P.O.V. David.
Em poucos meses o meu mundo foi virado do avesso. Sou um cara que levou um tiro no peito para defender a namorada ficou em coma e agora está com amnésia e prestes a ser pai. Posso ter conforto no fato de que lentamente as minhas memórias estão voltando em forma de sonhos, não todas. Até agora todas as memórias que voltaram foram sobre ela. Allison. Estou indo á terapia e cortei o cabelo. Cheguei em casa e a encontrei usando um vestido azul sentada no sofá assistindo televisão e fazendo carinho na barriga.
-Oi.- Cumprimentei sentando-me ao seu lado.
-Oi.- Ela respondeu e deu para ver pela cara dela que havia algo errado.
-Porque está com essa cara? É o bebê?- Questionei.
-Não. O bebê está bem. Meu relacionamento com o meu pai no entanto... se é que posso chamar de relacionamento. Acho que... ele está bravo comigo porque não estou brava com ele.- Disse Allison.
Quando perguntei o que ela queria dizer com aquilo Allison explicou que graças ao fato de ser órfã ela está acostumada a se virar sozinha, a ser abandonada, ela confessou para mim que ás vezes se sente responsável ou culpada por fazer ou dizer o que sente, como se sente. Que quando fica brava mesmo que tenha motivos e razões para estar brava ela se sente mau. E que muitas vezes Allison afasta as pessoas, porque tem medo de acabar ferida, portanto prefere magoar os outros do que ser magoada e por conta de todo esse histórico e esse comportamento ela se sente solitária.
-Eu não deixo as pessoas entrarem porque nada nunca dura. Eu nunca tive tempo de criar um vínculo afetivo com os meus pais adotivos ou com qualquer pessoa, além do mais depois de tantas decepções e rejeições eu acabei me fechando, com medo de me magoar. Acho que fui muito dura com ele, com o meu pai quero dizer, mas eu não menti. Não sobre ele nunca estar em casa e muito menos sobre eu estar acostumada a ser abandonada e ter que me virar sozinha.- Disse a minha namorada.
Ai de repente ela começou a chorar. Começou a chorar que não parava mais, então eu a abracei, a confortei.
-Está tudo bem amor, você não está mais sozinha. Estou aqui por você e o seu pai também.- Eu disse.
-Eu sei, quando você foi baleado... eu liguei para o meu pai ele veio me acudir. Por isso me sinto mal por ter dito aquilo. Ele é uma boa pessoa.- Allison falou engasgando nas lágrimas.
Ela chorou por vinte minutos sem parar até que finalmente parou.
-Quero que saiba o quão grata eu fico por ter ficado do meu lado mesmo com tudo o que está passando. Acho que nesse momento, nesta situação atual a única coisa na qual consigo pensar é que... meu bebê merece algo melhor do que o que eu tive. O que ambos tivemos. Me lembro de quando descobri que estava grávida eu fiquei apavorada, tive uma crise de choro, todos os pensamentos na minha cabeça eram... Puta que pariu estou grávida! Como vou cuidar desse bebê? Eu não sei como ter um bebê ou criar uma criança. É uma puta responsabilidade. E trocar fraldas sujas, dar mamadeira é o de menos. Temos que amá-la, estar lá por ela, sustentá-la, pagar escola, uniforme, material escolar, médicos, terapeutas, buscar e levar na escola, ter atenção com o conteúdo que a criança vai ver na internet... Socorro!- Allison colocou tudo para fora de uma vez.
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Meu Mauricinho Insuportável
RomanceAlisson Marshall é uma garota de 25 anos órfã que cresceu enfrentando diversas dificuldades enquanto isso David Grayson é o seu polar oposto. David é o filho primogênito e herdeiro de um enorme conglomerado de empresas, filho de um dos empresários m...