Com o passar do tempo, Vanessa descobria os lados interessantes estar divorciada. Um deles era o encontro entre amigas em sua piscina. Com a desculpa de dar apoio moral a amiga, Mara e Roberta a visitaram, sem os maridos. Uma reunião só de mulheres permitia a elas falar mais abertamente sobre qualquer coisa, incluindo os maridos das casadas. Sem os olhos dos homens por perto, o comportamento delas mudava, a começar pelas roupas. Mara, loira de olhos pretos, se bronzeava sem a parte de cima e com uma parte de baixo minúscula. Exibia suas formas enquanto era julgada por Roberta. Morena, com olhos castanhos, usava um biquíni discreto, assim como Vanessa. As duas eram amigas inseparáveis, mas viviam discordando de tudo.
— Mara, que biquíni é esse? — Perguntou Roberta.
— É novo, Robertinha. Se quiser te indico a loja para você comprar um igual.
— Deus me livre! Como teu marido te deixa usar isso?
— Ele não deixa. Só me faz usar essas coisas enormes que vocês usam. Comprei esse para usar aqui, na casa da Vanessa.
— É por isso que quer me visitar todo o mês?
— Claro! Ele pode não gostar do biquíni, mas da marquinha aquele safado adora.
Vanessa e até mesmo Roberta riram da observação da amiga.
— Se eu fosse você, Vanessa, eu ficava aqui pelada, sem biquíni nenhum.
— Que horror, Mara!
— Ela está solteira, precisa aproveitar a vida. Ta morando sozinha, mesmo e não tem ninguém olhando. Se eu não tivesse marido para encher o saco, eu passava o dia pelada pegando esse sol lindo.
— Mara, um dia tomo coragem e sigo sua diga.
O comentário de Vanessa fez Roberta olhar torto para ela, arrancando-lhe risos.
— Vanessa, minha querida. Se cuide, não dê ouvidos a essa sem-vergonha.
— O que tem demais em ficar nua no próprio quintal?
— Alguém pode ver e você fica desmoralizada.
— Não exagera, Roberta.
— Você sabe da Janaína?
— Soube que ela perdeu o emprego.
— Você sabe o porquê?
— Ninguém me contou, desembucha.
— Soube que ela andou tirando fotos peladas e vendendo na internet. Aquela Gabriela, filha da Julia, está trabalhando de fotógrafa e parece que tem um monte de mulher sem vergonha fazendo o mesmo. Só que da Janaína ficaram sabendo e espalharam na empresa onde ela trabalhava. Daí a demitiram.
— Que filhos da puta!
— E o marido?
— Parece que ele ainda não sabe, mas quando souber, vai se separar com certeza. Quem quer ficar casado com prostituta?
— Ai, não exagera, Roberta. A culpa não é dela se só tem babaca no trabalho.
— Ela é culpada por tirar as fotos e distribuir por aí. Quando descobrem ninguém quer ela. É isso que acontece quando você fica falada. Vocês podem até achar que não tem nada a ver, mas a sociedade julga vocês.
— Cidade de merda.
Vanessa se calou. O discurso de Roberta, apesar de carregado de preconceitos, trazia uma verdade: aquela cidade, pequena e conservadora, não via bem mulheres mais liberais. Ouvir sua amiga faz a sensação de culpa voltar, por aquela noite em que se masturbou às vistas de um estranho. Na primeira vez, não sabia ter alguém ali, mas na noite seguinte repetiu o ritual e assim o fez todas as noites. A emoção em se exibir era algo novo, principalmente se tratando de um estranho ali, observando. Não se lembrava da última vem se sentindo excitada daquela forma. Mesmo antes de começar a usar o vibrador, já sentia a calcinha melada. Com o passar das noites, se soltava mais, chegando ao ponto de se masturbar na varanda, ficando ainda mais visível para o enigmático espião.
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Revolução
Short StoryPROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. Após se divorciar, Vanessa se descobre uma exibicionista. Ao direcionar seus desejos se exibindo anonimamente na internet, ela dá vazão a suas fantasias, enquanto esconde sua identidade em uma cidade conservadora.