Um amor não correspondido.

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Jenna Ortega


Era uma reunião familiar e gostosa. Poucas pessoas, mas todas queridas, envolvidas umas com as outras por um objetivo em comum. Comemorar os 4 meses de vida de Abby, a linda filha de Noahe Chloe. Todos os meses eles faziam aquela pequena festinha e iam as mesmas pessoas. Eu despejei vinho em minha taça, um pouco mais à vontade daquela vez. Eu sempre ia ali com um misto de alegria e tristeza, sentimentos confusos que há quase um ano me acompanhavam. Desde que conheci Chloe. Meus olhos automaticamente a procuraram. Conversava com dona Margaret, sorrindo, cortando pedaços de bolo. Estava ainda mais bonita depois de ter uma filha, como se além de tudo se tornasse também radiante. As emoções represadas fizeram menção de sair, mas eu as contive. E desviei o olhar. Estava sendo duro aceitar o que soube desde o início. Chloe e Noah se amavam. Quando a vi a primeira vez, tinha sabido que era o que sempre procurei. Não precisei de muito, só fitar seus olhos. E quando a encontrei depois, isso só se confirmou. No início me travei, observei, calada e atenta como sempre, reservado em minhas emoções. No fundo, conhecendo Noah, eu sabia que a história deles não ia dar em nada. No entanto, não esperava algumas surpresas no caminho. Como meu amigo se apaixonar de verdade, se arrepender de suas burradas e se redimir. Quando me aproximei de Chloe, fui movida por minha preocupação com ela, paciente, esperando a vez de conquistá-la, de tratá-la como merecia. E paciência foi a palavra certa para definir tudo. Por vários fatores, desde estar grávida até o amor que ainda tinha por Noah e que ela tentava disfarçar com ódio. Não me precipitei. Observei tudo, todos os lados, pesei os prós e os contras, fiz o que achei que era certo. Embora tenha me custado muito. Pensei em todos os envolvidos, mas em mim mesma em último lugar. Costumava ser assim, analítica, controlada, dona da situação. Antes mesmo de Chloe e Noah voltarem a ficarjuntos, eu sabia que aquilo ia acontecer. Não pelo bebê que iam ter, mas pelo amor dos dois e pelo arrependimento verdadeiro dele, que foi inesperado. E me pegou desprevenida.Em minha mente, Chloe sofreria, Noah seguiria sua vida de devassidão e eu estaria lá, trazendo-a para mim, fazendo-a me amar, até me mostrar aos poucos e torná-la minha, completa e irremediavelmente. Confiava em mim mesmo para fazê-la aceitar meu lado mais escuro e sombrio, meus prazeres perversos. E então eu teria o que sempre quis. A mulher e a submissa perfeita.No entanto, tudo fugiu ao meu controle. E mesmo quando ela se jogou em meus braços, pronta para me beijar e se entregar, eu soube que seria em vão. Era uma ação baseada em desespero e eu não queria ser suporte para ninguém. Seus olhos me falavam de seu amor por Noah e não por mim. E foi ali que vi que eu havia perdido.Foi um misto de aceitação e revolta. Minha amizade antiga com Noah me travou o tempo todo. Eu podia ter ido para cima dela com tudo, entrado de verdade na briga, tinha meus próprios truques. E o teria feito, se ele fosse um estranho. Se eu não tivesse visto seu desespero e arrependimento e o quanto a amava de verdade, pela primeira vez na vida. Foi isso que me deixou de mãos atadas. E eu apenas aguardei. Até o desfecho final. Até aquele telefonema, quando ouvi a notícia fatídica. Que eles haviam retornado. Lembro que pus o fone no gancho, muito quieta, apenas constatando um fato que eu mesma já havia percebido. Que Chloe não seria minha. No início, veio primeiro a dor. Apesar de tudo, eu tinha tido uma esperança. Eu a assumiria com filho e tudo. Naqueles meses em que saímos, jantamos juntos e eu a acompanhei ao médico, eu me apaixonei mais. Por sua doçura e sua força, por seu olhar e seu sorriso. Muitas vezes imaginei-a como minha, o que seria beijála, tudo o que queria fazer com ela. Chloe tinha algumas características que despertavam o que havia de melhor em mim. Sabia que daria uma submissa perfeita e, quando sua força interior viesse à tona, seria uma delícia dobrá-la.Eu já me via prendendo-a, ensinando-a a se ajoelhar e a se oferecer em castigo. Tinha sonhos eróticos com ela. A gravidez naquele ponto foi boa, também ajudou a manter o controle. Um controle que mantive por um fio. Pois quando estava ao meu lado era difícil conter meus instintos de fêmea dominante e exigir que fosse minha. Noah nem podia imaginar o quanto tive que lutar para deixar apenas o meu lado mais civilizado vir à tona.Mas depois da dor e da raiva, de ter pensado que vacilei quando não investi com tudo, veio a aceitação. Algumas coisas realmente não tinham que ser. E talvez eu soubesse disso o tempo todo, por isso fui tão contida. Chloe e Noah se amavam, iam ter uma filha e mereciam uma nova chance.E agora ali, depois de ter entrado com ela na igreja no dia do seu casamento, ter ido visitá-la quando Abby nasceu e nas festinhas naqueles quatro meses, eu acabei me conformando.Por que me forcei a isso. Poderia ter me afastado, mas não era de fugir de nada. E enfrentei, sabendo que em algum momento o desejo seria arrancado de dentro de mim e só sobraria a amizade e o carinho.Nesse meio tempo, eu e Noah retomamos aos poucos nossa amizade. Agora eu, ele e James nos encontrávamos mais vezes, como antes. Mesmo eu sendo a única solteira entre eles. O que também não deixava de ser irônico. Noah sempre foi avesso ao casamento. E James, maníaco por controle, deixava claro que só se casaria quando fosse necessário, uma escolha fria e baseada em outros interesses. E eu, a única assumidamente romântica e interessada em compromisso, me mantinha solteira.Sorri para mim mesma e parei perto da janela. 25 anos. Rica, com boa aparência e fiel. No entanto, apaixonada pela mulher do meu amigo. Não via diante de mim nenhuma possibilidade real de relacionamento sério por enquanto. A solução seria seguir em frente e esperar que em algum momento encontrasse uma mulher que mexeria comigo tanto quanto Chloe.Nisso olhei para James sentado no sofá ao lado de Amy. Ele estava quieto, mais do que o normal. Dava para sentir que não havia entre eles nem a terça parte do amor e do companheirismo que se percebia entre Chloe e Noah. Eu sabia que seu casamento tinha sido mais um acordo de negócios do que qualquer outra coisa. Duas fortunas unidas e agora ele era o mais rico e poderoso entre nós, suas empresas não apenas ganhando os Estados Unidos, mas o mundo. Mas olhando-o ali, tive a nítida impressão que estava infeliz. E pensei comigo mesma que era melhor estar sozinha do que amarrada a alguém por conveniência.Acho que Noah também percebeu o jeito dele. Na última vez que saímos para beber algo tinha contado que Amy não estava conseguindo engravidar. Mas eu achava que não era só isso que o perturbava. E como se o quisesse distrair de tudo e tirar seu ar circunspecto, Noah pôs Abby no colo dele. Tive que sorrir quando James pareceu um bobo derretido quando a menina deu uma risadinha para ele. Não me contive e falei:

Submissão - JEMMAOnde histórias criam vida. Descubra agora