iii.

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 Maelie escaneou o quarto dos garotos Pevensie com os olhos, encontrando a figura loira que procurava sentada em sua cama, fitando seus pés, e notou que Edmund provavelmente estava em qualquer outro lugar longe do alcance de todos

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Maelie escaneou o quarto dos garotos Pevensie com os olhos, encontrando a figura loira que procurava sentada em sua cama, fitando seus pés, e notou que Edmund provavelmente estava em qualquer outro lugar longe do alcance de todos.

A garota bateu duas vezes na porta aberta, vendo Peter saltar um pouco ao ser acordado de seus devaneios. O menino olhou-a um pouco confuso, mas acenou para que ela entrasse mesmo assim.

Maelie adentrou o cômodo, direcionando-se à cama e sentando-se ao lado de Peter, que permaneceu a fitando, esperando que dissesse algo.

— Lu está dormindo, acho que não conseguiu aproveitar o sono da noite passada. — disse ela, Peter acenou em concordância.

— Susan me disse que ela passou a noite revirando-se na cama. — respondeu, voltando seu foco aos seus pés, e suspirou. — Olha, Maelie, sinto muito por você ter tido de presenciar aquela discussão.

Maelie acenou com a mão, como se estivesse espantando algum inseto indesejado, e estalou com a língua no céu da boca.

— Já vi coisas piores. — deu de ombros. — Além disso, não é como se fosse comigo que você tivesse brigado.

Peter pareceu entender o recado, pois encolheu-se um pouco, envergonhado, e levou a mão à nuca, coçando o local. Um silêncio pesado seguiu sua fala, Maelie sabia que a mente do garoto ao seu lado girava em um turbilhão de pensamentos.

— Você acha que Lu estava falando sério sobre aquilo de mundo no guarda-roupa?

Peter parecia tímido ao fazer a pergunta, quase como se não acreditasse que estava realmente questionando isso. E Maelie, assim como fez com Lucy, virou seu corpo levemente para o lado e, olhando para o menino com um sorriso, disse com uma piscadela.

— Nunca se sabe.

 Maelie odiava ter seu sono interrompido por qualquer razão que fosse

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Maelie odiava ter seu sono interrompido por qualquer razão que fosse. Então, poderia-se dizer que ela não estava muito feliz quando foi despertada pelo som de passos rápidos no corredor, e por uma voz fina chamando o nome de um dos novos hóspedes.

Quando notou que o ruído não pararia tão cedo, Maelie levantou-se de sua cama, vestiu seu roupão, e calçou suas pantufas, indo checar o quarto a duas portas do seu. Ao aproximar-se da porta aberta, pôde observar a sombra de quem ela assumia ser Susan dentro do quarto, e os chamados de Lucy por Peter soavam mais altos.

— O quê está havendo?

Os quatro viraram-se em direção à entrada do quarto dos garotos, encontrando a garota em seus pijamas, com cabelo meio bagunçado e aparência sonolenta. Maelie coçava os olhos com os nós dos dedos, parecendo desnorteada por conta do sono.

— Está lá! Está realmente lá! — Lucy exclamou mais alto, chamando a atenção para si novamente.

— O quê, Lucy? — Peter perguntou.

— Nárnia! Está no guarda roupa. E dessa vez Edmund foi também!

Maelie parou seus movimentos, de repente sentindo-se muito acordada. Lucy fora à Nárnia novamente? Estaria Aslan brincando com ela e fazendo-a esperar? Qual seria o motivo de mandá-los para lá e tirá-los tão rapidamente?

— Você viu o fauno? — Peter indagou, curioso.

Edmund parecia atortoado, como um cervo nos faróis. Sua aparência não era muito boa, como se estivesse meio doente.

— Edmund não foi comigo... O quê você ficou fazendo, Edmund? — Lucy disse, agora curiosa para saber o que o irmão inventava enquanto estava longe de si.

Edmund pensou um pouco, gaguejando e alternando o olhar entre cada um dos presentes no cômodo, a aparência era de que qualquer palavra errada causaria um efeito extremamente negativo após sair de sua boca.

— Eu estava apenas brincando, me desculpe, Peter, eu não devia ter influenciado. — ele começou. — Mas você sabe como são as crianças hoje em dia, não sabem quando parar de fingir.

Os olhos de Maelie semicerraram-se, e Edmund pareceu arrepender-se do que disse quando viu o rosto de Lucy ficar vermelho, e lágrimas ameaçarem escorrer de seus olhos. A pequenina saiu correndo do quarto, logo sendo seguida por cada um dos outros.

Peter foi o penúltimo, e não pôde deixar de empurrar o irmão mais novo, derrubando-o em sua cama, antes de seguir Susan. Maelie riu um pouco, mas seu rosto ficou sério ao encontrar os olhos castanhos de Edmund, e ela o fitou com um olhar desapontado.

— Aprenda a não ser um idiota logo, Edmund, ou você vai acabar se dando mal em algum momento.

Chegando no corredor, Maelie parou ao encontrar Lucy soluçando nos braços de Digory, enquanto Dona Marta olhava entre o par e os dois Pevensies mais velhos com um olhar de vergonha pura.

— Maelie, querida. — seu tio reconheceu sua presença, levantando um braço que segurava Lucy para acenar em sua direção. — Dona Marta irá levar nossa doce hóspede para tomar uma xícara de chocolate quente. Gostaria de acompanhá-la?

— Gostaria muito, na verdade. — Maelie sorriu. — Mas estou caindo de sono, então acho que irei deitar-me agora.

O professor acenou com a cabeça em compreensão, sorrindo levemente.

— Boa noite, tio Digory. — a garota aproximou-se do velho, deixando um beijo em sua bochecha. — Boa noite Lucy.

Os cantos dos lábios de Lucy curvaram-se levemente para cima quando Maelie acariciou seus cabelos e passou uma mão por sua bochecha.

Maelie também despediu-se da governanta, com um pequeno abraço, que foi correspondido pela mulher após uns segundos de hesitação.

— Boa noite, vocês dois.

Maelie sorriu para Susan, que sorriu de volta, e colocou uma mão no braço de Peter, dando um leve aperto reconfortante. O garoto acenou com a cabeça, silenciosamente agradecendo pelo apoio.

Quando chegou em seu quarto, descalçou as pantufas, tirou o roupão e enfiou-se debaixo das cobertas, Maelie sabia que havia mentido para seu tio. Ela não estava com sono, muito pelo contrário, estava muito acordada pensando nas terras que só visitara nos últimos anos por meio de sonhos, na razão por trás da demora de Aslan para enviar um sinal, no motivo pelo qual Lucy continuava indo à Nárnia sem sequer uma explicação.

Até que uma ideia acendeu-se em sua cabeça, e foi aí que Maelie percebeu que não conseguiria adormecer mesmo naquela noite. Porque, quando forçou um pouco mais o cérebro, quando seus olhos arregalaram-se e quando seus lábios se separaram lentamente, Maelie sentiu-se extremamente estúpida por não ter encontrado a resposta antes, resposta essa que estava logo abaixo de seu nariz.

Ela havia finalmente encontrado os reis e rainhas da era de ouro.

ANTI-HERO | as crônicas de nárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora