Evelyn P.O.V.
Pousei a mochila sobre os meus ombros e pus as mãos dentro dos bolsos do casaco largo que vestia. Coloquei os auriculares nos ouvidos e pus uma música aleatória. Baixei a cabeça, começando a andar calmamente em direção ao exterior da escola pelos corredores apinhados de alunos. Precisava de espairecer um pouco, e nada melhor que um cigarro para aliviar um pouco o stress.
Mackenzie acompanhava-me, porém ia abstraída no seu telemóvel.
Assim que chegamos ao exterior do pavilhão, encaminhamo-nos até ao portão e saímos da escola. Coloquei a mala no chão e retirei o maço das minhas calças, tirando depois o isqueiro para acender o cigarro. Em seguida encostei as minhas costas à grade extensa que vedava toda a escola e retirei os auriculares dos ouvidos, começando a falar animadamente com Mackenzie.
"Tens algum isqueiro que me possas emprestar?" perguntou roucamente um rapaz moreno de cabelos castanhos e olhos cor de mel.
Zayn...
Entortei-me ligeiramente, virando-me para trás, e retirei de novo o meu isqueiro do bolso traseiro das calças, estendo-lhe a mão.
"Aqui tens." disse.
Ele pegou cuidadosamente no isqueiro e levou-o até ao cigarro que segurava nos seus lábios finos, acendendo-o. De seguida olhou-me nos olhos e devolveu-me o isqueiro, sorriu-me de esguelha. Voltou-se para trás, e sorrindo maliciosamente, voltou de novo para junto do seu grupo.
"Sabes que isto foi apenas uma desculpa esfarrapada 'pra poder namoriscar contigo, certo?" inquiriu Mackenzie, tirando-me dos meus pensamentos.
"O quê? Mas que parvoíce, Mack." contrariei.
"Por amor de Deus Evelyn. Os outros rapazes do grupo dele também estão a fumar, por isso se fosse por não ter isqueiro, podia muito bem ter-lhes pedido."
Desviei o meu olhar disfarçadamente, comprovando em seguida que aquilo que Mackenzie me dissera era verdade.
"Mas então porque é que ele veio aqui? É que se fosse para namoriscar, ele teria ido ter com a Ashley de certeza, não comigo."
"E porque dizes isso?"
"Ó... tu já olhaste bem para ela?" perguntei, observando Ashley de longe, que se atirava a um dos rapazes do grupo de Zayn. "Ela é a rapariga perfeita. Loira, olhos azuis, elegante e bem constituida. Ela é exatamente aquilo que os rapazes procuram!"
"Então e daí?"
"E daí que o Zayn não é exceção! Os rapazes têm as suas 'necessidades' sexuais, necessidades essas que eu não estou disposta a satisfazer! Já a Ashley..."
"Já a Ashley é uma puta peituda que só se sabe esfregar nos rapazes." ela concluiu. "Já alguma vez pensaste por uma vez que fosse que os rapazes também se podem interessar por ti?"
"Sinceramente não." confessei. "Quer dizer, olha bem para mim. Eu não sou propriamente o tipo que os rapazes procuram. Nem os rapazes nem ninguém!"
Mackenzie abana negativamente a cabeça, e quando se ia preparar para começar a discutir comigo sobre o primogénito pretendido pelos rapazes, a campainha faz-se soar por toda a escola.
"Foda-se. Vamos chegar atrasadas." disse alarmada.
"Então despacha-te!" pediu Mack, desencostando-se das grades e pegando na sua mochila às riscas pretas e brancas com as alças negras, estilo zebra.
Joguei o meu cigarro ao chão e calquei-o apressadamente, pegando também na minha mala e começando a correr adentro da escola.
Já estávamos quase a chegar quando uma mão forte agarra o meu braço. Olho para trás e observo o rosto sombrio de Clive. Mas o que é que aquele palhaço quer agora?
"Ora ora! Vejamos só se não é a minha querida Evelyn" ele disse irónicamente.
Desvio o meu olhar para trás e faço sinal para que Mack continue, avisando que chegaria atrasada.
Está-se mesmo a ver que daqui vem merda da grossa.
"Mas o que é que tu queres agora, ó emplastro?!"
Um sorriso tarado forma-se no seu rosto, e o seu olhar repugnante analisa todo o meu corpo. É que só me faltava esta agora...
