Amor, eu vejo você na minha janela

•Não tinha que ser assim•

Billie foi embora ontem me deixando com um quilo de perguntas, como aquilo foi bom, pela primeira vez eu me senti segura perto dela, me senti segura em não dizer não pra ela. Eu mal consegui dormir, aquela cena ficou se repetindo em lupin eterno na minha cabeça até eu acordar pra ir pra escola.

Não demorou muito pra eu me arrumar, desci as escadas correndo e feliz demais. Nem a cara amarrada matinal da minha mãe me fez ficar de mal humor, eu queria vê-la, queria saber se ela estava tão feliz quanto eu.

Tomei rapidamente meu café e mesmo voando, Maggie buzinou impaciente na frente de casa. Corri para o carro e Billie estava no banco da frente, dirigindo.

–Bom dia..o que tá rolando?

–Billie tá aprendendo a dirigir –Maggie disse orgulhosa.

–Que legal –coloquei meu cinto.

Billie dirigiu silenciosa até a escola, ela parou onde tinha que parar, reduziu onde tinha que reduzir, ela arrasou.

–Tenham um bom dia de aula meninas –Maggie falou entregando a mochila de Billie para ela.

–Valeu mãe –foi a primeira vez no dia que eu ouvi sua voz, estava rouca, como quando passamos o dia inteiro sem falar nada e então cansamos nossa voz sem ao menos dizer nosso nome.

Observei Billie caminhando a minha frente, sem dizer nada, a mochila apenas no ombro esquerdo, a touca em sua cabeça, e seu cabelo machado seu moletom vermelho.

Billie caminhou até a sala em silêncio ainda, um enorme teto de vidro pressionava minha cabeça para falar alguma coisa, mas eu não conseguia.

Era como se nada tivesse acontecido, eu realmente queria que não tivesse acontecido nada mesmo.

Eu sou tão burra!

Ao entrar na sala de aula, a moça ruiva que derramou café na minha blusa veio receber Billie, ela beijou seus lábios e a abraçou. Meu coração se quebrou em um milhão de pedacinhos, eu mal consegui caminhar até a mesa, minha mente gravou aquela cena e fazia o favor de ficar repetindo aquilo segundo a segundo.

Ela tinha sido tão gentil comigo ontem, por que isso agora? Ela foi perfeita, foi a primeira.

Eu nunca fui muito de me decepcionar com o amor, até por que eu mal o conheço, ele nunca vem me visitar e agora veio. Eu não a amo, mas gosto da atenção que ela me dá, gosto de como ela me olha, gosto de como me persegue querendo saber mais, gosto de como seus dedos me preencheram ontem e de como o gosto dela é bom.

Eu gosto dela? Ou eu gosto da companhia dela?

...

R6y@15: o que fez hoje?

Ask_me: nada demais, a escola estava bem chata na verdade.

R6y@15: saquei, tá tudo bem? Você tá estranha?

Ask_me: Você nunca pergunta isso..

R6y@15: tô preocupada não pode?

Ask_me: pode, mas é estranho.

R6y@15: eu só queria saber como você está?

Ask_me: estou bem, eu tô cansada.

R6y@15: entendo, mas você não quer conversar sobre isso?

Ask_me: acho que você não vai querer saber.