Destino ou coincidência?

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Emma


O apartamento que aluguei ficava em Long Beach. O que mais me chamou a atenção dele era ofato de ficar perto da praia. E eu adorava o mar. Assim, estava satisfeita, mesmo sendopequeno, de um quarto apenas. Era mobiliado e eu quase não parava em casa mesmo. Outracoisa que me fez fechar com aquele apartamento em questão foi o fato de ter um closet noquarto e felizmente couberam minhas roupas, sapatos, bolsas, joias e maquiagens, os víciosque eu tinha e para onde ia parte do meu dinheiro.Naquela manhã fiquei em dúvida sobre o que usar. Era meu primeiro dia de trabalho e queriacausar boa impressão, mas sem parecer engomadinha demais. Assim, acabei optando por umjeans bem cortado e que modelava o corpo, com uma camiseta cinza, um paletó branco lindocom botões grandes e sapatos pretos de salto alto, como eu adorava.Penteei os cabelos de lado, pus meus pequenos brincos de ouro branco, um colar Tiffany & Coe arrematei com uma maquiagem que valorizava meusolhos e cílios e dava apenas um brilho rosado nos lábios. Peguei minha bolsa preta de couromacio, tanto ela como os sapatos da marca Jimmy Choo, que eu tinha comprado em Madridpor uma pequena fortuna.Não tinha medo de gastar em coisas de marca e de qualidade. Eu me matava de tantotrabalhar para usufruir e gastar comigo mesma, já que nem família eu tinha. Enquanto saía doapartamento e descia para pegar meu carro, aquele pensamento me fez recordar o passado,quando vivi na Califórnia até os quatorze anos. E indaguei a mim mesma de minha mãe, de quem eunão tinha notícia há dezesseis anos e não sabia se ainda estaria viva.Entrei no carro, não querendo pensar naquilo. Passei boa parte daquele tempo dando graças aDeus por me livrar dela e nunca quis saber o seu destino. Mas agora, depois de todo aqueletempo, voltar a Califórnia pareceu tornar tudo mais vivo, mais presente. E minha mãe devia estarmorta. Na época da minha adolescência já era viciada em drogas e alcóolatra. Seu organismonão teria durado muito nesse ritmo.Dirigi pela cidade com o cenho fechado, séria, não querendo me importar. Sempre guardeimágoa dela, principalmente depois do último episódio, que me marcou pelo resto da vida.Jurei nunca mais olhar para ela e cumpri minha promessa. Por isso ficava irritada quandopensava sem querer nos anos que passamos juntas.Não tinham sido de todo ruins. Em alguns momentos até nos divertimos muito. Mas emoutros, fui alvo de sua crueldade e seu descontrole perante o vício. Até sair realmente ferida ecom tanto ódio que a enterrei no meu coração.Sacudi a cabeça, afastando a imagem da mulher bonita da cabeça. Tentei me concentrar notrânsito e pensar no meu novo trabalho como uma das diretoras da operadora e conjunto deagências Visage. O salário era muito bom e eu faria basicamente o que já estava acostumadaa fazer em Portugal, tomar conta das viagens europeias. Ali o diferencial era que ficariaencarregada das viagens dos Estados Unidos para a Europa. Seria moleza para mim.Também não estava conseguindo me concentrar no trabalho e então pensei nela. Jenna. Estavacom raiva, pois desde sexta-feira ela se imiscuía em meus pensamentos sem avisar, quando eumenos esperava. O que me enchia de irritação e desejo. Quanto mais analisava o assunto, masme dava conta como Jenna era diferente das outras mulheres que cruzei no caminho. E nãotinham sido poucas.Primeiro, ela mal reparou em mim. Eu sabia que era uma mulher chamativa e sensual, quechamava a atenção dos homens e mulheres onde quer que eu chegasse. Fiquei lá naquele salão, a poucadistância dela e nem me enxergou. Nem mesmo quando passou diante da minha mesa. Só ofez quando não havia saída e teve que olhar para quem a tinha comprado.Depois, era uma dominadora. Ou ao menos acreditava ser, o que eu ainda duvidava. O pior é quetinha feito tudo à sua maneira e me deixou de mãos atadas, como se eu fosse uma criançabirrenta. Ah, que ódio! Seu olhar e seu sorriso pareciam rir de mim, como se fosseinfinitamente mais segura e experiente. E nem tive chance de convencê-la e mostrar do queera capaz. Simplesmente me deixou lá e foi embora sem olhar para trás.E como se não fosse o bastante, nem pude pagar os vinte mil que devia. A safada já tinha feitoisso em meu lugar. Mas aquele assunto não ficaria barato. Eu ia caçá-la no clube ou em outrolugar e todas as nossas diferenças seriam resolvidas.Naquela segunda-feira mesmo Lily e Oliver entrariam no