessoas!

— A senhora fica contra mim e do lado destas intrusas eu só estou tentando recuperar nossas terras que aqueles malditos Velázquez nos tomaram!

— Ninguém nos tomou nada Eurico o seu tio perdeu as terras pro banco e os Velázquez compraram ninguém tomou e ninguém invadiu nada... pare de distorcer as coisas... Nós já temos muitas terras e temos dinheiro para comprar mais quantas quisermos para que cometer crimes por causa de um mísero pedaço de terra?

— Está certo mamãe eu pensei sim em dar um susto na negrinha, mas era uma coisa boba, uma brincadeira... ninguém iria se machucar!

— Isto lá é brincadeira Eurico? Isto é um crime, um golpe muito baixo e eu não quero pensar que o meu filho é um homem mau e sem escrúpulos... O seu coração está muito duro meu filho você não pode continuar assim tenha um pouco de compaixão você não pode continuar com esta revolta com a vida por causa do que aconteceu...

— Olha mamãe...

— Deixa eu falar que eu não terminei... Pela última vez Eurico larga desta obsessão, deste capricho infantil isto já está virando uma doença... diga ao Jaime que você desistiu desta ideia estapafúrdia e que não vai fazer absolutamente nada contra aquela moça!

— A senhora conhece o meu caráter mamãe a senhora sabe muito bem que apesar de tudo sou incapaz de mandar matar alguém!

— Eu espero que assim seja mesmo...

Soledad chama Jaime para o escritório novamente.

— Jaime você está proibido de fazer algo contra aquela moça me entendeu? É uma ordem... se acontecer algo com ela você perde o emprego e eu te denuncio não é isto Eurico? Diga a ele também...

— Está bem... é isto mesmo Jaime... não vamos fazer nada com aquela garota! — diz Eurico contrariado.

— Quero que vocês jurem que não vão fazer nada!

— Não é pra tanto mamãe por favor...

— Jurem agora! — diz Soledad com firmeza.

— Eu juro pela virgem dona Soledad! — diz Jaime.

— Jure também Eurico!

— Eu juro mamãe! — diz Eurico aborrecido.

— Eu fico muito feliz... diz a mulher.

— Já conseguiu o que queria mamãe agora quero ficar sozinho... se retire também Jaime!

Eles deixam Eurico sozinho.

Apesar de ser um homem muito difícil ele respeitava muito a sua mãe, para ele seus antepassados eram sagrados.

Soledad conversava na cozinha com Natália.

— Eu estou tão preocupada com o Eurico, Natália. Nem estou conseguindo dormir direito, peço que você perdoe o meu filho por tantas grosserias... ele tinha esquecido um pouco esta história deste sítio, mas depois que estas mulheres chegaram o gênio dele conseguiu ficar pior do que já era, a obsessão dele em comprar aquelas terras está mais forte do que nunca eu estou até com medo dele cometer alguma loucura...

— Por que elas não vendem as terras de uma vez dona Soledad? Elas estão vendo como o seu Eurico é...

— A tia da moça até que aceita vender pelo que eu entendi, a moça que não quer vender e parece que o sítio está no nome dela... O Eurico está com ódio desta menina... sabe Natália eu queria tanto que o Eurico voltasse a ser como era... por que as coisas tiveram que ser assim?

Desde que Suzana e Carmen apareceram em Santiago, Eurico não sabia pensar em outra coisa a não ser em como ter o sítio para ele, o assunto estava virando algo pessoal. Ele não admitia que alguém o contrariasse ou não fizesse o que ele queria e era isto que Suzana fazia. Para Eurico ele era uma espécie de rei e todos os outros eram seus servos. A única pessoa que ele respeitava e que conseguia apaziguar as coisas era sua mãe. A senhora Maria Soledad era uma mulher justa e generosa. Viuva do senhor Emiliano que havia falecido há quinze anos, o casal teve apenas Eurico de filho. Emiliano também foi um homem de gênio forte, mas Eurico se tornou pior, porque nunca mais pôde andar. Eurico era ressentido, amargurado, duro e desde a época de seu marido, Soledad era quem equilibrava as coisas dentro daquela fazenda.

𝖠 𝖼𝗈𝗋 𝖽𝗈 𝖼𝖺𝗆𝗉𝗈 ~ 𝖤𝗅 𝖼𝗈𝗅𝗈𝗋 𝖽𝖾𝗅 𝖼𝖺𝗆𝗉𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora