Dando intimidade

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Durante os dias seguintes a ideia de um ensaio na obra não saiu de sua cabeça. Havia um feriado naquela semana e a obra estaria vazia. Chamou Gabriela para fazer um ensaio inteiro por lá, mas ela já tinha um evento para fazer. Estava empolgada e não queria esperar mais e decidiu ir sozinha.

Foi vestida discreta com uma calça jeans e camisa social. Levou consigo uma mala e algumas lâmpadas. A obra naquele momento estava na estrutura do andar de cima e o térreo já tinha toda a alvenaria pronta, podendo ser um locar para tirar fotos sem ser vista de fora. Andou pelo cômodos, procurando os ideais. A sala era bem iluminada, mas tinha muitos vãos, permitindo a visão de algum transeunte. A cozinha idem. Viu na área de serviço, voltada para os fundos, o lugar ideal. Tirou a roupa ali mesmo e vestiu uma caleçon preta e uma camisola transparente. Ligou algumas lâmpada para compensar a pouca luminosidade, como Gabriela ensinou e as distribuiu na lavanderia. Tirou algumas selfies mais fáceis, mas teve problemas ao tirar fotos distantes. Não conseguia colocar o celular em um canto e posar em outro, pois a foto sempre saía torta. O piso, em osso, não era regular e as fotos sempre saíam tortas. Fez um apoio com cacos de tijolos, foi até a parede e empinou o bumbum até ele ficar vivível soba camisola. Aguardou o tempo para a foto bater, mas foi surpreendida.

— O que é isso?

Vanessa se assustou. Antes de reconhecer quem fosse, se virou cobrindo os seios e o que mais conseguisse até olhar o rosto de quem estava lá.

— Wanderley?

— Doutora?

— Que merda, hoje é feriado. O que você faz aqui?

— Eu pedi para o senhor Antônio para adiantar algum serviço hoje e ganhar um extra. O que a senhora está fazendo aqui?

Vanessa não sabia responder.

— Estou fazendo um ensaio fotográfico e achei que iria ter privacidade.

— Me desculpa, doutora.

Vanessa não precisava se cobrir, pois Wanderley olhava para o chão o tempo todo. Seria muito fácil gritar com o peão e se impor sobre ele, mas o servente estava lá apenas para ganhar dinheiro enquanto ela queria saciar suas fantasias. A engenheira pensou nos riscos e considerou simplesmente ir embora dali e pedir para ele guardar segredo. Ela não o conhecia bem e havia a possibilidade dele contar para outros ou mesmo chantageá-la. Podia mandar demiti-lo e acusá-lo de assédio. Sendo ela engenheira e ele servente, a palavra dela teria mais peso. Considerou as piores possibilidades e então se deu conta de que aquele rapaz, que renunciou ao feriado para trabalhar, continuava a olhar para o chão. Dias atrás ele estava brincando com ela com uma certa liberdade e estar constrangido daquela forma indicava ele ter noção da seriedade daquilo tudo. Estavam só os dois ali, se houvesse alguma maldade naquele homem, ela não se manifestaria em outro momento.

Vanessa respirou fundo.

— Wanderley, eu que peço desculpas. Gritei porque estava nervosa. Achei que iria estar sozinha e quis tirar umas fotos minhas bem à vontade, porque eu gosto. Não imaginava que você viria trabalhar hoje.

Wanderley levantou o rosto, olhando-a diretamente nos olhos.

— Tudo bem, doutora. Saio e deixar a senhora sozinha.

Wanderley se virou para dar privacidade a Vanessa. A engenheira, entretanto, mordeu os lábios com ideias maliciosas. Do tipo que não pensava a dias. Desde a travessura com Gisele e Daniela, Vanessa não provocava ninguém de forma tão descarada. Pensava em milhares de motivos para não fazer o que iria fazer, mas o formigamento entre as pernas era seu maior motivador. Chamou Wanderley de volta.

— Wanderley, posso confiar em você?

— Pode, doutora.

— Você promete que não vai contar nada do que viu aqui?

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