Clube Catana com um pedidopara que eu me tornasse sócia. E então eu queria ver Jenna fugir de mim.Lembrei da cena que fiz lá com a bela submissa morena clara e quase sem pelos, de vinte epoucos anos, na sexta-feira. Depois que Jenna saiu eu a escolhi e conversamos um pouco.Como eu era nova no clube, gostava de antes me apresentar e levar um papo com minhas subs,para ter noção do que era consensual e combinarmos a palavra segura. Isso feito, tive umanoção do que ela queria. Servidão e humilhação mais do que sexo. E eu dei mais do que pediu.Eu a fiz ficar de joelhos e pus uma coleira nela. Teve que me acompanhar de quatro enquantoeu seguia pelo salão e me apresentava às Rainhas, Mestres, Dom e Dominatrixs do lugar. Cadaum deles humilhou a serva a sua maneira, fosse por tapas ou xingamentos. Por fim, termineichamando-a de cachorrinha e a coloquei em uma gaiola de grades de ferro com rodinhas,levando-a de um canto a outro. Implorou para tocar em mim, me lamber, mas não permiti.Estranhamente não sentia desejo de fazer aquilo.Pisei nela com minhas botas de salto alto. E a chicoteei com meu pequeno flogger com 9fitas de couro enquanto se deitava no chão e eu, sentada no sofá, a deixava chupar o salto daminha bota. O tempo todo a humilhei verbalmente e quanto mais eu batia e xingava, mais elase retorcia excitada. Depois a deitei atravessada em meu colo, baixei sua calcinha e bati em suabunda com o flogger, deixando marcas.Então ela suplicou para gozar. Mas não a deixei tocar em mim. Masturbou-se no chão, dejoelhos, enquanto eu e uma pequena plateia observávamos. Ao acabar, beijou meus pésagradecida.O pior foi que, o tempo todo, pensei em Jenna. No beijo que tinha me dado, tão delicioso queme deixou de pernas bambas. No contato de sua língua na minha, sedutora, invasiva. No seuperfume ... eu não conseguia esquecer como era cheirosa, algo de essência de Chypre, comomadeira e flores, uma mistura quente e fria, uma essência pura da terra, diferente, femininae que tinha me bombardeado de sensações inebriantes. E o corpo gostoso dela, contra o meu ... Tinha sido tudo sensual e luxurioso demais para esquecercom facilidade.Imaginar aquilo tudo de uma mulher sendo minha, para que eu a dobrasse e me fartasse, dava água naboca. A moreninha submissa ficou sem graça demais depois de Jenna. Por isso não me animei.Nem ao menos me despi ou excitei. Eu ficava excitada sim de pensar que poderia torná-la minhasubmissa. Sua recusa só o apimentara mais diante dos meus olhos, como um desafio.Seria uma semana longa até sexta-feira, quando eu iria ao clube torcendo para encontrá-la. Eaté lá teria que pensar em alguma coisa que pudesse fazer para convencer Jenna a me dar umachance de jogar com ela.A sede da Operadora e Agência de viagens Visage ficava em Los Angeles e não demorou muito achegar lá. Era um prédio charmoso em uma rua movimentada, de quatro andares, todospertencentes ao conglomerado que pertencia à agência e que crescia cada vez mais pelomundo. Havia estacionamento para funcionários e me identifiquei na portaria. Consegui umavaga para meu carro sob a sombra de uma árvore grande e curva, animada por que aindafaltava trinta minutos para as oito horas. Poderia entrar com calma.Bati a porta do carro e liguei o segredo, seguindo pela calçada de pedras retangulares até afrente do prédio branco com colunas romanas. Havia plantas em volta, jardins gramados e asensação era de que entrava em um prédio domiciliar e não comercial. Enormes portas devidro se abriam automaticamente até uma recepção grande com luzes levemente douradas,chão de mármore e decoração em tons suaves, quebrada pelos quadros de vários pontosturísticos do mundo enfeitando o ambiente. Gostei de imediato de tudo.Apresentei-me na recepção, mostrei a identidade e ganhei um crachá temporário. A bela moçame indicou o quarto andar, onde ficava a sala do presidente da Visage, Edward Ortega.Entrei no elevador com mais duas pessoas e subi, à vontade naquele ambiente. Era bem maiordo que a agência que trabalhei em Portugal.No quarto andar havia outra recepção, só que menor. Madeira envernizada predominava emtudo e havia um cheiro bom de couro. Uma das recepcionistas me indicou o corredor àesquerda e passei por algumas portas fechadas. Segui até a última, onde dava em uma sala deextremo bom gosto com estofados de couro, carpete felpudo e uma secretária de meia-idadeatrás de uma grande mesa de madeira de lei.

Submissão - JEMMAOnde histórias criam vida. Descubra agora