Capítulo 1

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Os pulmões de Lia estavam no ápice, quase perto de explodir. Sua respiração pesada quase cessa a cada segundo, estava exausta. A única coisa que lhe agradava após um dia longo e estressante era assistir o pôr do sol enquanto pedalava de bike.

Ver os tons de laranja, rosa e violeta do entardecer era mágico. Uma sensação que nunca passa desde que era criança. Infelizmente não durou muito tempo. Perdida em seus pensamentos, Lia não percebe o pedestre a sua frente e acaba o atropelando.

- Ei, olha por onde anda seu idiota! - com raiva, Lia levanta rapidamente e recolhe sua mochila que havia caído próximo a ela.

- Quem é você pra me chamar de idiota? Deixa de ser lerda e presta atenção na rua. - o homem a sua frente retruca, igualmente irritado.

- Tá estressadinho porque teve um dia ruim? - provocou.

- Como eu não poderia, depois de olhar para tua cara.

Apenas nesse momento ambos se encaram, ficando mais calmos. Ele respira fundo e se apresenta, ainda caído no chão.

- Eu sou Lucian, é um enorme desprazer conhecê-la. - se apresentou com voz teatral, dando um pequeno sorriso.

- Amália, igualmente. Você vai ficar aí no chão ou eu posso passar por cima? - indagou, levantando a bike.

- Experimenta pra ver se eu não quebro teu pescoço.

- Sério, porque você não levanta? - questionou tediosa.

- Eu não consigo, tá doendo muito. Acho que torci o tornozelo. - Lucian analisou com pressa a sua perna, voltando a encará-la.

- Espera aí.

Lia retirou a mochila das costas e se sentou ao lado dele, procurando algo que quase o matou de curiosidade.

- O que você vai fazer?

- Vou dar um jeito. - ela deu de ombros. Logo que encontrou, tirou da mochila uma enorme caixa branca de tampa vermelha.

- Porque você tem um kit de primeiros socorros?

- Isso não lhe diz respeito. - ela o encarou, certamente com mais benevolência do que antes.

- Você é paranóica, ou sofre violência doméstica? - a pergunta soou um tanto rispida para Lia e ela decidiu retrucar.

- Será que dá pra parar de falar cinco segundos!? - gritou impaciente, gesticulando. Com raiva, Lia crava as unhas nas palmas das mãos, em um ato desesperado para se acalmar.

- Tá bom, Doutora. - Lucian mordeu os lábios inferiores por um mísero segundo.

Ela limpou os ferimentos na parte inferior e amarrou o tornozelo de Lucian, como resposta ele fecha os olhos por medo da dor.

- Pronto, tem que fazer compressas com gelo a cada meia hora. - ela procurou uma última coisa. - Toma.

- O que é isso? - Lucian encara incrédulo um frasco de analgésicos, aparentemente impressionado pela atenção da moça.

- Alucinógenos, e espero que você engasge e morra.

- Que gentileza. - o sorriso volta, completamente genuíno.

- Tem alguém para te buscar? Acho que você não vai conseguir encostar o pé no chão.

- Não sei, tá preocupada? - Lucian quase se deliciou com a expressão de culpa e o olhar brilhante de Lia mediante a lesão.

- Com você? Óbvio que não! - se enraiveceu.

- Ótimo, tenha um péssimo dia.

- Pior para você.

A garota subiu em sua bike e continuou pedalando, sozinha. Naquele momento Lucian pensou sobre o quão desprovida de segurança ela se encontrava, então decidiu segui-la novamente.

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