Nove - Parte 2

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— Eu já disse tudo o que sei pai. Posso ir embora? — meu corpo cansado pede descanso e repetir as mesmas palavras me cansam.

— Não, Ella. Vamos repassar mais uma vez. Quantos deles você viu?

— Sete. Contando com Viktor. — respondo pela enesima vez. Meu pai faz as mesmas perguntas a espera de que eu dê respostas incorretas.

Não houve surras ou suspensões, assim que cheguei fui levada para o porão do seu prédio de reuniões e fiquei de frente para ele e meus irmãos. Luigi me deu o que pareceu um projeto de sorriso. Mateo apenas me estudou e Dom Morelli apenas me obrigou a me sentar.

— Por que não nos contou que tinha um inimigo aqui? — pergunta Mateo.

— Porque fui ameaçada, poderia ter morrido. E além do mais, não sabia que ele era um inimigo da Máfia, afinal não participo disto.

Mateo estuda a minha resposta buscando alguma falha.

Não tem nada, estou a mais de 24 horas acordada, respondendo questionamentos da minha família.

— Eu devia te dar uma surra, Ella. Por ter dormido com o nosso inimigo. Deveria te dar uma surra por ter mentido para nós. — meu pai me ameaça, mas sei que ele não fará isso.

Apenas concordo com a cabeça, cansada demais para falar.

— Você é uma inútil, Ella. Inútil. Mas conseguiu algo que me será útil. Tá dispensada. Te levarão para casa.

Luigi me leva até a garagem e me coloca em um carro. Me viro para ele e o agradeço.

— Obrigada, Luigi. Eu não sei o que seria de mim se você não tivesse atendido.

— Apesar de tudo, você é minha irmã. Vá para casa e descanse.

Ele fecha a porta e o vejo parado enquanto o carro se afasta.

Me viro para frente e uma lágrima escorre pela minha face, não sei se choro por estar em casa ou por Viktor.

Assim que o carro para em frente a casa, eu corro para dentro. Sigo pela cozinha e então para o quarto onde Marise sempre dormiu. Ela está lá, ela não foi embora e me abandonou. Mas agora iremos juntas. Sem Viktor ou minha família para nos impedir.

— Marise. — a chamo baixinho para que não se assuste. — Sou eu, Ella.

Ela desperta de seus sonhos e me observa com espanto, leva sua mão ao peito.

— Calma! Sou eu. Não se assuste.

— Ella? Como você voltou?
— É uma longa história.

Ela se senta na cama e acende a luz total do quarto. Sua mão passeia pelo meu rosto e meu cabelo.

— Achei que tivesse te perdido, minha menina. Achei que nunca mais te veria.

— Também pensei isso. Mas estamos aqui.

Me deito ao seu lado na cama como costumava fazer quando era criança e tinha pesadelos. Meu corpo todo relaxa ao saber que estou em casa e na presença de alguém que me conforta.

Durmo e mergulhos em sonhos intranquilos com um moreno alto me perseguindo. 

A luz solar é a primeira coisa que noto e serve para me lembrar onde estou, o quarto de Viktor era escuro e a menos que as cortinas fossem abertas, o lugar parecia um breu. Me sento na cama de Marise e olho para a visão que tenho lá fora, o jardim está brilhando e o jardineiro rega as plantas. Homens patrulham o local, parece ter mais que dá última vez.

Levanto da cama e saio em direção ao meu quarto, que se encontra como eu deixei. Afinal foram poucos dias fora.
Tomo um banho e aproveito o momento para lavar minha alma.

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