"A minha cara é mais acima!" digo entre dentes, puxando o meu braço do seu aperto e soltando-me da sua mão.
"Mas tu ouviste-me, ó retardado?" pergunto fria, percebendo que a minha repreensão não tivera efeito.
"Ouvir ouvi, mas isso não quer dizer que queira saber!"
Bufo em descontentamento e continuo a andar ao longo do corredor, desviando-me do seu corpo para passar.
A sua mão volta a atacar o meu braço de forma furtiva, e um gemido de dor saí pelos meus lábios.
"A nossa conversa ainda não acabou."
Olhei para cima, observando calmamente o seu rosto enfurecido, e lágrimas ameaçaram saltar dos meus olhos ao ver as veias salientes do seu pescoço.
"Por favor Clive..." suplico. "Deixa-me em paz." peço em voz de choro.
"Sabes Evelyn, o problema é que eu não te quero deixar em paz."
"E porquê? Eu nunca te fiz nada de mal, por isso não percebo o porquê de tu me quereres magoar assim desta maneira."
"Eu não te quero magoar, apenas quero algum tipo de diversão." ele confessa.
Desvio o meu olhar e fixo-o na parede, mantendo-o num ponto imaginário dos cacifos verdes embutidos na parede branca irregularmente lisa.
Num momento de coragem, olho-o nos olhos e limpo as minhas lágrimas com a manga do casaco que me era disponibilizada.
"Eu estou farta de ti, Clive. Tu metes-me nojo. Devias ter vergonha na cara por me queres usar para esses fins sexuais."
"Realmente tens razão. Eu devia mesmo ter vergonha na cara por querer fuder alguém como tu. Afinal de contas, há muitas cabras por aí que queriam estar no teu lugar." ele solta frio, fazendo um arrepio percorrer todo o meu corpo. "Tu não vales nada."
E com isto, ele larga o meu braço e vira-me costas, começando a andar em direção ao exterior da escola.
Viro-me novamente para a frente e começo a correr sem destino, até que por fim avisto uma casa de banho.
Corto caminho por entre alguns alunos que ainda vagueavam sem destino pelos corredores, provavelmente novos alunos perdidos, e entro apressadamente na casa de banho. Fecho a porta atrás de mim e viro-me para a frente, mas rapidamente um grito estridente saí por entre os meus lábios ao ver a imagem macabra à minha frente.
Um corpo pálido, quase sem vida, estava estendido dentro de uma das cabines abertas da casa de banho, envolta numa poça de sangue.
Dou um passo em frente, certificando-me que aquilo que estava diante dos meus olhos não era apenas uma partida da minha imaginação fértil, e os meus olhos arregalam-se ao perceber que a figura estendida no chão diante de mim era Beatrice.
Corro na sua direção e ajoelho-me junto a ela, puxando-a vagarosamente para o lado.
"Beatrice? Beatrice, estás bem? Estás-me a ouvir?" inquiro em pânico.
"Ajuda-me" ela murmura num fio de voz.
Nota da autora:
Queria dedicar este capítulo a uma pessoa que me é muito especial, a minha VCBFFL [virtual crazy best friend for life].
Acima de tudo, queria agradecer-lhe por tudo. Ela tem sido muito importante na minha vida, têm-me apoiado imenso e têm estado muito presente ao longo dos últimos meses. Para dizer a verdade, se não fosse ela, a possibilidade de ter vindo a publicar esta história seria praticamente nula, e essa é apenas mais uma das razões pelas quais lhe estou eternamente agradecida.
Nesta passada sexta-feira, tive o enorme prazer de a conhecer pessoalmente, e foi simplesmente uma sensação incrível de adrenalina e mistério misturados, porque apesar de tudo, eu apenas a conhecia virtualmente.
Para não estar a prolongar esta conversa por muito mais tempo, vou resumir o resto e apenas agradecer-te por tudo. Obrigada Maria :* love u sexy crazy bitch
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Never say never...
RandomÀs vezes, as escolhas erradas levam-nos por caminhos errados, e Beatrice não foi exceção. A sua vida é um verdadeiro jogo sem saída, onde as mentiras são a principal realidade e a verdade é estritamente proibida. [Atenção: Antes de começarem a ler q...