Acompanhem o capítulo ao som da música The way - Zack Hemsey, e se possível, mantenham-na até ao fim do capítulo 1, para dar mais ênfase à história.
Dor. Sabes o que isso é?
Já alguma vez sentiste aquele enorme sentimento de culpa e repulsa contigo mesma, que te faz sentir a pior pessoa do mundo? Já alguma vez sentiste aquele tipo de dor aguda em que o ar escasseia e fica preso nos teus pulmões, não querendo sair de lá por nada? Já alguma vez sentiste o bater do teu coração tão acelerado, a pulsar tão depressa nas tuas veias, que deixas de conseguir respirar? Bem, é a isso que eu chamo dor.
Todos os tipos de dor dão uma falha na respiração. Desde os cortes às costelas partidas. Desde um simples arranhão a um golpe profundo no peito.
Nesses momentos, sentes o teu corpo contrair-se e o ar suprime-se dentro de ti. É uma sensação simplesmente agoniante. Todo o teu corpo se arrepia e um friozinho excruciante passa por ele, deixando-te completamente desconfortável.
Essa é a forma horrível que o teu corpo utiliza para te dizer que não deves voltar a fazer isso de novo, que não te deves magoar e que não deves fazê-lo para suprimires a dor que sentes internamente.
Eu estou naquela fase da minha vida em que nada faz sentido. Estou naquela fase completamente desesperada em que acima de tudo quero morrer, quero deixar de respirar de uma vez por todas. Sinto a necessidade de recompensar o meu corpo pela dor que nele está contraída, e de o recompensar por tudo aquilo que lhe faço. Sinto que é a forma mais sensata de recompensar toda a gente pela minha escrupulosa existência.
E sabes porque o faço? Porque nesses momentos, por um mero instante que seja, não sinto todo aquele sofrimento, todo aquele vazio, toda aquela dor dentro de mim. Tudo aquilo que sinto é a lâmina entrar na minha pele, e o sangue escorrer lentamente pelo meu braço até cair no chão. Nesses momentos, todos os pensamentos do quão sozinha estou neste mundo desaparecem e todos os pensamentos do quão vil sou evaporam-se.
Mas sabes o que é pior? O pior é que essa dor é viciante. Fico viciada naquele sofrimento, que embora doloroso, me faz esquecer a vida miserável que tenho. É um momento onde apenas sinto a dor do meu corpo e esqueço toda a dor que tenho acumulada dentro de mim. E é no momento em que toda aquela acumulação de sentimentos de tristeza e solidão reaparecem, que eu volto a fazê-lo de novo.
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Never say never...
RandomÀs vezes, as escolhas erradas levam-nos por caminhos errados, e Beatrice não foi exceção. A sua vida é um verdadeiro jogo sem saída, onde as mentiras são a principal realidade e a verdade é estritamente proibida. [Atenção: Antes de começarem a ler q...