D.N.A.

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P.O.V. Allison.

Depois de ter tido meu coração despedaçado por um mauricinho metido e sem consideração, de ter perdido minha bolsa de estudos e ter tido que largar meu curso no meio, estou no fundo do poço. Chorei por dois dias e duas noites sem parar, me sinto uma atriz de novela mexicana, mas se há uma parte boa nisso tudo é que... estou anestesiada. Posso levar um murro na cara que é capaz que eu não sinta nada. Estava no meu apartamento chorando e tomando sorvete quando meu celular toca, vejo quem é e... imagine só é o senhor Clark. Respirei fundo com muita dificuldade e depois de alguns minutos consegui manter a compostura. Estando momentaneamente calma atendi o telefone.

-Alô?- Atendi.

-Olá Allison, sou eu Michael Clark. Estou ligando para dizer que já saiu o resultado do exame de D.N.A. e gostaria que se encontrasse comigo o quanto antes para sabermos a verdade.- Disse o Senhor Clark.

-Tudo bem, quando o senhor quiser.- Falei numa voz apática e automática.

-Pode vir á minha casa ainda hoje. Ás três horas, te mandarei o endereço.- Disse o homem.

-Tá bem. Até lá.- Respondi.

Quando era quinze para as três já estava pronta entrei no carro, coloquei o endereço no Waze e dirigi até o mesmo condomínio onde mora aquele maldito. Parei o carro do lado de fora, toquei o interfone e o portão foi aberto, eu entrei, estacionei o carro e nem precisei bater á porta porque o senhor Clark já abriu na hora. Ele parecia ansioso, nervoso, animado.

-O senhor está bem senhor Clark?- Perguntei preocupada.

-Sim. Sim. Pela primeira vez em vinte anos, estou bem.- Disse o homem chorando de emoção, ele estava com o papel na mão.

-Sim. O teste... você é ela. Você é a minha Sophia!- Falou o senhor Clark. Estava tão alterado que parecia que ia ter um piripaque.

Então eu processei a informação.

-Positivo? Eu... eu tenho um pai? Tipo um pai mesmo?- Perguntei sentindo as lágrimas nos meus olhos.

-Sim. E eu tenho a minha filha de volta, a minha garotinha.- Disse o homem de cabelos grisalhos emocionado.

Nos abraçamos e nós dois choramos. Meu Deus, eu tenho um pai. Sou filha de Michael Clark. E isso vale mais do que tudo para mim, poder dizer que sou filha de Michael Clark, saber de onde vim, ter uma família só minha. Era só o que eu queria, foi pelo o que eu pedi quando joguei a moeda na Fontana. No fundo é o que eu sempre desejei. Uma família só minha.

P.O.V. Michael.

Finalmente eu tenho a minha Sophia de volta. A minha garotinha, meu único arrependimento é que Victória não viveu para ver este dia. Eu a levei para ver o quarto, o quarto que seria dela se aceitasse vir viver comigo e o jeito que ela chorou. Aquele choro não era só emoção, era tristeza e eu a abracei até que conseguisse parar de chorar.

-Porque estava chorando? Sei que não era só emoção, não está feliz em ser minha filha?- Perguntei

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-Porque estava chorando? Sei que não era só emoção, não está feliz em ser minha filha?- Perguntei.

-Está brincando? Ter uma família foi tudo o que eu sempre quis, eu não me importo com dinheiro pode ficar, pode ficar com tudo. Pela primeira vez na minha vida posso dizer.... com certeza, posso dizer... eu sou Allison Marshall, sou filha de Michael Clark. Você faz ideia do que isso significa para alguém como eu? Saber de onde eu vim e poder dizer que eu tenho alguém. Que não vou ser esquecida, que alguém vai chorar por mim quando eu morrer, que finalmente vou ter um amparo. Isso vale.... vale mais do que todo o dinheiro do mundo.- Disse Sophia chorando.

Eu a abracei apertado, Deus obrigado. Eu tenho a minha filha de volta.

-Sobre isso... eu estava pensando, sei que tem sua vida, sua casa, mas estava pensando se não quer vir morar aqui comigo. Esse quarto onde estamos era para ter sido seu, eu ainda tenho tudo do seu enxoval está tudo guardado em caixas lá no porão. Demorei anos para conseguir desmontar aquilo tudo, se não gostar da decoração podemos mudar. E quero te dar o meu sobrenome, o sobrenome que lhe corresponde. - Falei.

-Bom, imagino que tenha escolhido meu nome com carinho, mas quem quer que Sophia Clark pudesse ter sido... ela não existe. O que quero dizer é que... eu aceito com prazer ser reconhecida como sua filha, mas eu... eu quero manter o meu nome. Allison.- Disse a minha filha.

-Eu entendo. Aceito isso, isso significa que aceita minha oferta? De vir morar aqui?- Perguntei.

-Sim. Entretanto, não posso prometer que não vai se arrepender, que não vou te envergonhar na frente dos seus amigos ricos, eu tenho um gênio ruim.- Disse Allison.

-Eu nunca me arrependeria.- Respondi com certeza.

-E... o que aconteceu com a minha mãe?- Perguntou a menina.

É lógico que ela iria querer saber da mãe. Então tive que contar.

-Infelizmente a sua mãe ficou muito doente á alguns anos, câncer. Ela lutou bravamente, mas... faleceu no ano passado.- Confessei.

E ela chorou.

P.O.V. Allison.

É tão estranho, estou chorando de tristeza por esta mulher que nunca conheci. Cujo rosto eu nunca vi, mas ainda assim estou conectada, ligada á ela de um milhão de maneiras que nem consigo compreender e fico triste de não poder conhecê-la.  Enfim, a pressa do meu pai era tamanha que ele insistiu que eu me mudasse imediatamente, mandou um de seus empregados ir até o meu apartamento e trazer todas as minhas coisas que não são muitas. Fui com o empregado, James para poder me despedir da Cami e dar a ela meu endereço novo, foi uma despedida longa, triste, mas prometi que ela poderia me visitar sempre que quisesse, então voltamos para a Mansão Clark. E no dia seguinte já estávamos no cartório e como o senhor Clark, quer dizer meu pai é amigo de um juiz ele conseguiu fazer a mudança na certidão de nascimento no mesmo dia, os outros documentos no entanto vai levar mais tempo.

Agora, vou ter que aprender a sobreviver no meio do tipo mais perigoso de predador que existe. Mauricinhos filhinhos de papai. É, nem tudo são flores.

Meu Mauricinho InsuportávelOnde histórias criam vida. Descubra agora