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Estávamos sozinhos pela primeira vez em muito tempo. A lua pairava acima e sua luz prateada apenas realçava a beleza natural de minha amada.

Como era bom poder estar próximo dela mais uma vez. Eu agradeceria todos os dias de minha existência por tê-la ali depois de tantos anos em sua busca – vinte e sete anos, para ser exato.

É engraçado como as coisas mudam. Um dia dividimos uma família com nossos tr- dois filhos. No outro você mal sabe quem sou eu, e olha para mim com esses olhos confusos de quem sente que me conhece, mas não sabe absolutamente nada sobre mim.

— Você parece apreensiva. — Eu disse, enquanto estávamos apoiados sobre o parapeito da varanda da biblioteca. — O que está pensando?

Ela respirou fundo e fechou as mãos com força, tentando esconder a tremedeira.

— Não sei se estou pronta pra morrer ainda. — Ela disse com o olhar cabisbaixo, mas logo abriu um sorriso forçado. — É engraçado, todos estão prontos para dar sua vida por alguma coisa, mas eu sinto que... que ainda falta algo.

Eu sei exatamente como ela se sentiu naquele momento.

— Não vou deixar você morrer. — Disparei, fazendo questão de manter o olhar fixo no dela, para que ela tivesse certeza de que aquilo era um juramento.

Suas bochechas coraram e ficamos ali paralisados perante a luz prateada da última lua cheia do inverno.

Não vou deixar você morrer, não de novo. Pensei.

A Rosa de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora