Suíte Bacchus

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Emma

Eu olhava para Jenna adormecida, uma parte de seu rosto na sombra, a outra na luz. Dei-me conta que aquilo, aquele contraste era perfeito para o meu anjo. E aproveitei para poder observá-la sem pressa, detidamente. Passei o olhar nos cabelos despenteados e castanhos. Assim como sua pele bronzeada. O formato do rosto era anguloso, com um leve furinho no queixo e nariz pequeno, mandíbulas bem-marcadas, mas nada se comparava com a beleza de seus lábios carnudos e bem-feitos e seus olhos castanhos tão cheios de vida e sentimentos. Era perfeita, linda, não apenas em aparência, mas em essência. Uma mulher rara. Meu coração batia forte só de olhar para ela. Não queria pensar demais, só curtir, mas a cada dia eu pensava mais em Jenna, acordava e ela já estava lá, na minha mente. Sentia saudade quando não a via. Queria estar mais e mais perto dela. E isso era uma loucura, algo que eu não queria para minha vida. Dizia a mim mesma que era só uma fase. Jenna era gostosa demais, ótima companhia, uma lady. Como não gostar e se envolver? Eu não era de ferro. No entanto, me policiava o tempo todo para que aquilo não passasse do ponto. E quando sentia que estava ligada demais, me afastava e recuperava o controle. Como tinha feito quando jantamos juntas. Tive vontade de acariciar seu cabelo e beijar suas pálpebras fechadas, mas me contive a tempo. Nunca fui melosa daquele jeito. Gostava de mulheres, desde que eu estivesse sempre no controle. Saber que Jenna me balançava naquilo, era irritante e assustador. E tudo que eu podia fazer era me conter e esperar aquele tesão todo abrandar para pular fora. Olhei-a até ser vencida pelo cansaço e dormir também. Acordamos de manhã cedo e a primeira coisa que vi foi o seu sorriso. Estava sentada, rosto lavado e cabelo penteado. Enquanto eu me sentia amassada, esfregando os olhos para afastar qualquer vestígio de remela. Sentei-me, passando as mãos pelo cabelo, bocejando sem controle.

- É a primeira vez que dormimos juntas. – Ela disse baixo, com a voz em um timbre rouco.

Fitei-a na hora e sorri, comentando:

- E mesmo assim não foi em uma cama.

- Mas vai ser. Teremos mais duas noites para isso. – Piscou para mim.

- Só quero ver se não vai arrumar algum outro lugar exótico. Já teve banheiro, beco, armário de cozinha e avião. O que falta mais? – Provoquei.

- Elevador, carro, praia ... – Citou, divertida. – E mais uma infinidade de lugares.

- Voto pela cama.

- Ah, é? – Baixou a voz até um sussurro. – Com um sexo baunilha bem básico?

- Com você, querida, nada é básico. Essa é a verdade.

Jenna sorriu ainda mais e a aeromoça se aproximou para servir o café da manhã, nos interrompendo. Chegamos no aeroporto às sete e vinte e nove da manhã. Fizemos tudo que havia para fazer, pegamos nossas malas e entramos em um táxi. Sorri satisfeita e olhei em volta, sentindo o ar frio e tão diferente da Califórnia. Jenna me olhou e falei:

- Sinto-me em casa aqui.

- Foram dois anos, não é?

- Sim, dois anos maravilhosos. O Porto é uma cidade hospitaleira como Los Angeles, com pessoas muito simpáticas, comidas divinas, vinhos maravilhosos, cheia de história e lugares belíssimos. Acho que quem vem aqui, sempre volta. – Sorri para ela, realmente satisfeita por estar novamente naquela terra que tinha me acolhido tão bem.

- Acredita que é a primeira vez que venho aqui? Já fui em Lisboa e conheço bem a Europa. Mas aqui em Porto meu pai é quem sempre vinha quando começamos nossos negócios para cá.

- Vai adorar, Jenna. Depois que resolvermos tudo, vou te levar para conhecer um pouco a cidade. Vai ver como aqui é rico em turismo, perfeito para o que queremos. Em cada esquina ouvimos uma língua diferente, os portugueses daqui são praticamente poliglotas.

Submissão - JEMMAOnde histórias criam vida. Descubra agora