Chapter 16

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P.O.V. Jackson

"Achas que já podemos ir falar agora?" sussurrei ao ouvido de Beatrice, fazendo-a olhar para mim.

"Claro!" ela respondeu, dando-me um pequeno sorriso forçado.

Voltei a dirigir o meu olhar até à mesa, fixando-o no tabuleiro de comida à minha frente. Levantei-me da cadeira e levei o tabuleiro até às contínuas, voltando em seguida até à mesa e pegando na minha mochila.

"Onde vais?" perguntou-me Jason.

"Eu preciso de falar com a Beatrice, a sós." respondi.

Beatrice levantou-se também, colocou a sua mochila ao ombro e arrumou a cadeira, juntando-se depois a mim e caminhando lado a lado comigo até sairmos do refeitório.

"Para onde vamos?" ela perguntou.

"Para um lugar onde possamos falar mais à vontade!" respondi, continuando com o meu olhar fixo no pavimento encardido do corredor.


P.O.V. Beatrice

Jackson seguia mesmo à minha frente ao longo do corredor, guiando-me pelos corredores desta escola ainda desconhecida aos meus olhos.

O seu rosto parecia tenso, e os seus punhos comprimidos, prontos a soquear alguém, davam-me a ideia de que desta conversa não vinha coisa boa.

Quando finalmente saímos de dentro do pavilhão, Jackson guiou-me até ao último pavilhão da escola, o pavilhão de ginástica. Rodeamo-lo até chegarmos à parte mais escondida de todo o recinto escolar, a parte detrás do pavilhão de ginástica. Desviei o meu olhar até Jackson e vi-o retirar a mala das suas costas, mandando-a em seguida para o chão pedregulhento e escabroso.

"Ninguém costuma vir aqui, por isso podemos conversar mais à vontade sem audiência." ele disse, repousando o peso do seu corpo sob o corrimão de ferro que atravessava toda a parte detrás do pavilhão, como aqueles ferros em que podemos dar cambalhotas.

"Está bem." respondi neutra. " E do que querias falar comigo? Pareces tenso!" constatei.

Jackson revirou os olhos e de seguida voltou a olhar para mim, mantendo o seu olhar preso no meu.

"A Erin contou-me tudo." ele revelou.

Um friozinho agoniante percorreu imediatamente todo o meu corpo, e por uma mera vaga de tempo, todo o ar que tinha dentro de mim escapou, deixando a minha respiração pesada ser ouvida.

"Como assim tudo?" inquiri, ainda insegura das minhas próprias palavras.

"Com tudo eu quero dizer literalmente tudo. Ela contou-me aquilo que tu fizeste, aquilo que tu passaste... tudo." ele resumiu, deixando o meu coração cair na escuridão. O meu batimento cardíaco começava agora a ser tão forte que até a respiração custava a controlar.

"Então isso quer dizer que tu..." comecei, porém não tendo forças para acabar a frase.

O meu corpo tornou-se fraco e senti-me desfalecer. As minha pernas começaram a fraquejar e deixei-me cair para a frente, caindo de joelhos sob o chão pedregoso.

Jackson rapidamente se levantou e correu até mim, pondo-se também de joelhos e agarrando no meu corpo com um simples e reconfortante abraço.

Pousei o meu queixo no seu ombro e deixei as lágrimas vir. Ele agora sabia de tudo... já não valia a pena conter mais as lágrimas e fingir que sou forte.

"Por favor Bea, não chores. Eu não suporto ver-te chorar." ele sussurrou ao meu ouvido. "Eu sei que custa, eu sei que dói, mas tu és forte. Tu consegues ultrapassar isto." ele disse, numa tentativa falhada de me avivar.

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