Capítulo 01

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• Laura Campos •

- Pretinho da mamãe. - Cheirei o pescocinho cheiroso do meu bebê que riu dengoso, acordando. - Vamos tomar um tetê pra ir pra creche?

Ele virou pra mim com a naninha na mão e me olhou com a carinha de sono.

Puxei meu sutiã pra baixo e deixei ele mamar tranquilamente, enquanto eu fazia um carinho em seus cachinhos.

Meu Kevin recém fez um aninho, tá bom, já fazem quatro meses, mas não gosto de pensar que logo ele vai fazer dois anos, ele ainda é meu neném poxa.

Minha história com esse gorduchinho começou bem turbulenta, foi um susto mas foi o susto mais lindo da minha vida, ele me fez mãe, me ensinou o verdadeiro significado do amor.

Sou mãe solteira sim e me desdobro em vinte se for preciso, pra cuidar e proteger ele.

Infelizmente não tive meus pais aqui por mim durante a gestação. Mas não foi por uma tragédia não viu?!

Assim que eles souberam da minha gravidez, me mandaram ir pedir abrigo pro homem que me engravidou. Isso mesmo, e ainda me chamaram de vagabunda filha do satanás.

Eu estava no penúltimo ano da faculdade de pedagogia na época, pra ser mais exata estávamos no começo do ano, prestes a entrar no mês de março.

Se não fosse pela minha melhor amiga que conheci no curso, eu teria passado fome na rua.

Meus pais são evangélicos fanáticos, quando falei que não queria seguir os passos deles e me casar com alguém da igreja, surtaram.

Mas passado alguns meses eles aceitaram, me deixando cursar pedagogia.

Foi onde conheci o doador de esperma do meu bebê, ele fazia Engenharia na época e estava se formando naquele ano.

Estávamos ficando a apenas duas semanas quando descobri e o contei que estava grávida, ele riu e disse que não ia assumir.

Eu meti a mão na cara dele com tanta força que acabou cortando o seu lábio e ainda mandei ele ir a merda.

Com apenas duas semanas de gravidez, eu tive que viver de favor no apartamento da minha melhor amiga e graças a mãe dela, consegui um emprego na floricultura de sua família.

A mãe dela é quem meu bebê chama de vovó, foi ela quem fez questão de pagar todo meu pré natal e ainda comprou um berço lindo pra ele, além de várias coisas do enxoval que ela dizia ser apenas mimos pro netinho.

Morando com minha amiga, eu usava o dinheiro que ganhava na floricultura pra pagar a faculdade, ajudava na comida e comprava as coisas pro meu neném, foi assim durante um bom tempo.

Sou extremamente grata a minha amiga e sua família, não gosto nem de pensar o que teria sido de mim e do Kevin sem eles.

Meu Kevin nasceu dia 04 de novembro, alguns dias antes do previsto mas ocorreu tudo bem, graças a Deus.

- Mamãe. - Meu neném me chamou manhoso e soltou meu peito, me fazendo voltar a atenção pra ele. - Cabou.

Sorri de lado e guardei meu peito de volta, me sentei na cama e ele me imitou, se espreguiçando.

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora