Mesmo após consertar o azulejo do banheiro, Antônio não saiu daquela casa. Passou a tarde e noite inteiros comendo Vanessa. A engenheira enlouquecia em sua língua e a pegada firme sem muita brutalidade. Dava o rabo para ele com gosto, se ajoelhando sobre o sofá ou à beira da cama, abrindo a bunda para receber a língua deliciosa e depois ser fodida.
— Você foi feito para comer o meu cu. — dizia Vanessa, enquanto enrabada.
Apesar do fogo dos dois, o dia a dia na obra era normal. Ou quase, pois as divergências que ainda existiam, eram resolvidas no diálogo. Não havia mais brigas, para o espanto dos demais trabalhadores. Trabalhavam juntos durante o dia e fodiam gostoso a noite. Vanessa sentia ter encontrado um parceiro incrível. Um amante perfeito que fazia tudo do jeito que ela gostava. Isso a deixava em dúvidas se deveria contar ele sobre suas atividades na internet. A cada pessoa nova sabendo de sua página, aumentava o risco de virar uma fofoca e mais pessoas na cidade saberem. Também não sabia como Antônio reagiria. Tinha medo de ser julgada por ele.
Quando Antônio tirou duas semanas de férias, parecia o tempo ideal para pensar. Enquanto isso, precisava se dedicar mais aquela obra para suprir a falta de Antônio. Os peões ajudavam, sendo sempre muito solícitos, ainda que precisassem de algumas broncas dela. Tudo ia bem, até Otávio aparecer na obra.
Com uma expressão de poucos amigos, o proprietário chegou no local aos gritos, chamando por Vanessa. A engenheira que estava no andar de cima, desceu as escadas correndo para ver por que aquele homem gritava tanto. Otávio a cobrava, grosseiramente, o avanço da obra que estaria atrasada. Quando Vanessa discordou, afirmando a obra estar no prazo, ele a ofendeu, chamou-a de piranha e a acusou de fazer "putaria na obra". A engenheira não conseguia responder, com medo dele expor o momento dos dois ali. Ele fez pior, exibindo em seu celular a foto dela nua naquela mesma obra. Envergonhada e sem reação, Vanessa foi defendida por Wanderley, que o confrontou.
Enquanto os dois discutiam, muito próximos de começar uma briga, a vergonha e humilhação de Vanessa se converteram em ódio, descarregado em um soco no rosto de Otávio
— Escuta aqui, seu filho da puta. Você me respeite! Se não quer mais que eu trabalhe para você, tudo bem. Vou embora e você que se foda para arrumar alguém para terminar essa casa.
Nem nos dias mais difíceis aqueles peões viram Vanessa se expressar daquela forma. Era vista como uma engenheira muito dura, mas nunca a ponto de xingar ninguém. Havia muito mais do que mera revolta naquelas palavras.
Com o nariz sangrando e o orgulho ferido, Otávio deu um passo em direção a Vanessa para revidar, mas desistiu quando percebeu que, além de Wanderley, todos os trabalhadores o cercavam. Teve que engolir a frustração e a mão pesada da engenheira e voltar para casa. Vanessa, não disse uma palavra e foi para o seu carro. Wanderley e os demais trabalhadores ficaram sem saber o que fazer.
Bastou fechar a porta do carro e sair do lugar, Vanessa foi as lágrimas. Seu maior pesadelo havia sido realizado, cruelmente. Dirigiu até sua casa e lá ficou o resto do dia. Chorou de vez no chuveiro e o resto do tempo passou jogada na cama. Passou horas olhando para o teto, processando a agonia que sentia. Com o tempo, vieram as ligações. Agatha pedia perdão pelas atitudes de Otávio. Mara e Roberta procuravam saber como estava. Gisele e Daniela reportavam, horrorizadas, as fofocas ouvidas. Gabriela a lembrava de tê-la avisado dos riscos de mostrar suas fotos a terceiros. No seu telefone chegavam vídeos dela transando com Otávio. Em sua página na internet, onde vendia suas fotos, a quantidade de comentários não parava de crescer. Todos a chamavam pelo seu nome verdadeiro. Sua vida se tornava um inferno.
Precisou de alguns dias escondida do mundo para sair e sentir na pele os efeitos da exposição. Sentia-se perseguida, vigiada. Qualquer par de pessoas comentando ou risos pareciam ser direcionados a ela. Vanessa se sentia julgada por onde fosse, sem ter certeza de estarem falando realmente dela. Ir ao mercado fazer compras parecia aumentar a tortura. De repente, todos os olhares eram direcionados a ela. Os poucos olhares desejosos, que antes a excitariam, se tornaram muitos e extremamente invasivos. Entrar em lugares fechados a deixava nervosa e dificilmente conseguia comprar tudo o que queria em um supermercado. Seu desespero por sumir virou sua necessidade principal.
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Revolução
Short StoryPROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. Após se divorciar, Vanessa se descobre uma exibicionista. Ao direcionar seus desejos se exibindo anonimamente na internet, ela dá vazão a suas fantasias, enquanto esconde sua identidade em uma cidade conservadora.