Anya Müller, uma bailarina que está aos poucos se perdendo. Tom Kaulitz, um guitarrista mulherengo que não acredita na existência do amor, como ele diz, só consegue "amar uma mulher por uma noite".
Quando o assunto é a Anya, talvez não seja só por...
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14 de Outubro, 2007 Hamburgo, Alemanha
Anya odiava se olhar no espelho. A sensação de nojo que crescia dentro dela a deixava sem fôlego. Não odiava a sua aparência; apenas odiava no que se tinha tornado. Cada vez mais a sua pele perdia a sua cor natural, quase como se a garota se estivesse desfazendo no nada.
Odiava se sentir como se já não tivesse plena certeza de quem era. Tentava ignorar ao máximo essa sensação, mas também era humana, também tinha o direito de se sentir um lixo.
A toma de analgésicos era a única coisa que a ajudava; mesmo estes possuindo efeitos colaterais perturbadores. Müller não se lembrava já de dormir uma noite por completo, sempre ficava com o coração a mil a noite inteira, o que complicava o seu ciclo de sono.
O seu fígado também já devia estar se arruinando aos poucos, afinal, nenhum órgão suporta toma quase diária de medicamentos. Era quase como uma troca; sem dores no corpo, mas passando mal maior parte do tempo.
Antes sentir dor que não sentir nada.
Já estava pronta para ir para a academia; só faltava a vontade de ir mesmo. Se despediu dos seus pais com um sorriso como se tivesse tendo o melhor dia da sua vida — se não fosse bailarina, seria atriz com certeza.
Mais uma vez o ar frio batendo na sua cara servia de alívio, era quase como se saísse do seu próprio corpo por uns segundos. Foi caminhando lentamente até à academia, uma música qualquer arrebentando seus ouvidos; como ela gostava.
Quanto mais tempo passava, mais o seu coração batia rápido e as suas mãos transpiravam, fazendo a garota as limpar várias vezes nas suas calças. A sua respiração também estava ofegante e curta, não conseguindo encher os seus pulmões de ar o suficiente a cada respiração. Por vezes tinha este tipo de crises após tomar a medicação; não entendia totalmente o porquê.
Pousou rapidamente a mochila no chão, tirando uma garrafa de água de dentro e bebendo com pressa uns goles. Voltou a guardar a garrafa na sua mochila, continuando o seu caminho. Mas não conseguiu andar muito mais, se sentando apressadamente numas escadas ao longo da calçada, assim que sentiu que ia desmaiar.
Merda. Pensou.
Não queria desmaiar ali no meio do nada, isso seria demasiado vergonhoso. As suas mãos estavam cerradas em punhos, e tinha quase a certeza de que as suas unhas ficariam marcadas em suas palmas. Tentava pensar em algo que não fosse a sua situação de momento, e a sua mente a levou para uma certa pessoa:
Tom Kaulitz
Já se haviam passado uns dias desde que o viu pela última vez. A visão do seu rosto já não era totalmente nítida para a garota, o que mais se lembrava acerca da sua face era do sorriso. O garoto tinha algo que a deixava com vontade de saber mais sobre ele. Sem falar que estava enigmada com o facto de ele ter ficado com ela enquanto dormiu. Podia ter várias razões para ele ter feito tal, mas nenhuma delas lhe parecia algo ruim. Esse pensamento trouxe um sorriso para os seus lábios.
