O susto com os policiais foi um alerta para Vanessa: estava indo longe demais com suas fantasias. Era a segunda vez sendo pega ao tentar tirar fotos e em algum momento isso não acabará prazerosamente. Houve sim, bons frutos, como as fotos tiradas que ficaram ótimas pelo uso do vibrador, mas mostrar sua página aos policiais oferecia um risco.
Se perguntava se eles fariam algum uso ofensivo contra ela. Na verdade, não precisava nem ter má intenção, bastava uma fofoca. Gustavo pode se gabar de ter comido ela para alguns conhecidos e a notícia se espalhar. Horas depois, em casa, isso se tornou um pouco de preocupação.
Esse risco a incomodava até receber os primeiros comentários das fotos publicadas. Um perfil escreveu "tome cuidado onde tira essas fotos, garota!". A mesma frase dita por Alessandra quando se despediram. A dúvida se ela mesmo cessou quando a chamou no chat. A loira a deixou tranquila sobre Gustavo, pois era leal a ela e não contaria para ninguém o que aconteceu. Como estava em serviço, a história teria complicações para ele e a coisa que o policial mais temia era problema devido ao trabalho. As novidades não param. Depois do sexo gostoso naquela casa, os dois iniciaram um romance. Após ser o pivô da crise de casais, Vanessa se sentia feliz por unir um.
Refletindo sobre sua aventura com os policiais, se deu conta de como foi inconsequente. Se sentia perdendo o controle de sua vida por suas fantasias sexuais. Com todos os sustos e avisos, Vanessa sossegou. Tirou suas fotos apenas em casa para publicar e passou um tempo sem se envolver com ninguém. Foram dias de paz, sem nenhum susto e nenhuma aventura surrealmente sexual. Ela precisava, mas mesmo quando sua alma se acalma, aparece alguém para lhe tirar sua tranquilidade.
Não era o "dia das meninas", quando suas amigas a visitam, mas Mara estava lá. A loira queria passar um tempo sozinha com a amiga. O marido havia viajado e tinha ideias para aproveitar o tempo juntas, sem o julgamento de Roberta. Para Vanessa, parecia uma ótima oportunidade de passar o dia acompanhada, sem se deixar levar por pensamentos lascivos.
Além da tradicional piscina pela manhã, as duas também passaram a tarde juntas, assistindo televisão na maior parte do tempo.
— Sabe Vanessa, eu tenho inveja de você.
— Por quê?
— Porque você é livre, pode fazer o que quiser. Tenho que ficar presa a esse marido.
— Ficar sozinha não é nada bom, cuidado com o que deseja.
— Vai me dizer que você está esse tempo aí e não deu nem um beijo na boca?
Vanessa se lembrou dos últimos dias e depois de seu casamento. O contraste entre a vida tranquila de antes e as recentes agitações a fizeram refletir.
— Sei que é bom viver aquela emoção de esta conhecendo alguém, mas faz falta não ter com quem dividir a vida.
— Não vai me dizer que está com saudade do seu marido, que te traiu com aquela piranha?
— Não, de jeito nenhum. É que quando paro e penso, me sinto velha para algumas coisas.
— Velha coisa nenhuma. Meu amor, você é nova, linda. Já casou, já teve filhos que já saíram para a vida. Você já viveu tudo isso e agora tem tempo de viver coisas que não viveu antes. Se ainda estivesse casada, ia estar pensando nas coisas que não viveu, como penso agora.
— O que você não viveu que queria tanto ter vivido?
Mara olha para o alto e depois para Vanessa, reunindo coragem para contar. Se Roberta estivesse por lá, manteria silêncio.
— Queria transar com uma mulher.
— Nunca fez isso quando solteira?
A pergunta de Vanessa era carregada de surpresa.
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Revolução
Short StoryPROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. Após se divorciar, Vanessa se descobre uma exibicionista. Ao direcionar seus desejos se exibindo anonimamente na internet, ela dá vazão a suas fantasias, enquanto esconde sua identidade em uma cidade conservadora.