Capítulo 99

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• Laura Campos Garcia •

Me deito na cama com uma das minhas camisolas de sempre e puxo o cobertor por cima do meu corpo.

Deixo a mão em cima do meu ventre e faço um carinho de leve naquela região, sentindo minha bebezinha se mexer preguiçosamente.

Ouço o barulho do portão da garagem abrindo e continuo a assistir o filme que passa na TV, sabendo que é meu marido chegando e que ele vai subir direto pro quarto.

Dito e feito.

Não demorou muito e ele entrou, me olhando com o semblante preocupado.

- Me deixa explicar? - Perguntou já de cara, fechando a porta do quarto atrás de si, reparei que tinha tirado as botas como já havia pedido pra fazer sempre que chegasse.

Suspirei e assenti, me sentando na cama com calma.

Mantive o edredom em cima das minhas pernas e brinquei com minha aliança no dedo, o olhando.

- Essa mulher é uma nova estagiária que entrou na equipe pra fazer treinamento e desde então vem fazendo piadinhas estranhas, quando ela avançou pra um flerte eu já cortei logo de cara e disse que era casado e que não tinha interesse em ninguém mais além da minha mulher. - Ele suspirou e sentou na cama, passando a mão na nuca, me olhando nos olhos. - Ela pareceu não escutar e continuou, até ameacei dar uma advertência pra ela, mas hoje do nada ela apareceu na minha sala e veio com uma história que ninguém precisava saber o que iríamos fazer ali.

Respirei fundo, sentindo meu peito se contorcer em ciúme e raiva.

- Ela veio querendo chegar perto e me tocar mas eu segurei ela, foi quando tu entrou. - Ele disse e se virou, colocando a mão na minha perna sob o cobertor. - Eu juro que nunca tive nada com ela amor, hoje mesmo já dei a advertência por má conduta e assédio.

- Eu não duvido da sua fidelidade Renan, até por que se você me trair, quem vai sair perdendo nesse casamento vai ser você, por que além de sair da sua vida pra sempre, vou levar meus filhos junto comigo e ainda faço questão de levar metade de tudo que tem aqui nessa casa. - Falei séria e ele assentiu rápido. - O que me deixa puta é saber que você vem passando por isso já fazem dias, semanas pra ser mais exata e eu só fiquei sabendo agora.

Controlei a voz mesmo querendo berrar com ele, a raiva fazendo meus olhos se encherem de lágrimas.

- Eu sou tua mulher cara, sou a pessoa que dorme ao teu lado todas as noites, sou eu quem você chama de amor e denomina melhor amiga. - Falei nervosa e respirei fundo pra me acalmar. - Então vou te dar uma noite pra pensar nessa merda toda e ver se vai querer continuar escondendo as coisas de mim. - Falei empurrando as cobertas e me levantando.

- Como assim? - Perguntou confuso.

Em silêncio fui até o closet e voltei de lá com um travesseiro e uma coberta, coloquei tudo ao seu lado.

- Você vai tomar banho e ir dormir no sofá. - Falei séria e vi meu marido arregalar os olhos. - Só quero ver tua cara amanhã de manhã Renan.

Virei as costas e voltei a me deitar na cama.

- Mas amor... - Ele tentou falar mas levantei a mão.

- Vai antes que eu mude de ideia e te deixe duas noites lá. - Falei séria e peguei o controle da TV, aumentando o volume da mesma.

O Renan ficou me olhando por um tempo até se dar por vencido e levantar.

Vi ele entrar no banheiro e fechar a porta, só então suspirei triste com toda aquela situação.

Fiquei assistindo o filme, tentando me convencer que tinha tomado a decisão certa.

Minutos depois o Renan saiu do banheiro e vi seus olhos vermelhos, aquilo me deu apertou um aperto no peito.

Mas segui firme.

Ele veio pra perto de mim e puxou o cobertor pra baixo, sua mão subiu minha camisola e então ele deixou um beijo em meu ventre.

- Papai ama vocês duas. - Ele disse baixinho e então arrumou minha roupa.

Desviei o olhar quando ele me olhou, pois meus olhos estavam cheios de lágrimas.

O Renan suspirou e pegou as coisas que separei pra ele, saindo do quarto em seguida, ele desligou a luz e deixou uma fresta da porta aberta.

Respirei fundo pra engolir o choro e coloquei a mão na minha barriga, sentindo minha filha mais agitada que o normal.

- Eu sei amor da mamãe, também sinto falta dele, mas o papai precisa aprender que não pode esconder as coisas de nós, mesmo que seja para o nosso bem. - Falei baixinho e limpei uma lágrima que escorreu pela lateral do meu rosto.

Desliguei a TV e puxei o travesseiro dele pra mim, o abraçando com força pra pelo menos tentar enganar meu cérebro e conseguir dormir em paz.

O que foi difícil mas quando menos esperei, o cansaço me venceu e eu capotei que nem vi mais nada.

...

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