Amor eterno.

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Emma


Alguém podia viver no paraíso? Sim, pois eu estava lá. E acho que nunca mais ia sair.

Foram semanas de júbilo e felicidade ao lado de Jenna. Como se fosse possível, ficamos ainda mais unidas e apaixonadas. As coisas foram se ajeitando, os problemas se resolvendo e os medos passando. Eu confiava nela como nunca confiei em mais ninguém. De todos os modos.

Sexualmente, continuamos com nossos jogos de dominação e de submissão e aproveitando muito as delícias de só fazer amor também. Se bem que éramos tão intensas e apaixonadas que nunca era uma coisa muito básica. E aos poucos passei a deixar que me amarrasse, sem ter mais crises de pânico.

Fomos ao Catana e, acostumadas a jogar tendo um público, o fizemos lá. Foi um experiência única ser pendurada nas cordas por ela, em várias posições. Foi extremamente erótico e deixamos todos doidos com nosso tesão, com uma sessão que deu o que falar. Não houve exatamente penetração, mas nos beijamos e acariciamos, a ponto de deixar todos em expectativa. No entanto, preferimos completar a transa sozinhas. Acho que era uma coisa muito nossa, não apenas corpo, mas sentimento. E aquilo era bem privado.

No trabalho, tudo corria maravilhosamente bem. Fechamos vários contratos importantes e, quando tinha viagens para fazer, íamos juntas para não nos separar e para aproveitar ao máximo.

A relação de Jenna com o pai voltou ao normal e jantamos na casa dele, embora ficasse um clima estranho com Grace perto. Ela fez de tudo para nos agradar, um tanto envergonhada com Jenna, mas achando que eu era a sua melhor amiga. Foi impressionante ver a relação dela com Edward, o modo dele bem mais duro e autoritário, o que a fazia baixar os olhos corada e obediente. Pelo visto aqueles dois vinham se divertindo muito por ali. O que era bom pra todo mundo.

Conheci melhor Chloe também, quando eu e Jenna saímos para jantar fora com ela e Noah e com James e Amy. Percebi que era uma mulher muito legal e que não havia motivos para ciúmes, mas eu era possessiva demais e ciumenta mesmo, por isso demorou um pouquinho e mais alguns encontros até que eu derrubasse todas as minhas defesas. Mas ao final, ela me conquistou. E quando vi, já éramos amigas, inclusive de sairmos juntas para comprar roupas ou só bater papo. Estava aprendendo com a vida a me dar oportunidades, a deixar aquela arrogância que muitas vezes me protegeu de lado. E isso só me trouxe coisas boas. A cada dia me convencia que Jenna era um anjo de verdade que foi posto em meu caminho para me tornar uma pessoa melhor e me curar das minhas dores.

Não consegui desenvolver a mesma amizade com Amy. Embora tivesse tentado. Embora fosse sempre educada e inteligente, sorrisse e conversasse, havia algo nela que me incomodava. Comentei com Jenna e ela disse que era impressão minha, que era uma boa moça, mas então percebi o que ela tinha de estranho. Seus olhos. Não havia calor e vida neles. Podia sorrir ou ficar séria, ouvir uma piada ou uma tragédia, eles continuavam imutáveis. Sua expressão mudava, seus olhos não. Mesmo grávida, não exibia aquele calor e aquela alegria no olhar tão comum às mulheres em seu estado.

Podia ser mesmo coisa da minha cabeça, mas gostava de reparar no olhar das pessoas. Tinha feito o mesmo com Jenna e visto o anjo que habitava nela. Como via agora uma mulher sem sentimentos. Assim, me relacionei com ela apenas superficialmente. E no fundo senti pena de James. Pois enquanto Chloe e Noah se amavam loucamente, e eu e Jenna a mesma coisa, o relacionamento dele com Amy era frio, como se fossem dois estranhos. Indaguei a mim mesma por que continuavam na farsa e ainda traziam uma criança ao mundo. Mas não era da minha conta.

Enterrei meu passado. Acho que tudo que vivíamos forjava quem somos, mas sempre podíamos fazer escolhas e mudar. As pessoas geralmente escolhiam os meios mais fáceis de alcançar as coisas, se acomodavam ou queriam o que o outro havia conquistado. Algumas só se escondiam atrás de falsas aparências. Mas entendi que nada disso trazia felicidade. Ela só era encontrada quando nos permitíamos ser nós mesmos, passar pelos obstáculos e tirar o melhor deles como aprendizado, mas não estagnarmos pelo sofrimento. Eu os tinha vencido e agora era livre. Eu me permiti ver a mim mesma e me redimi, me aceitei, me dei. Tudo por Jenna. Por meu anjo.

Submissão - JEMMAOnde histórias criam vida. Descubra agora