Doze

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Assim que piso no freio sei que preciso de boas lições por um longo período, sou idiota ao ponto de não perceber que isso aconteceria. Um moleque. Não estou pronto para assumir responsabilidade alguma e acabei de provar isso para mim e para qualquer outro.

Yan está assustado atrás de mim, nunca passou por algo assim em sua vida tranquila nos subúrbios.

— O que fazemos agora, porra!? — tento não me irritar com seu desespero, ele é plausível.

Apesar de termos homens armados também, não são nada perto da quantidade de Dom Morelli. Penso na morte, acho que estou novo demais para isso.

Yan continua balbuciando coisas em nossa língua materna, olha espantada para a barreira humana a nossa frente.

— Vamos morrer, Viktor. Olha só a situação em que você nos meteu!

— Calma, PORRA! Você não está me permitindo pensar! — Caralho! Bato a mão no volante do carro e começo a pensar nas alternativas.

Pelo retrovisor consigo ver nossos carros se aproximando, temos no máximo 10 homens contra uns 30 do outro lado.

Seríamos fuzilados assim que tentássemos avançar. Não. Essa não é uma opção. Reforços. Começo a procurar meu celular, pulando por cima do corpo gelado do meu irmão. Olho para ele e numa tentativa de acalmá-lo digo:
— Chamando reforços.

Sua cabelereira vai junto com os movimentos de afirmação de seu cabelo.

Eu ligo para nosso analista de operações e solicito mais homens. Só espero que isso seja o suficiente, se formos massacrados com tiros antes não sei quanto tempo a blindagem do carro poderia aguentar sem revidarmos.

Em outro momento, eu teria saído e disparado balas até não haver mais nenhuma, mas agora não posso. Não posso por Ella, pelo meu irmão ao meu lado, e não posso pelo pedido da minha mãe.

Curiosamente, depois de minutos angustiantes, os homens começaram a dissipar, entraram em seus carros e deram partida. Respirei aliviado após toda a tensão. Meu irmão continuava em estado de choque.
— O que foi isso, Viktor? — pergunta quase tremendo, é mesmo um medroso, não serve pra trabalhar na Organização.
— Um aviso. Vou entender se você quiser voltar pra Rússia. Aqui pode não ser mais tão seguro. — digo a ele enquanto ligo o carro e dou partida, pelo retrovisor posso ver nossos homens por perto. Vou precisar reforçar ainda mais a segurança.
— Devíamos voltar juntos, você pode acabar morto. — ele diz serio, dessa vez com a cor no rosto outra vez.
— Não saio daqui sem resolver isso. — respondo diretamente a ele.

Não há possibilidades de eu sair daqui sem Ella ou qualquer informação sobre ela. E agora que os Morelli, já sabe sobre a minha visita à Itália, preciso ainda mais resolver esse problema de uma vez por todas.

Ao chegar em casa tudo o que preciso é de algo que espaireça a minha mente, e nada melhor que isso do que água gelada, a piscina olímpica que há nos fundos da residência será o necessário. Deixo Yan na porta e sigo para o meu quarto, minutos mais tarde eu entro na piscina trajando as vestimentas necessárias. A cada braçada eu fico ainda mais tranquilo, tentando não pensar na morte que quase tive.

Dei três voltas ao redor da piscina e percebi que era o suficiente. Caminhei para fora e me enrolei em um roupão disponível. 

A vontade de fumar bateu forte, ainda sentia a adrenalina dentro de mim, mas esse é um vício que estou tentando abolir, não desejo ficar refém disto, e depois do que aconteceu com o meu pai, tenho ainda mais motivos para desistir do vício.

Beber vodka pura, como todos os meus conterrâneos fazem, será o suficiente para mim neste momento.

Adentro a sala e me sirvo de uma dose da bebida, o líquido queima ardentemente, mas já estou acostumado com a sensação, por isso reviro outra dose, dessa vez me sentindo vivo o suficiente, uma terceira e estou em paz.

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