Capítulo 23

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Na manhã seguinte Lucian foi até Lia com café na cama e um caloroso bom dia. Ela ainda dormia quando ele invadiu o quarto, julgando que estivesse irritada. Lia despertou assim que Lucian sentou-se a cama, arrumando as coisas que tinham saído do lugar.

Ela se espreguiçou, logo notando a bandeja e um sorriso hesitante vindo do rapaz. Lucian deu um tempo até que Lia assimilasse a situação e estivesse lúcida sobre o que acontecera noite passada. Lia levantou o tronco, sentando na cama e colocando a bandeja sobre seu colo.

- Me desculpe por ontem a noite. - Lucian começou, envergonhado. Ele não conseguia olha-la nos olhos, mas espreitou para saber sua expressão.

- Foi você que quebrou as coisas, não eu.

Lia permanecia calma, imóvel. A voz serena e doce, tão doce que era impregnável no subconsciente dele. Ela mastigava uma colherada da salada de frustas que ele havia lhe trazido, encarando-o com um olhar apoplético.

Lucian tomara a postura de um predador, um dominador por natureza, agora que ela, a única coisa que poderia controlá-lo estava imune aos seus ataques de raiva constantes.

- Você sentiu medo? - quis saber, a voz firme e manipuladora sugeriu que Lia fosse dona de uma verdade real.

Ela deu um último gole no suco de maracujá e colocou a bandeja de lado. A garota baixou o olhar, séria.

- Eu sentiria se por um acaso toda aquela raiva fosse descontada em mim.

Lia circundou os braços em volta de si, protegendo seu corpo. Lucian pode perceber a sensação de impotência que a dominava, baixando a guarda.

Ele era uma pessoa ruim, alguém que poderia colocar em prática todos os seus pensamentos intrusivos, se deixar dominar pelos sentimentos mais cruéis. Alguém que poderia fazer as pessoas repensar sobre os últimos estágios de crueldade vívida, mas era incapaz de mata-la.

- Eu nunca faria isso. - prometeu. - Olhe para mim...

Lucian segurou o queixo dela, fazendo Lia levantar o rosto. Mas ela não pode, se forçou a manter o olhar baixo, a não sentir. Irritado, ele segura a bochecha dela com força, apertando e erguendo a cabeça da garota em sua direção.

- Olhe para mim quando eu estiver falando com você, porra!

- Se você veio aqui para se desculpar, saiba que não adiantou. - ela riu, com a voz abafada por conta da pressão de Lucian.

Ao se dar conta do que tinha feito ele se afastou, levantando da cama e ficando de costas para ela. Havia quebrado sua promessa em menos de cinco segundos. Isso o fez refletir, ele nunca seria ele mesmo perto dela.

Isso não era apenas uma obsessão, era uma necessidade de coexistir em qualquer realidade que ela habitava só para poder olha-la, oh céus, isso já era um presente divino. Tê-la junto dele era um sonho realizado, a prévia do mais puro céu e seu paraíso idealizado.

Ela era como um droga, que o fazia ficar dependente mas nunca lúcido, de certa forma.

- Bom, aquele dia em que nos conhecemos... - continuou, ainda de costas.

- Hum...

- Você foi muito mal educada comigo.

Lucian não viu o rosto dela, mas mesmo não tendo coragem de encará-la sabia o ódio que a sucumbiu naquele instante. Uma acusação depois de um ato violento, culpando-a. Ele ouviu Lia suspirando para manter a calma e depois respondendo, simplesmente:

- Foi recíproco.

- Porque eu estava estressado. - explicou-se, sentindo injustiçado. - Mas quando você esbarrou com o Diego, você reagiu da mesma maneira no início e depois mudou.

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