Capítulo 12

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Com o mesmo costume de sempre, Lia levantou de madrugada, logo após todos da casa terem dormido. Ela andou na ponta dos pés, bufando irritada quando viu a luz do banheiro acessa, alguém estava acordado.

Movida pela curiosidade, ela bateu na porta, fingindo ter a necessidade de usar o único banheiro da casa, queria que a pessoa fosse dormir. Ninguém a respondeu. Irritada, ela bate novamente, com cuidado de não fazer muito tumulto. Sem resposta.

As coisas só ficaram mais suspeitas quando se ouvia gotas de água, caindo no chão.

- Ora, tenha a Santa paciência. - sussurrou. - Eu estou entrando! - avisou, cobrindo os olhos.

De todas as coisas, todas as possibilidades de perturbação em uma única madrugada, Lia jamais esperaria encontrar Alex morto na banheira, com uma navalha cravada em seu pescoço. A banheira estava cheia, mas seu irmão estava vestido, com as roupas encharcadas de água e sangue.

Lia gritou, tendo a presença de William e Charlotte ali em poucos segundos. Todos estavam abalados, não imaginavam o porque daquilo, mas descobriram.

Alex era um jovem simpático e cativante, com muitos amigos e uma namorada incrível. Estava prestes a ir para faculdade de direito com uma bolsa integral. Sua vida era aparentemente perfeita.

Charlotte caiu no chão, chorosa aos pés do marido. Enquanto Willian ajudava a esposa Lia foi até a pia, percebendo a carta de suicídio deixada pelo seu irmão.

Tudo estava confuso, contorcido, nebuloso. Os pensamentos de Lia não se encaixavam no lugar após o desmaio. Ela só sabia que havia acordado em um lugar que já havia estado, mas que com certeza não era sua casa.

- Esta tudo bem, você está bem agora. - a voz que ouvira era reconfortante, mesmo com a extrema dor que sentia. Sua cabeça girava e latejava ao mesmo tempo. Não conseguia ouvir muito além de um zumbido irritante vindo de seu próprio cérebro, mas o que ouviu era era o suficiente para reconhecer o dono da voz.

- Lucian ... - sussurrou ela, confusa em seus braços. Tentou levantar a cabeça, mas ele o impediu.

- Lia, você está fraca. Precisa descançar.

- O que aconteceu? - quis saber, massageando as têmporas.

Lucian a olhou com prudência, bondoso e sereno. Ele a protegeria para sempre se pudesse, a colocaria em um lugar ontem ninguém pudesse lhe fazer mal, onde Lia nunca seria machucada.

- Eu te encontrei.

- O que? Como? - gaguejou fraco.

- Espera aqui.

Lucian se levantou e foi até a cozinha pegar a refeição que tinha preparado para ela. Na bandeja de madeira que trouxera tinha um prato de arroz, salada de alface, peito de frango, suco natural de laranja e de acompanhamento uma salada de fruta, que ele mesmo havia preparado.

- Coma. - exigiu ele.

- Eu não preciso disso.

- Isso é exatamente o que você precisa. - impaciente, Lucian respira profundamente, passando a língua nos lábios. - Qual é a última coisa que você se lembra?

- Sair da terapia. - com sua visão ainda turva, Lia percebe que estava deitada em um sofá, na sala de estar de Lucian. - Porque estamos na sua casa?

- Coma, caso contrário não ouvirá o que tenho a dizer. - empinando o nariz, ele se senta ao lado dela, na mesa de centro.

- Isso é ridículo, eu vou embora.

Lia tenta se levantar, ela coloca a bandeja de lado e se descobre, colocando os pés no chão. Lucian se levanta, ficando a centímetros dela.

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