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Era final de tarde, dois dias após a inconveniente morte de Mike Newton.

Desde então Harry não saía de casa, apenas para o extremo necessário.

No fim da tarde anterior ele foi visitado por um policial. O homem ostentava um belo bigode e tinha uma aparência sofrida, mas não tirava sua beleza rústica. O homem chegou no meio da tarde com seu carro na porta do garoto.

— Há quanto tempo você mora aqui, Sr... ? — Ele perguntou ao garoto.

— Morris, Harry Morris, senhor. — Ele respondeu educadamente — E eu moro aqui a pelo menos duas semanas. — Ele falou e o policial franziu o cenho.
Duas semanas era um tempo longo e ninguém havia falado sobre uma nova família na área.

— Você mora com quem aqui, Sr. Morris? — Ele questionou.

— Não, eu moro sozinho, senhor. Sou emancipado, meus pais morreram quando eu tinha 1 ano e meio, fui criado na Inglaterra por uma tia adotiva e saí de casa aos 16 — Ele respondeu o que era de praxe. Sua resposta para todo curioso. Era uma história triste e soava ser verdadeira o suficiente para ninguém contestar a veracidade dela.

— Certo..— O policial falou desconfortável, tomando nota em sua caderneta. — Você avistou algum animal perigoso na região? Um urso ou um puma...—Ele perguntou e Harry franziu o cenho.

— Não notei nada senhor. Porque? — Ele perguntou curioso.

— Recentemente um jovem foi morto por um animal selvagem não muito longe daqui, talvez duas uma milha e meia floresta a dentro naquela direção — Ele falou e apontou para o lado direito e Harry sentiu o sangue gelar, mas disfarçou bem e fez uma cara de choque e susto boa o suficiente para o policial não contestar. — Estou passando nas casas ao redor para avisar aos moradores sobre a possível presença de um animal perigoso na região— Ele falou e Harry assentiu, ficando inquieto. Mas o policial identificou com nervosismo da morte do jovem Newton. — Você estuda? Já se matriculou no colégio da região? — Ele perguntou e Harry franziu o cenho.

— Bem, eu fui adiantado na escola, me formei no colégio quando eu morava na Inglaterra, senhor. — Ele informou o homem que assentiu e fez outra anotação em sua caderneta.

— Você tem carro filho? — O policial perguntou e Harry negou.

— Não senhor. — Harry respondeu e então viu o policial franzir o cenho e o olhar com curiosidade— Eu estou a apenas vinte minutos da cidade e gosto da caminhada e da vista que a região fornece, me apaixonei rápido pelo verde e pelo clima, me lembra meu antigo país... — Ele explicou e o policial assentiu. Sorrindo pequeno e tomando nota do que foi falado.

—Bem, acho que você deveria investir em pelo menos um carro, é perigoso andar por aí a pé e sozinho, nunca se sabe quando um animal selvagem pode atacar, como aconteceu com o pobre e inocente Sr. Newton.— Ele falou e Harry assentiu, sentindo sua bile subir pela garganta. Mike Newton não tinha nada de inocente, ele era um abusador horrível e mereceu morrer, na opinião de Harry.

— Pode deixar senhor. — Ele falou contido, disfarçando com um sorriso, e então o policial o fez mais algumas perguntas e então foi embora. Harry observou o homem sair de sua propriedade com a viatura da polícia.

O garoto fechou a porta atrás de si com delicadeza, se escorando na porta fechada.

— Quase...— Ele confessou, baixinho, inspirando fundo e fechando os olhos. Harry soltou o ar e foi para sua sala, se sentando e refletindo sobre os acontecimentos.

Ele era uma bomba prestes a explodir. Ele achou que nunca mais iria acontecer isso de novo. Sabia o que era, tinha estudado sobre ser um Fae durante anos, e mergulhou de cabeça nos estudos quando notou que ele não envelhecia mais.

O jovem se lembrou do capítulo do livro sobre sua espécie que dizia sobre esse descontrole. Apagar e acordar daquele jeito.
Era, basicamente, a liberação de sua criatura interior. Todas as vezes que ele se encontrava em risco, seu instinto assumia com o intuito de se proteger.

i'm yours • edrryOnde histórias criam vida. Descubra agora