Capítulo 8

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Deitada na cama, com a porta trancada e intensamente aturdida, Lia percebe um pacote perto da sua janela entreaberta. Com hesitação ela se aproxima, se atrapalhando para abrir pela curiosidade.

Dentro da sacola de papel tinha um sanduíche de peito de peru com salada e suco de maracujá. Confusa, ela olha para fora da janela para se certificar que não tinha ninguém.

- Onde você está? - sussurou ela, com raiva.

Seu celular vibra emcima da cômoda, com a notificação de mais uma mensagem.

"Agora você pode comer tranquila, sem sair do quarto."

Lia encara a refeição. Se voltando para o celular, ela toma coragem de responder.

"Onde você tá?"

"Não se preocupa, te observar enquanto come seria perversão."

"Obs: Não está envenenada."

Isso era ridículo. Foi o que Lia pensou, no segundo em que encarou a refeição novamente. Parecia tão bom, bem mais leve que o jantar de sua mãe. Não havia mais dúvidas, era perfeito.

No caminho para a escola, no dia seguinte, ela esperava encontrá-lo, mesmo que só de lembrar da inconsistência na personalidade de Lucian lhe dava arrepios. Nunca saberia o que esperar.

- Eu fiquei magoado. - ele admitiu em completo sarcasmo. Apareceu de algum lugar que Lia não soube indentificar, pois quando se deu conta Lucian já caminhava ao seu lado.

- O que? Porque?

- Ontem você disse a sua mãe que eu não sou seu amigo.

A garota parou e o olhou perplexa, cruzou os braços, se segurando para não dar um tapa na cara de Lucian.

- Estava me espionando, de novo? Você não tem casa não?

- Vocês estavam gritando, deu para ouvir de longe. - explicou, franzino o cenho.

- Você tá me observando. - por algum motivo, que ela desconhecia, isso a fez sorrir. - Você... Você é um maluco, pervertido e idiota.

- Seus pais não pensam assim. Eles me acham uma boa influência para você.

- Isso é a última coisa que você é, Lucian.

- Me magoou de novo. - relatou friamente, querendo despertar sua culpa.

- Eu não ligo.

Antes mesmo de Lia terminar de falar ele se colocou na frente dela, olhando bem no fundo os seus olhos. Lucian a segurou pelos ombros, se abaixando para falar.

- Machucar as pessoas pode ter consequências Lia, saiba disso.

- Eu não me importo com você, não ligo para o que você pensa e não gosto de você. - disse entre dentes, se soltando de forma abrupta.

- Isso não foi um concelho.

- Está me ameaçando, Lucian? - o desafiou, colocando as mãos na cintura e erguendo a cabeça para afrontar.

- E depois você reclama por não ter amigos.

Mudando completamente o assunto, ele deu de ombros. Andou na frente com o nariz empinado. Ela já estava na entrada da escola, mas não queria que a conversa ficasse por ali.

- Eu nunca reclamei.

- Eu te escuto, já disse que adoro de ouvir.

- Vai embora! - algumas veias saltaram de sua testa, enquanto ordenou furiosa.

- Boa aula, doutora. Não se esqueça que você me verá ao final do dia, e não tem nada que você possa fazer para mudar isso.

- Vai se ferrar.

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