Capítulo 17

170 28 51
                                    

Durante a maior parte do dia seguinte, o celular de Diego tocou. Todas as ligações e mensagens eram de Chloé. Isso a deixou irritada, como Diego poderia ter uma namorada tão grudenta e paranóica? Lia pensou enraivecida.

O que a tranquilizou foi o fato de ter um encontro com Diego ao final do dia, e absolutamente nada poderia atrapalhar.

Sentada em sua cama, rodeada de livros e concentrada nas lições de casa, Lia percebeu o celular tocando mais uma vez, diferente das demais vezes era seu celular que a desconcentrava.

- Chloé, tudo bem?

- Amália, me ajuda! Estou preocupada com Diego, ele não está me atendendo desde ontem. Desde que começamos a namorar ele nunca fez isso.

- Hum... Ele também não está me atendendo. Já tentou ligar para os pais deles? Acho que ele só deve perdido o celular.

- Do jeito que esse garoto é esquecido, não duvido nada. Ai Amália, desculpe encomodar. É que nós sempre estamos...

- Juntos? Tudo bem, você está certa em se preocupar. Mas ele estará no cinema, então vou avisar antes de vocês chegarem.

- Ah, obrigada amiga. Você é um anjo.

- E você falou com o Kevin?

- Não liguei para ele, mas pessoalmente vai ser mais fácil de conversar.

- Tem razão. Divirta-se.

- Vou tentar... Nos vemos mais tarde.

- Estou ansiosa.

Após a ligação Lia ficou animada, e mais do que nunca torceu para que Lucian fizesse tudo certo. Estava confiante que as coisas estavam prestes a mudar, coisas novas e boas viram.

A garota encheu-se de alegria e pulou da cama assim que seu alarme despertou. Era hora de se arrumar. Lia dançava pelo quarto enérgica, abraçada com a roupa que escolhera enquanto se admirava no espelho.

Tomou um banho bem demorado e se arrumou, tão ansiosa como em seu primeiro encontro. Lia colocou seu celular na bolsa juntamente com o de Diego, caso achasse conveniente devolver.

Pediu para que sua mãe a levasse de carro antes de ir ao hospital. Como era o caso de um cinema com amigos, no plural, Charlotte não a importunou com perguntas desconfortáveis.

Ao chegar no cinema, como planejado, só Diego havia chegado.

- Lia, esse não é o Diego, seu amigo de infância?

A senhora Paulsen olhou o garoto com admiração, logo em seguida voltou-se para a filha.

- É sim.

- Uau, como ele está bonito.

- Mãe! Por favor, ele namora. - ela colocou o cabelo para trás da orelha, fingindo constrangimento.

- É, eu imagino. - respondeu desconfiada, encarando Lia de relance.

Impedindo mais perguntas, ela rapidamente se despede, depositando um beijo na bochecha da mãe.

- Tchau, até mais tarde.

- Te amo, juízo.

Assim que Diego viu Lia ele não evitou um sorriso, lhe dando um abraço caloroso.

- Você está...

- Atrasada?

Ela o interrompeu, dando um sorriso constrangedor. Diego não se incomodou com o horário, apenas suspirou ao admirar a amiga brevemente.

- Linda. - completou com um sorriso grande e genuíno.

- Obrigada. E... Onde está a Chloé e o Kevin?

A confusão no rosto dela era evidente, Lia segurava sua bolsa enquanto procurava atentamente com o olhar na rua, ansiosa, nervosa.

- Eles não ligaram falando o motivo do atraso? Detesto perder o celular, me sinto tão perdido.

Ele endireitou-se com um suspiro impaciente.

- Não soube de nada, a Chloé disse que estava super animada. - relatou inconformada.

- Aparentemente nós dois levamos um bolo dos nossos acompanhantes. - Diego coçou a nuca, franzino o queixo.

- Podemos aproveitar a companhia um do outro até lá. Melhor nos irmos entrando, assim não perdemos o filme.

- Não acha melhor esperarmos?

- Eles vão aparecer, mas nós podemos ir adiantando. - um ar de tranquilidade rapidamente tomou conta de Lia, contagiando Diego.

- Tudo bem, vou comprar a pipoca pra gente.

O garoto pagou pelo maior pote e dois refrigerantes grandes, ambos pareciam animados e foram para a sala de cinema bem a tempo. O filme em cartaz era Pânico 4, e apesar de não ter medo desse tipo de conteúdo, Lia ficou perto o suficiente de Diego para se sentir segura.

Nos primeiros dez minutos Lia já estava confiante de que tudo tinha dado certo, até sentir o celular de Diego vibrando dentro da bolsa com uma ligação. Ela aproveitou uma das cenas sangrentas para fingir sua própria cena, saindo correndo da sala.

- Espera, onde você vai?

- Não se preocupe comigo, eu estou bem. - balbuciou ao som da ânsia, sem exagerar para ganhar tempo.

Lia correu até uma das cabines do banheiro e se trancou, atendendo a uma ligação de Chloé. O nervosismo tomou conta dela por breves segundos, até perceber o tumulto no fundo da ligação e a voz chorosa da amiga.

- Amália... Socorro! O restaurante está pegando fogo. Ninguém consegue sair, acho que trancaram as saídas. Por favor me ajuda! Amália. Amália!

As pronúncias audíveis foram substituidas por um grito alto e constante que lentamente foi perdendo a força. Sua amiga estava queimando viva.

Satisfeita ela encerra a chamada, pensando consigo mesma.

- Pelo trabalho, Lucian.

Na Mira Do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora