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 Era difícil ver qualquer coisa que não fosse a neve pálida e cintilante espalhada pelo chão e pelas árvores, Maelie não ficaria surpresa caso descobrisse que estavam apenas andando em círculos todo esse tempo

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Era difícil ver qualquer coisa que não fosse a neve pálida e cintilante espalhada pelo chão e pelas árvores, Maelie não ficaria surpresa caso descobrisse que estavam apenas andando em círculos todo esse tempo. Não ajudava muito que Nárnia tivesse, surpreendentemente, mudado desde a última vez que estivera lá. Mesmo debaixo do inverno eterno, a terra parecia conseguir transformar-se em outra, confirmando as suspeitas da garota de que havia passado um pouco mais de três anos fora das terras narnianas.

Maelie só esperava poder tomar um chá quente com um fauno simpático, que resumiria tudo o que estava acontecendo no momento, e partir para sua jornada até Aslan sem muitas preocupações.

Caíam flocos de neve sobre seus cabelos escuros, e ela sentia-se como seu tio Digory com seus cabelos e barba grisalhos. Seu braço estava ligado ao de Susan, e as duas assistiram enquanto Peter e Lucy divertiam-se à frente.

— O que está achando de tudo isso? — indagou Maelie, curiosa para saber o que se passava na mente da garota que vinha sendo tão cabeça dura em relação ao assunto de Nárnia.

Susan deu de ombros, fazendo com que o braço direito de Maelie balançasse um pouco.

— Confusa, confesso. — respondeu sinceramente. — Mas acho que todos nós sentimo-nos assim.

Bem, ela não estava completamente errada. Maelie estava confusa, mas não confusa com o mundo em si — pois já estivera lá por muito tempo. —, confusa com a razão pela qual ela fora e escolhida para estar com eles, confusa em relação aos planos de Aslan, que falara tão vagamente sobre o que a garota deveria fazer, confusa sem saber o que faria após deixar os Pevensie em segurança para reinar em Cair Paravel.

— Maelie! — sua cabeça chicoteou para cima, e ela encontrou Peter chamando-a. Ele acenou para a garota aproximar-se. — Venha!

Confusa, Maelie afastou-se de Susan e andou até Peter aceitando sua mão estendida, antes que um grito escapasse de si quando o garoto puxou-lhe para o chão consigo, os dois rolando por uma pequena colina.

— Peter!

O garoto ria, e Maelie levantou-se, amuada, lamentando suas vestes agora molhadas. Mas ela não conseguiu ficar irritada por muito tempo, porque, ao escutar o som da risada animada de Peter e ver o sorriso divertido na face de Lucy — que também rolara colina abaixo —, Maelie começou a rir levemente também, balançando a cabeça.

— Você é um idiota. — disse e Peter encolheu os ombros, ainda rindo.

— Desculpe, o quê disse? Seu grito entupiu meus ouvidos! — falou, logo depois gritando um pouco com o choque do punho de Maelie contra seu ombro esquerdo.

— Agora o seu também entupiu os meus.

Após mais brincadeiras, os cinco voltaram a andar. Lucy caminhava à frente, devaneando sobre o que encontrariam na casa do Sr. Tumnus. Atrás de si, encontravam-se Peter e Maelie, que faziam uma pequena, e um pouco agressiva, competição de empurrar um ao outro. Por fim, Susan e Edmund andavam em silêncio atrás de todos, cada um em seu mundo.

ANTI-HERO | as crônicas de nárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora