Já lá ia pouco mais de uma hora desde que tinha entrado no avião, mas no entanto, já estava completamente aborrecida. Dentro do avião não tinha nada para fazer, e tanto a minha prima como a minha tia se encontravam a dormir desde o princípio da viagem.
Encostei-me novamente à cadeira, e sem mais nada para fazer, desviei o meu olhar até há vista que tinha pela pequena janela ao meu lado, observando-a cuidadosamente. Por esta altura o avião sobrevoava uma cidade com enormes prédios e arranha-céus. As pessoas, vistas aqui de cima, pareciam meras pequenas formigas. Não haviam muitos espaços verdes, ou mesmo praias sequer, mas no entanto a cidade parecia bonita e descomunalmente enorme.
Quando o avião aterrou, saímos do avião e fomos fazer o check-in. Em seguida fomos buscar as nossas malas e dirigimo-nos para fora do edifício.
"Então tia? Quem nos vem buscar?" perguntou Rowan.
"O tio." respondeu animadamente a tia Nora.
Para dizer a verdade, a tia Nora e o tio Dennis são o casal mais amoroso de sempre, modéstia à parte. Estão juntos desde que a minha tia veio para Inglaterra com uma bolsa de estudo. Começaram por ser melhores amigos, mais tarde namorados, depois deram um tempo e depois o tio pediu-a em casamento, depois passaram a noivos e agora são casados.
O tio Dennis e a tia Nora apoiam-se bastante mutuamente, e talvez, se não fosse pela constante insistência e apoio do tio Dennis, a tia Nora nunca teria tido a coragem de publicar um único livro ou mesmo ter-se tornado escritora.
O tio e a tia estudaram ambos direito, mas a tia Nora acabou por se dedicar à escrita. Hoje em dia, o tio Dennis é advogado de uma grande e conhecida firma de advocacia britânica, e é bastante conhecido na sua área. Ele costuma trabalhar até muito tarde, e quase todos os fins-de-semana tem um jantar de trabalho, ao qual a minha tia já nos informou que a partir de agora teremos de comparecer.
Passados alguns minutos de chegarmos ao exterior do edifício, vejo entrar no meu campo de visão um lindo carro de cor cinza.
O carro continua a andar, e estaciona exatamente à nossa frente.
A porta do lado direito abre-se e saí de lá um senhor de cabelo castanho ondulado. Era o tio Dennis, mas as diferenças já eram bastantes. Nos últimos tempos, ao que parece, o tempo não foi generoso consigo. Já se notam na sua cara algumas rugas faciais, e o seu cabelo branco tem aumentado a olhos vistos. Os seus papos negros debaixo dos olhos estão cada vez mais notórios, e notasse perfeitamente que ele está estafado, pois está com ar de cão mal morto. Com certeza deve ter estado a trabalhar, e agora deve estar imensamente cansado!
Passo ante passo, o tio Dennis começa a caminhar na nossa direção e dá-nos um grande abraço, um abraço cheio de afeto e ternura como só ele sabe dar.
"Tive tantas saudades vossas." disse o tio.
"E nós suas tio." disse Rowan.
"Já tinha saudades dos seus abraços carinhosos." confessei.
Ele deu uma leve gargalhada com as minhas palavras e largou-nos em seguida, dirigindo-se até à tia Nora e dando-lhe um suave beijo nos lábios.
Quando o beijo terminou, a tia Nora e o tio Dennis olharam um para o outro e sorriram de orelha a orelha. O tio pôs-lhe o braço pelos ombros e vieram os dois ter connosco.
"Então? Como estão as minhas sobrinhas favoritas?" o meu tio perguntou.
"Mal/Bem." eu e Rowan dissemos ao mesmo tempo.
"Então? Não estou a perceber nada." o meu tio disse, fazendo uma cara confusa.
"É simples." eu comecei. "A Rowan está muito contente por estar finalmente em Londres, mas quanto a mim não se pode dizer o mesmo. Eu estou muito triste por não ter a Erin aqui comigo, porque afinal de contas, eu sem ela não sei quem sou. É ela que me dá força para continuar, e sem a minha melhor amiga aqui comigo sinto-me vulnerável. A Erin é a minha força, o meu escudo para mundo exterior, e sinto que sem ela aqui ao pé de mim, parte de mim ficou para trás quando entrei naquele avião." conclui.
O meu tio olhava-me de olhos arregalados, e não tardou muito até que me viesse abraçar de novo, sendo seguido desta vez pela minha tia e pela minha prima.
Após um pequeno momento afetuoso em família, começamos a falar um pouco sobre temas aleatórios, e lá acabamos por ir para o carro. Como eu estava muito cansada da viagem de avião, acabei por encostar a minha cabeça ao vidro lateral do carro, onde acabei por adormecer não muito tempo depois.
Nota da autora:
Hello!
Gostaram do capítulo?
I hope so.
Kisses, Carol.
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Never say never...
RandomÀs vezes, as escolhas erradas levam-nos por caminhos errados, e Beatrice não foi exceção. A sua vida é um verdadeiro jogo sem saída, onde as mentiras são a principal realidade e a verdade é estritamente proibida. [Atenção: Antes de começarem a ler q...