Capítulo 98

13.8K 1.1K 51
                                    

• Laura Campos Garcia •

2 de novembro.

Levei o copo de vitamina até a boca e dei um longo gole, enquanto assisto meus alunos correrem de um lado pro outro no parquinho, durante o intervalo.

- Aí filha. - Milena choramingou ao meu lado e a olhei, vendo a mesma massagear a lateral de sua barriga.

-Acho que logo ela nasce hein. - Sorri pra minha amiga e levei a mão até sua barriga, fazendo um carinho de leve ali.

- Tô achando também, ela já parece irritada pelo pouco espaço e minha barriga está cada vez mais baixa. - Milena suspirou e deitou a cabeça em meu ombro, pegando o copo da minha mão em seguida.

- Bom, você esteve comigo a gestação toda do Kevin e sabe muito bem como as coisas são. - Falei vendo ela tomar minha vitamina.

Fiz bico e peguei meu copo de volta, ouvindo ela rir.

- Tu e esse amor repentino por essa vitamina. - Ela disse fazendo careta.

- É mó gostosinha e ainda é meu marido lindo que me traz ela todos os dias. - Sorri boba e levei o canudo até a boca, dando mais um gole.

Eu descobri uma casa de vitaminas perto do Batalhão onde o Renan trabalha.

Lá eles fazem como você quiser, decidi experimentar uma um dia e viciei.

Minha preferida é de banana, mamão, morango e mel.

Tudo orgânico e zero lactose.

Então desde que meu marido perfeito percebeu que eu gostava de tomar toda manhã como um lanche, ele passou a ir buscar e trazer pra mim.

O que deixava as monitoras e atendentes da secretaria da escola, literalmente babando nele.

Morro de ciúmes, mas fazer o que né?! Sei bem o homem gostoso com quem me casei.

Ainda mais naquele uniforme dos bombeiros.

O sinal de fim do intervalo bateu e me levantei, ajudando minha barriguda em seguida.

Ela respirou fundo e deixou a mão embaixo da barriga, me acompanhando para a sala.

O restante da manhã foi tranquila, como já estamos nas últimas semanas de aula, tô só passando atividades pra exercitar a leitura e escrita deles.

...

Entrei no Batalhão carregando minha bolsa e sorri pra um dos soldados que haviam ali.

- Tenente Garcia está? - Perguntei pra ele que assentiu rápido.

- Sim, na sala dele. - Apontou pra uma porta no andar de cima.

Agradeci e me encaminhei até a mesma, havia uma fresta, então a empurrei e entrei.

Franzi as sobrancelhas vendo uma soldada perto dele e com a mão levantada prestes a tocar em seu peito.

Cruzei os braços abaixo dos seios e cocei a garganta, no mesmo instante que ele segurou o pulso da mulher de cara fechada.

Ambos viraram a atenção pra mim, assustados com a presença de mais alguém na sala.

O Renan se afastou rapidamente da mulher e parecia que ia cair duro ali mesmo.

- Amor, não é isso que você está pensando. - Ele disse e tive que revirar os olhos pra frase cliche.

- Amiga, da o fora antes que eu deixe os hormônios da gravidez tomarem conta e quebre a cara dos dois. - Falei já ficando sem paciência.

A mulher assentiu e saiu rápido.

- Amor. - O Renan veio pra perto mas levantei a mão fazendo ele parar.

- Só vim trazer um lanche por que sei que hoje tu sai tarde. - Abri e bolsa e tirei a sacola da padaria de lá de dentro.

Ele engoliu em seco e pegou ela, deixando em cima da mesa.

- Em casa a gente conversa. - Olhei bem pra cara dele e virei as costas, saindo de sua sala.

- Amor! - Ele me chamou preocupado, quando eu já descia as escadas.

- Moça, por favor, acredita nele, eu até tentei algo algumas vezes, mesmo ele me dizendo que é casado mas agora vendo que você está grávida, não posso deixar você ir embora assim. - A mulher que estava com ele em sua sala anteriormente me falou, parando na minha frente.

- Meu bem, eu sei muito bem o marido que tenho, conheço muito bem a índole do homem que dorme ao meu lado todos os dias. - Respirei fundo e passei a mão no cabelo, louca pra voar nela.

Porra, a mulher acabou de falar na minha cara que mesmo meu marido a recusando e falando que é casado, ela continuou insistindo.

Tenho sangue de barata não, mas também não vou armar barraco no trabalho dele.

Se ele não quis me contar que isso vinha acontecendo, aí é um problema, mas pra ser resolvido em casa.

Entre um marido e sua esposa.

- Fica no teu canto e para de ir atrás de homem casado, ainda mais quando esse homem é teu chefe. - Falei seria olhando nos olhos dela e vi a mesma dar um passo pra trás.- Agora sobre meu relacionamento, quem vai resolver isso sou eu e não vai ser aqui.

Passei por ela bufando e sai do Batalhão, indo direto pro carro do Fernando que tinha ficado me esperando.

- Por que tá todo mundo te olhando? - Perguntou confuso assim que entrei no carro.

- Por que eu vi uma mulher fazendo ceninha pra cima do meu marido na sala dele. - Falei simples e passei o cinto de segurança pelo corpo.

Olhei pro Fernando que agora tinha a cara fechada.

- Quer que eu desça lá e quebre a cara dele? - Perguntou sério e eu apenas neguei com a cabeça.

- Me leva pra casa, ainda tenho duas crianças pra atender até ele chegar pra resolvermos isso. - Falei e sorri pra tranquilizar ele.

O Fernando respirou fundo como se estivesse tentando se acalmar e acelerou pra longe do Batalhão.

Olhei pra trás vendo meus meninos conversando entre si, enquanto brincavam com dois bonecos.

...

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora