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Fogo e água. Frio e calor. Duas irmãs gêmeas separadas pelo homem, unidas pelo destino.

Uma de cabelos azuis, outra de cabelos rosa. Os mesmos olhos escarlates de seus genitores. Pais? Não... não acho que devam ser chamados assim. Demônios não merecem esse título.

As gêmeas eram muito próximas desde o nascimento, para aqueles de fora da família nunca existiria uma sem a outra. Sempre brincavam juntas, dormiam juntas e passavam horas conversando. A de cabelos rosados era mais falante, extrovertida e confiante, tão brilhante e linda como o próprio Sol. A de cabelos azuis, quieta, sofisticada, delicada e gentil. Misteriosa e cativante como a Lua.

Uma completava a outra, e nenhuma delas sabia como viver incompleta.

Com a benção dos deuses, as irmãs nasceram e cresceram com os poderes de sacerdotisas. Uma com o fogo sagrado tão vermelho quanto sangue e a outra com domínio sobre a água em todas as suas formas. Uma família poderosa e próspera, vivendo a luxuosa e segura vida dos vermelhos de Bloodstate.

Até a ambição corromper a alma do homem.

— Quanto você quer pela loira? — Ele perguntou, enquanto as irmãs se abraçavam atrás da porta, ouvindo a conversa dos adultos sem fazer barulho algum.

"Não devem escutar a conversa de adultos." Seus pais sempre diziam, mas o homem mascarado era assustador demais para deixa-lo sozinho com o papai e a mamãe. E se ele os machucasse?

— Quanto você está disposto a pagar? — O pai sorriu... e a de cabelos rosados começou a perder a confiança abundante de antes. Sua irmã, por outro lado, a segurava ainda mais forte, como se pudesse protege-la de alguma forma.

— Vidya, venha aqui um minuto. — A mãe chamou, em um tom alegre e contagiante que fazia sentido apenas na cabeça dela. As duas crianças se aproximaram de mãos dadas e olharam de baixo para cima o homem mascarado que era extremamente algo e magro, de pele pálida e dedos finos como garras. Os olhos vermelhos macabros exalavam a mais pura maldade. Até mesmo a sombra dele era assustadora como um monstro. — Este moço bondoso vai lhe levar para passear com ele e comprar alguns doces.

Elas sabiam que não haveria doce algum.

— Eu... não vou sem a Gwen! — Vidya disparou, tentando se mostrar confiante, mas com os joelhos tremendo como se estivesse com muito frio.

Os adultos se entreolharam e a expressão da mãe passou de calma para furiosa em apenas um segundo. O pai agarrou Vidya por debaixo dos braços e a mãe segurou Gwen pela gola do vestido, puxando-a para dentro de seu quarto escuro enquanto assistia aos berros sua irmã que se debatia entre lágrimas ser levada pelo homem mascarado.

Desde que o Sol foi embora a Lua nunca mais sorriu.



Dias, meses, anos se passaram naquela casa fria e vazia. Seus pais nunca se arrependeram de ter vendido uma de suas filhas, pelo contrário, eles aproveitaram ao máximo o dinheiro que aquele homem havia dado em troca da criança. Eles se embebedavam toda semana e agrediam Gwen fisicamente, questionando o motivo de ela nunca mais ter sorrido. Até que um dia eles a forçaram a sorrir.

Eles rasgaram sua boca com uma adaga.

Quando o dinheiro acabou eles precisaram encontrar outra forma de sustentar suas bebedeiras e luxos extras. Deixavam Gwen à mercê daqueles que pagassem para ver a sacerdotisa da água e tocar seus cabelos azuis "mágicos" que traziam sorte.

Por dezessete anos ela viveu o inferno. Após o início da guerra as pessoas apareciam mais frequentemente para vê-la buscando sorte em seus cabelos coloridos. Todas as vezes que ela questionava seus pais eles a agrediam e castigavam.

A Rosa de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora