prólogo

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 Maelie sentia seu corpo flutuar enquanto caminhava, analisando confusamente o ambiente e tentando encontrar alguma pista de onde estava, vendo apenas um espaço em branco, sem sinal algum de vida

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 Maelie sentia seu corpo flutuar enquanto caminhava, analisando confusamente o ambiente e tentando encontrar alguma pista de onde estava, vendo apenas um espaço em branco, sem sinal algum de vida.

 Ela não podia deixar de sentir que essa situação lhe era familiar.

 Olhando para seus braços, eles continuavam cobertos pelas mangas longas de seu pijama de seda branca, e Maelie tentou lembrar-se se acordara em algum momento durante a noite e encontrara alguma forma de morrer.

 Passos firmes atrás de si chamaram sua atenção, e a garota preferia que não tivesse se virado em sua direção. Porque, quando virou-se, encontrou os olhos caramelo de um grande leão, maior do que qualquer um que Maelie poderia ter imaginado ver em seu mundo. O animal a fitava com algo que parecia ternura nos olhos, mas sua postura era impotente e elegante, o que causava certo arrepio em quem o visse.

— Aslan.

 O leão deu mais um passo para a frente, aproximando-se da jovem, que o olhava com a boca entreaberta, sem saber o que falar.

— Maelie. — sua voz profunda e grave ecoou por onde quer que os dois estivessem. — Há quanto tempo não lhe vejo.

— Oh, Aslan. — repetiu Maelie. — Não esperava vê-lo novamente tão cedo.

 Na verdade, Maelie não esperava vê-lo novamente nunca. Os dois anos que passara longe de Nárnia — dois anos em seu mundo, sabe-se lá quanto tempo isso foi nas terras mágicas. — a fizeram acreditar que talvez nunca visse sinal do mundo em nenhum outro lugar que não fosse os pensamentos intrusivos nos quais sua mente insistia em ficar presa por horas. Agora, se essa ideia a confortava ou a assustava, ela não fazia ideia.

— Espero não estar desapontado-lhe. — Aslan brincou, balançando a volumosa e brilhante juba. — Aliás, você parecia um pouco mais velha quando a vi pela última vez.

A garota não pôde evitar um leve sorriso com o comentário do leão, conhecendo a intenção de deixá-la mais confortável por trás das palavras.

— E você, mais novo. — deu de ombros. — Confesso que a diferença entre as linhas do tempo de Londres e Nárnia me confundiram muito no começo, mas nada com o que não pudesse lidar.

— Bem, será que conseguiria lidar com essa mudança novamente?

 Maelie congelou, já entendendo o sentido da fala de Aslan. Batendo com os pés contra o chão abaixo de si, gaguejou.

— O quê?

— Da última vez que nos vimos, fizemos um acordo, não fizemos?

 A garota acenou com a cabeça, lembrando-se muito bem da última vez que encontrara o leão, como poderia esquecer-se?

— Prometeu-me que me ajudaria em qualquer coisa futuramente caso tentasse auxiliar seu amigo. — lembrou Aslan lentamente. — Cumpri com minha parte, agora é sua vez de cumprir a sua.

 Maelie fincou os dentes nos lábios vermelhos e mexeu com a bainha de seu vestido, tentando distrair-se de mais um pensamento intrusivo que estava prestes a invadir sua mente.

— Elijah não está aqui.

 O olhar de Aslan tornou-se mais gentil e caloroso, inclinando a cabeça para o lado, o leão tornou a falar, com uma voz aveludada e confortante.

— Não prometi que daria certo, querida, mas fiz o que estava a meu alcance. Não podemos simplesmente evitar todas as desgraças da vida.

 Maelie sabia que ele estava certo. Claro que estava. Ela sabia que Aslan fez o que pôde para salvar Elijah do que lhe ocorreu, e também sabia que, se tivesse sido um pouco mais ágil, poderia tê-lo salvado de seu destino sombrio e melancólico.

 O animal tomou o silêncio da garota como um acordo, e tornou a falar.

— Maelie Venus Gauthier, preciso que você seja a guia dos quatro reis e rainhas.

 Seu queixo quase caiu, e seus olhos arregalaram-se tanto que Maelie suspeitou que pudessem saltar de órbita.

— Por que eu?

— Quem mais seria? — Aslan indagou, num tom óbvio. — Não estou pedindo-lhe isso apenas por causa do acordo. Confio em você, Maelie. Acredito que você seja a única pessoa responsável e corajosa o suficiente para acompanhar os quatro em sua jornada para livrar Nárnia do inverno eterno da Feiticeira Branca.

 Seus pelos arrepiaram-se com a menção da mulher, quase como se o clima esfriasse apenas com o som de seu nome.

— Como sabes se viverei a tempo de guiá-los até Nárnia? — perguntou Maelie. — Como sabes se ao menos terei contato com eles?

— Eu apenas sei, querida.

 Maelie suspirou, pensando na oferta de Aslan. Ela sabia como os narnianos estavam sofrendo. Oras, ela passou mais de cerca de três anos em Nárnia! Lhe doía pensar nos seres que morriam com esperança de um mundo livre e feliz, e nos que já perderam a fé em uma vida boa. Mas, ao mesmo tempo, não acreditava que seria ela a pessoa a entregá-los essa felicidade. Não quando era apenas uma garota qualquer, e principalmente, não quando já servira ao lado oposto.

— Aslan, não acredito que seja digna de exercer este papel.

— Conheço seu passado mais do que ninguém, Maelie. Por isso mesmo a escolhi. — explicou ele. — Você é mais do que digna de ser nossa guia.

— Maelie, você aceita ser a guia dos reis e rainhas de Nárnia e levá-los a salvo para governar o castelo de Cair Paravel?

 A morena fitou seus pés, pensando por um instante. Lembrou-se de como odiava quebrar promessas, dos rostos sonhadores dos narnianos, das terras um dia ensolaradas e cheias de música e da face animada de Elijah ao ouvir as histórias dos faunos sobre sua infância. Então, ajeitou sua postura e, com um rosto solene, disse.

— Eu aceito.

 E então, Maelie acordou com um salto em seu quarto.

ANTI-HERO | as crônicas de nárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora