Chapter 19

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Para quem estiver interessado, a imagem da multimédia é uma fotografia da Beatrice

"NAAAAAAAAO!" grito impulsivamente, acordando num sobressalto totalmente desesperada e perturbada. O meu corpo encontrava-se agora totalmente transpirado, a minha respiração irregular e o meu batimento cardíaco muito acelerado.

O meu peito descia e subia apressadamente, e a minha respiração profunda e pesada estava de tal maneira acelerada que era possível ouvi-la no vazio do quarto.

Levo o meu braço direito até à minha cabeça, e com as costas da mão, passo-a pela testa, sentido as gotas de suor que percorriam toda a minha pele colarem-se de imediato à minha mão.

Ainda com alguma dificuldade, mas já um pouco mais calma, sento-me na cama e encosto as minhas costas à sua cabeceira azul.

Olho ao meu redor. O quarto estava totalmente vazio, escuro, de certo modo um pouco sombrio. A noite estava calma e sossegada, demasiado sossegada em comparação às minhas noites na Irlanda. Costumava ficar até tarde a falar com Erin pelo Skype, e era raro o dia em que não se ouvia uma discussão do casal que morava no apartamento acima do meu e da Rowan. As ruas costumavam estar sempre agitadas, com carros a passar a alta velocidade a toda a hora, e por vezes eram mesmo ouvidas as tão comuns sirenes de carros da polícia. Costumavam-se ouvir os gritos e risos dos rapazes bêbados ao longo da madrugada, e o som de garrafas a serem partidas e as gargalhadas altas e histéricas eram muito frequentes.

Levanto-me cautelosamente da cama, e em passos vagarosos, dirijo-me à grande janela panorâmica do meu quarto. Abro um pouco da janela e inclino-me lá para fora, apoiando os meus braços no seu parapeito. A noite estava silenciosa e tranquila. À minha mente veio a imagem da vista da janela do meu antigo quarto, que dava para um pequeno beco sem saída com uns caixotes do lixo grandes e malcheirosos.

Quando dou por mim e volto à triste realidade de agora já não viver em Dublin, mesmo que fosse naquele bairro manhoso, uma lágrima escorria pelo meu rosto gélido e pálido. Levo imediatamente a minha mão até à minha bochecha, limpando a pequena lágrima que deixára escapar.

Retiro-me então da janela e fecho-a cuidadosamente, para não acordar ninguém acidentalmente com o barulho. Volto-me para trás e dirijo-me até à casa de banho do meu quarto, e pelo caminho dou uma olhadela no relógio, que marcava as 5:30 am.

Assim que entro na casa de banho, vou até ao espelho e fico a encarar o meu reflexo por algum tempo, suportando o peso do meu corpo sob os meus finos e fracos braços apoiados na bancada de pedra. O meu rosto pálido encontrava-se com umas olheiras enormes, bem negras e profundas, e a minha cara de exaustão e cansaço deixava transparecer o enorme estado de sonolência em que eu me encontrava. O meu corpo parecia estar cada vez mais feio e malparecido, e o meu rosto desengraçado e disforme já não estava tão nítido quanto à pouco, devido às lágrimas que agora inundavam todo o meu rosto. Os meus lábios formavam agora uma linha reta em desagrado ao que viam, e o meu olhar foi então desviado para outro lado.

Dirigi-me até à banheira e liguei a água quente, despindo-me e entrando logo em seguida, numa tentativa de me acalmar um pouco.

Quando saí da banheira, enrolei-me na toalha e voltei para o quarto, onde para minha surpresa reparei que já eram 7 am. Como é que demorei assim tanto tempo na casa de banho? Nem sei, mas o que é certo é que precisava de me despachar rapidinho antes de começarem as aulas, e assim fiz.

Quando cheguei à escola, já em cima da hora, corri até ao meu cacifo e coloquei todos os livros que não iria precisar agora lá dentro, trancando-o em seguida e voltando a correr até à sala onde teria aula. Quando chego lá, ofegante pela correria, bato à porta e espero que me seja dirigida a ordem de entrada. A porta é aberta de rompante na minha cara, e é-me dada visão para uma professora velha e rabugenta, ao que parece já de mau humor logo pela manhã.

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