iv.

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 Os próximos dias seguiram-se um pouco melhores

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Os próximos dias seguiram-se um pouco melhores. Ninguém ousou mencionar a suposta ida de Lucy às terras mágicas, sabendo muito bem o que isso poderia desencadear, e até mesmo Edmund deixou de pegar tanto no pé da irmã após puxões de orelha dos mais velhos — não que isso o impedisse de fazer comentários desagradáveis aqui ou ali.

Mas, ainda que nada sobre Nárnia fosse dito, a mente de Maelie permanecia girando o dia todo, as engrenagens de seu cérebro nunca descansando. A garota pensou que sentiria-se mais tranquila e relaxada quando finalmente encontrasse os reis e rainhas por quem esperou durante tanto tempo, mas, quando descobriu que os Pevensie eram quase certamente esses que procurava, descobriu também que estava errada. Em vez de relaxar, sua cabeça só pareceu agitar-se mais, mil e uma questões assombrando-a dia e noite, sem deixar espaço para muitos outros pensamentos.

Sua última semana baseou-se em passar horas sentada em sua cama pensando e rabiscando em seu caderno de desenhos, e gastar algum tempo jogando baralho com Lucy, ou conversando com Peter sobre qualquer coisa que surgisse-lhes à mente.

Sua cabeça pendeu um pouco para trás, batendo contra o grande tronco da árvore atrás de si. Seus olhos estavam firmemente focados no espaço em branco à frente de seus olhos, exceto nos momentos nos quais decidia enviar olhares discretos ao Pevensie mais velho, que jogava críquete com Edmund — algo que Maelie tinha certeza de que era apenas uma desculpa para descontar sua raiva um no outro.

Enquanto Susan acompanhava os irmãos no jogo, Maelie e Lucy descansavam sob a sombra de uma árvore, a mais velha desenhava figuras ainda desconhecidas a si em seu bloco, e a mais nova lia, sem tirar os olhos das páginas amareladas do livro por um instante.

Maelie saltou quando um som estridente soou, ela olhou para Lucy, que parecia tão confusa quanto, e depois para os outros três amigos, que fitavam algo lá em cima. Direcionando sua visão para onde os Pevensie olhavam, uma maldição baixa escapou de seus lábios ao notar o buraco nas vidraças da mansão, com o formato exato de uma bola de críquete. Uma chave pareceu girar em sua cabeça ao perceber o taco na mão de Edmund, e Lucy e Maelie levantaram-se, juntando-se aos três.

— Eu não acredito, Ed! — Peter disse quando entraram em uma sala de antiguidades, onde uma armadura brilhante fora derrubada no chão.

— Você quebrou! — Edmund exclamou, defensivo.

— Isso não importa agora! — Maelie interrompeu os dois.

O som de passos pesados pareceu acordar os dois irmãos para a realidade, e Maelie já previu o que estava por vir, tendo passado por situações parecidas algumas vezes.

O quê é que vocês estão aprontando aí em cima? — uma voz rígida e irritada gritou.

— Dona Marta! — Susan disse, e os cinco começaram a correr.

Maelie segurou-se nas primeiras mãos que sentiu, correndo o mais rápido que conseguiu. Seguiram por alguns corredores, Edmund estava à frente, guiando-lhes, mas a governanta parecia conseguir estar em todos os lugares ao mesmo tempo. O garoto finalmente achou um corredor vazio, e levou-os à uma sala que logo reconheceram como a sala do guarda-roupa. Ele foi até o armário e abriu a porta, sinalizando para que entrassem.

ANTI-HERO | as crônicas de nárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora