Capítulo 27

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• Laura Campos •

Respirei fundo, completamente nervosa e sai do prédio encontrando o carro do Renan parado ali na frente.

Ele e o Caleb estavam encostados no mesmo, conversando.

- Tô nervosa. - Falei logo de cara e cumprimentei os dois com um beijo no rosto.

- Vai dar tudo certo loira. - O Renan disse e me puxou pra um abraço.

Me encolhi entre seus braços fortes e suspirei, sentindo seu cheiro gostoso.

Ele ainda estava de uniforme então imagino que tenham saído do batalhão e vindo direto pra cá.

Me afastei dele e o mesmo deixou um beijo na minha testa.

- Bora? - O Caleb perguntou, já se afastando do carro.

Assenti e passei as mãos molhadas de suor na minha calça jeans.

O Renan abriu a porta do passageiro pra mim e acompanhei com o olhar o casal ir até o outro carro.

Mordi o lábio inferior e entrei rapidamente, passando o cinto pelo meu corpo.

Logo em seguida o Renan entrou no lado do motorista e deu partida no carro.

A mão dele veio pra minha coxa e eu encostei a cabeça no banco para olhá-lo.

- Mantenha a calma. - Ele disse, apertando minha coxa de leve.

- Difícil, fazem dois anos que estamos longe uma da outra. - Falei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

O Renan pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, agora mantendo elas juntas em seu colo.

- Nunca mais tentou ver ela? - Ele perguntou atento ao trânsito.

- Não, no começo da gravidez eu culpava muito ela também, mas sei que eram os hormônios me deixando louca e me fazendo imaginar coisas que não existiam. - Suspirei e passei a mão livre no meu cabelo. - Depois que o Kevin nasceu, minha cabeça mudou totalmente e vi que na verdade ela só queria me proteger e proteger o neto.

- E não tiro tua razão de pensar algo assim. - Ele levou minha mão aos lábios e depositou um beijo nela.

O restante do caminho fui guiando ele pelo bairro e cuidando o carro do Caleb que vinha logo atras, pelo retrovisor.

Assim que o Renan estacionou o carro em frente a casa, mordi o lábio extremamente nervosa.

- Quer que eu te acompanhe? - Perguntou tirando o cinto e se virando pra mim.

- Não, preciso fazer isso sozinha. - Soltei meu cinto também e respirei fundo uma última vez.

Olhei nos olhos dele e então sai do carro fazendo sinal pro Caleb e Milena esperarem.

Andei até o portão de grades e toquei a campainha embaixo da caixa de correio.

Não demorou muito e logo vi minha mãe abrir a porta de casa, com um sorriso lindo aparecendo em seu rosto.

E como se soubesse que eu viria hoje, ela pegou a chave da porta, uma mochila e veio até mim.

Meus olhos encheram de lágrimas vendo ela abrir o cadeado do portão.

Assim que ela saiu, a puxei pra um abraço apertado e funguei, deixando as lágrimas deslizarem livres por minhas bochechas.

- Acabou filha. - Ela disse em meio a um soluço e passou as mãos por meu cabelo. - Finalmente.

Apertei ela mais ainda em meus braços e beijei seu rosto me afastando um pouco depois.

Ela virou trancando o portão e jogou a chave pra dentro.

Peguei sua mochila e com ela agarrada em meu braço, a levei até o carro.

Abri a porta do banco traseiro e ela entrou, entrei logo em seguida e deixei a mochila nos meus pés.

- Prazer em te ver de novo dona. - O Renan disse assim que fechei a porta e vi as bochechas da minha mãe ficarem vermelhas.

- Primeiramente me perdoe pelo dia que nós vimos pela primeira vez, saiba que não compactuo com os pensamentos preconceituosos daquele homem. - Ela disse baixo e me puxou para deitar em seu peito. - Segundo, pra você apenas Letícia.

Abracei ela pela cintura e senti seu cheiro com calma, só apreciando estar naquele abraço.

- Prazer então Letícia, sou Renan, amigo da Laura. - Ele disse dando partida no carro e ri do deboche dele quando disse "amigo".

- Amigo? Você não é o pai do meu neto? - Ela perguntou confusa e eu fiz carinho em seu braço que me cercava.

- Não, acho que isso vai ser mais uma das histórias que a Laura vai ter que te contar mais tarde. - Ele disse sorrindo e continuei quieta.

- Vou querer saber de tudo mesmo, mas só depois de esmagar muito você e meu netinho. - Minha mãe disse com a voz embargada e beijou minha cabeça. - Meu Deus que saudade que eu estava de você.

Apertei ela ainda mais em meus braços e afundei meu rosto em seu pescoço.

- Desculpa por ter te deixado pra trás. - Sussurrei sentindo as lágrimas molharem meu rosto de novo.

- Não se culpe meu amor e saiba que faria tudo de novo se fosse preciso. - Ela disse com a voz abafada por estar com o rosto contra meus cabelos.

- Como você está? Ele te machucou mais? - Me afastei e segurei seu rosto entre minhas mãos, ela riu de leve e negou com a cabeça.

- Ele está completamente obcecado por aquela mulher e ao mesmo tempo em que sinto pena dela, eu sinto um certo alívio por finalmente estar livre. - Ela suspirou e limpou meu rosto molhado com os dedos. - Ele já nem ficava mais em casa, chegou a me dizer que se eu quisesse ir embora não iria me impedir.

- Sério? - Perguntei arregalando os olhos, descrente daquelas palavras ditas por ele.

- Sim, nem eu me acreditei na hora mas ele disse que está velho e só quer viver o amor dele com uma mulher que também o ame. - Ela disse e eu sorri.

- Meu Deus, isso é incrível mãe. - A abracei com força. - Segunda então já vou te levar no advogado que contratei e vamos dar entrada no divórcio.

- Não quero você gastando seu dinheiro comigo meu amor. - Ela disse se afastando e segurou meu rosto. - Assim que eu arranjar um emprego, eu faço isso.

- Nem pensar, já está tudo acertado, vamos resolver isso logo. - Neguei com a cabeça e sorri de lado, vendo seus olhos cheios de lágrimas.

- Ainda não acredito que é você mesmo aqui. - Ela disse e então em puxou pra mais um abraço.

De relance olhei pro Renan e vi ele nos mirando pelo espelho, com um sorriso nos lábios.

...

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