Olhos em mim e fotos.11.

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— eu não sabia que seu pai era inglês, você não tem sotaque... — falei caminhando atrás de Jennie, ela segurava seus livros com força e foi aquele momento que eu percebi que havia passado muito dos limites.

— você não sabe nada sobre mim e você não tinha que ficar me espionando por aí, eu não te devo explicações de nada. — ela se virou em minha direção e disse tudo aquilo em um só fôlego, ela ainda parecia muito frustada e eu, sem reação, apenas concordei meio envergonhada.

— me desculpa... — digo baixinho e sinto minha voz saindo falha, me praguejo por isso mas quando levanto o rosto ela sequer estava ali em minha frente mais.

Eu suspiro fundo e me encosto em um dos armários do corredor, eu tinha que estragar tudo... e mal tinha começado a tentar algo.

(...)

Jennie pov.

Eu sentia meu coração bater muito forte, mas dessa vez não era aquela sensação boa de quando eu estava com Lisa, era uma sensação de terror e medo. Sentia minhas mãos suadas e eu mesma parecia conseguir ouvir as batidas frenéticas do meu peito. Para de drama, jennie, para de drama.

Eu repetia como se fosse um mantra enquanto me agarrava a minha e tentava com todas forças usar minha mão livre pra abrir a porta do meu carro, minha mão trêmula me fez se afastar e tentar respirar fundo.

  — jen? — aquela voz... eu não queria que ela me visse assim, por que ela não se afastava de mim na primeira grosseria como qualquer um faria?

  — vai embora. — saiu fraco e quase sem som, Lisa percebeu e se aproximou de mim com cuidado e segurando em meus ombros com uma delicadeza fora do comum.

Eu escutei o barulho da porta do meu carro abrindo e rapidamente senti Lisa me sentar no banco com cuidado, ela jogou minha mochila no banco de trás e colocou meus cabelos para trás.

— conta até três junto comigo? Ai você puxa o ar o máximo que puder. — ela colocou uma das minhas mãos no meu peito e ficou segurando com cuidado pra que eu não saísse da posição.

  — um... — contei junto a ela e eu me sentia a pessoa mais dramática do mundo agora, sentia vergonha de fazer aquilo... e odeio por ter aconselhado bem na frente dela.

  — ei... — abri meus olhos e encarei os dela. — você está indo bem, ok? Continue.

  — um, dois... três. — ela puxou o fôlego junto comigo e eu consegui um pouco mais a vontade.

  — agora solta pela boca. — quando ela falou, eu apenas fiz o que disse.

Ficamos naquela posição por alguns minutos até minha respiração se normalizar totalmente, ela não me encarava com pena. Seus olhos transmitiam preocupação e um brilho que eu não sabia exatamente do que se tratava, lisa havia cuidado de mim em um momento o qual eu jamais havia pensava que iria acontecer na frente de alguém.

  — me desculpa por ter sido rude mais cedo. — falei baixinho e ela negou com a cabeça.

  — está tudo bem, eu passei dos limites. — ela sorriu fraquinho.

  — você é uma garota incrível, sabia? — lisa ficou com as bochechas vermelhas e aquilo me fez sorrir. — meu... pai e eu não nos damos muito bem, me desculpa por ter me visto assim.

  — não se desculpe por isso, essas coisas não deviam acontecer, mas não é motivo para se envergonhar caso aconteça. Você é só uma garota e eu tenho certeza que é forte demais... mas mesmo sendo mais forte que a mulher maravilha, precisa de ajuda as vezes. — eu sorri para ela e concordei.

  — obrigada.

  — de nada. — ela ajeitou a mochila em seu ombro meio sem jeito. — eu... fiquei com medo dele tocar em você, por isso eu entrei na sala. Eu ouvi muitas notícias de que isso acontece muito e eu fiquei com medo de que acontecesse com você, desculpa por ser uma intrometida.

  — seu medo é que ele me bata ou...

  — é... ele aumentou o tom de voz e eu... não sei como funciona isso, então meio que assumi que começava assim.

  — seus pais nunca brigaram com você?

  — eu não tenho pai e minha mãe sempre lida com as coisas de jeito diferente.

  — como assim? — me ajeitei no banco ouvindo o que ela iria dizer.

  — quando fazemos algo errado ela faz um apresentação de slides com um discurso de horas do que fazemos de errado e o que fazer pra melhorar. — explicou pensativa. — ou ela fala que vai sumir com as nossas roupas favoritas.

Eu soltei uma risada baixinho e Lisa me acompanhou, era um som divino e quando paramos de rir ela me olhou com aquele olhar que eu não entendia bem o que significa.

  — você quer ir lá em casa? A gente pode tentar fazer panquecas e comer com um caldo tailandês que minha faz, receita de família!

  — está me convidando só pra garantir a carona?

  — eu... eu... eu...

  — relaxa, eu estou brincando! — ela pareceu respirar aliviada. — eu aceito ir comer panqueca na sua casa.

  — então....

  — entra no carro, Lalalisa. — ela entrou no carro e colocou a mochila junto da minha. — aliás, você começou a postar foto no seu Instagram.

  — minha amiga falou que seria uma boa ideia fazer isso, ela disse que eu sou "bonita demais e tenho que postar". — quando comecei a dirigir notei Lisa segura no banco.

  — ei! Eu dirijo bem!

  — diabo que duvide, Cher horowitz.

  — mas sua amiga está certa, você é bonita demais pra usar o instagram como um stalker. — escutei um suspiro vindo dela e eu sorri. — assim, quando me mandou mensagem pela primeira vez eu quase morri de medo de ser um velho tarado.

  — mas tem eu na foto de perfil!

  — nem da pra ver você, Manoban. Poderia ser qualquer foto tirada do Google e eu nunca saberia.

  — eu não tirei do Google, eu sei tirar fotos legais.

  — eu sei, as fotos que postou ficaram lindas... até as que eu apareci sem autorização.

  — sobre isso, não me processa. — ela se virou totalmente de frente pra mim em cima do banco e eu sorri mais ainda com seus olhos presos em mim. — eu achei a foto linda e quis postar.

  — você poderia ter me mandando.

  — não tenho seu número.

  — mas tem meu Instagram.

  — é melhor por mensagem de texto.

  — você está tentando conseguir meu número?

( nem tantas) mudanças depois do verão Onde histórias criam vida. Descubra agora