Capítulo 24

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• Renan Garcia •

Levei minha xícara de café até a boca e mantive minha atenção no noticiário da tarde.

Franzi a testa vendo a chamada pra uma notícia urgente começar.

- Escola estadual na Barra da Tijuca está em estado de alerta, nosso helicóptero sobrevoa a mesma nesse instante e constata muita fumaça saindo de uma das janelas das salas de aula.

A sirene de emergência começou a tocar logo depois da fala da repórter.

Me levantei rápido e corri com os outros até o vestiário.

Coloquei rapidamente minha roupa anti chamas por cima do uniforme.

Calcei as botas de borracha e corri pra dentro de um dos caminhões.

Não demorou nem mais um segundo pra todos ocuparem seus lugar e saírmos em disparada até a escola que ficava a três rua de distância.

O motorista ligou a sirene enquanto eu colocava a máscara de pano no rosto.

Olhei pra fora vendo o caminhão parar e logo ao lado uma das ambulâncias do nosso batalhão.

Saltei pra fora indo até o tenente que já conversava com uma oficial da polícia.

- Sala ao oeste no andar superior, um aluno colocou fogo no armário de livros. - Ele disse alto olhando pra mim e assenti. - O fogo está se espalhando rapidamente por conta das cortinas e carteiras de madeira, tem alunos presos nas salas próximas. - Ele dizia agora olhando pra todos ali. - Quero os quatro caminhões com as escadas em todas as janelas em volta da que está saindo fumaça, nos próximos minutos, Caleb, Renan e Sarah, subam com nosso caminhão principal e comecem a abaixar o fogo.

Assenti e corri até a lateral do prédio, pra onde os caminhões já se dirigiam, coloquei o capacete na cabeça e então abri a lateral do mesmo onde ficavam nossos equipamentos.

Puxei um dos cilindros pra fora e ajudei a Sarah a vestir o mesmo, em seguida vesti o meu e arrumei a máscara no rosto.

Entreguei o do Caleb que já tirava a mangueira do suporte enquanto subia a escada.

Fiquei no seu lugar e deixei que ele se protegesse, só então ele voltou e assumiu a ponta da mangueira.

Fiz sinal pro tenente e ele autorizou a subida, segui logo atrás do meu amigo enquanto a Sarah auxiliava uma das estagiárias pra ir soltando a mangueira.

Assim que chegamos na janela, o Caleb pulou pra dentro e fui em seguida.

A Sarah ficou na ponta escada nos auxiliando e fiz sinal pra ligarem a água, assim foi feito.

Ajudei o Caleb a segurar por conta da pressão e respirei com calma dentro da máscara, jogando a água com espuma primeiramente no teto.

Aos poucos fomos seguindo por aquela sala que não estava num estado tão crítico mas assim que chegamos na sala ao lado, quebrei as janelas com o pé, pra fumaça sair e avisei no rádio a situação atual.

Só se ouvia a voz dos meus colegas, de crianças gritando assustadas e das coisas se queimando a nossa volta.

Seguimos pra outra sala e arregalei os olhos vendo uma figura pequena abaixada no canto e toda encolhida.

- Vai, eu seguro. - O Caleb disse alto e então se posicionou pra manter a mangueira em mãos sozinho.

Corri até a criança e a peguei no colo, tirei a minha máscara e coloquei em seu rosto, vendo ela respirar com dificuldade.

Rapidamente voltei até a outra sala onde a Sarah estava na janela.

- Direto pra ambulância. - Falei alto pra ela e entreguei a menina em seus braços, tirei a máscara do seu rosto e coloquei no meu novamente.

Vi ela descer rapidamente as escadas e então voltei pra onde o Caleb estava.

Seguimos por mais três salas apagando o fogo e verificando se estava tudo limpo.

Enquanto fazíamos o processo de apagar as chamas, outros bombeiros entravam em todas as salas da escola avisando no nosso rádio de comunicação caso precisassem de reforço.

Quase três horas depois, sai de dentro do prédio pelas escadas do caminhão e tirei aquela máscara, respirei fundo e arranquei o capacete e touca da cabeça.

- Bom trabalho batalhão, agora é com a polícia e a parte de perícia. - O tenente disse e me sentei no degrau do caminhão, bebendo uma água.

Ele bateu no meu ombro e se afastou indo até onde os policiais civis estavam.

- Alguém se feriu? - Perguntei pro Jonathan que ficava em uma das ambulâncias.

- Não irmão, nada de muito grave, só a inalação de fumaça mas logo ficaram bem. - Ele disse e pegou o celular do bolso.

Olhei pro Caleb que estava tão morto quanto eu e sorri de lado.

- Mais uma pra conta então irmão. - Falei pra ele que riu e apertou minha mão.

- Mais uma pra contar história. - Ele disse e balançou a cabeça.

Assim que fomos liberados pra voltar pro batalhão, pulei pra dentro do caminhão e peguei meu celular.

Umedeci os lábios vendo uma mensagem da mãe do meu filho.

Whatsapp

14:30 Ana Luiza: Que Deus te proteja.
14:30 Ana Luiza: Avisa quando sair da ocorrência, Isaac tá grudado na TV vendo tudo.

Nem me dei ao trabalho de responder, liguei direto pra ela por chamada de vídeo.

- Pai! - Meu filho exclamou assim que atendeu e respirou fundo. - Você se machucou?

- Não filho, pai tá bem. - Sorri de lado e passei a mão na cabeça.

- Promete? - Perguntou baixinho.

- Prometo moleque, hoje e sempre. - Levantei meu dedo mindinho pra ele que imitou meu gesto.

- Sábado você vem me buscar né? - Perguntou sorrindo.

- Sim, vamos jogar bola na praça domingo dai. - Ri vendo ele dar um pulo feliz.

- O tio Caleb vai também? - Perguntou todo animado.

- Vai sim cara, vai levar os afilhados dele pra brincar também. - Sorri e a mãe dele o chamou pro banho. - Vai lá tomar banho, pai tá chegando no batalhão, fica tranquilo que tá tudo bem.

Ele me mandou um beijo e então desligamos.

Suspirei e olhei em volta, vendo que eu não era o único ali que estava acalmando o filho.

Esse é o foda da nossa missão, ter pessoas especiais que sentem medo de nos perder.

Assim que o caminhão parou na garagem do batalhão, desci e fui direto pro vestiário, guardar e limpar minha roupa, antes de voltar pra ajudar a reabastecer e conferir tudo que foi usado na ocorrência.

...

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